25. QUEM MENTE, SENTE

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Mordo o canudo de chocolate do meu copo de café em um sinal de nervosismo enquanto observo Becky se entreter com algo no seu celular, que a faz arregalar os olhos

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Mordo o canudo de chocolate do meu copo de café em um sinal de nervosismo enquanto observo Becky se entreter com algo no seu celular, que a faz arregalar os olhos.

"Ter descoberto que vossa alteza era o Sam devia me dar a vantagem de saber o lado dele dessa história toda", Rebecca fala, pondo o celular na mesa e dando um bom gole no seu chá gelado. "Viu as fotos que acabaram de sair na The Royals? Parece que a lady Taylor não estava saindo só com ele, mas com o lorde Ventura também".

A minha reação é um mero arquear de uma das sobrancelhas. Para a minha surpresa, isso não me soou tão absurdo assim quando Leonard vivia falando sobre traição e se irritou na única vez em que citei lorde Ventura.

"Deve ser por isso que ele negou que estivessem em um relacionamento, não é?", Becky especula.

"Não sei. E também não quero continuar falando sobre isso", deixo claro.

Diferente de Shane, não contei para Rebecca sobre os meus sentimentos e me limitei apenas a falar o que não podia mais negar, sobre Sam ser o príncipe (o que a fez ficar brava comigo por ter mentido por, mais ou menos, UMA hora). Ao que parece, o idiota foi à Blue Moon sem disfarce para tentar falar comigo e todo mundo o viu perguntar sobre mim. Não bastou apenas ter me usado e me iludido, ele também quase me pôs em encrenca.

"Pensei que vocês fossem amigos", Rebecca me olha sem entender o meu mau humor.

"Amigos? Quando somos de mundos diferentes?", debocho. "Como eu poderia ser amiga de um príncipe?".

Ou algo mais que isso?

Rebecca apenas dá de ombros.

"Foi o que pareceu quando o acobertou para sair do palácio. Não fique brava por eu achar o óbvio".

Sem querer continuar conversando sobre Leonard por não confiar nem um pouco de que conseguirei ficar quieta e não falar nada que me comprometa mais, limito-me a tomar minha bebida em silêncio por um instante, até que a porta da cafeteria em que estamos se abre e Shane entra. Para que ele nos veja, Becky acena com uma mão.

"Um acidente aconteceu na avenida central e o trânsito está um caos", ele vai logo tentando justificar o seu atraso. "Mas também demorei porque passei no orfanato primeiro. Você lembra do Jacke Cavanour?", ele se volta para mim, os lábios em uma linha tensa.

Fico pensativa por um instante, tentando ligar o nome ao rosto.

"Aquele rapaz que saiu no ano passado por ter ficado maior de idade?", questiono.

Shane assente.

"Ele foi morto. Encontraram o corpo hoje de manhã".

Tanto Rebecca quanto eu não conseguimos evitar nossas expressões de surpresa.

"Tráfico de novo?", questiono.

A resposta é óbvia, então, dessa vez, não fico abalada quando Shane assente. Apesar de o limite sul não ser o inferno que os jornais pintam, lá também não é um paraíso. Na verdade, é um dos centros de tráfico de drogas do país e o lugar onde o St. Louis deu azar de existir. Sem esperança quando saem de lá, esse é o caminho que muitos jovens acabam escolhendo. Jacke, definitivamente, não é uma exceção.

SOBRE UM PRÍNCIPE E AMORES ARTIFICIAIS [COMPLETO] Where stories live. Discover now