37. JULGAMENTO

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O silêncio recai depois que mamãe me manda arrumar uma bolsa com os meus objetos mais essenciais para que voltemos ao nosso apartamento e se prolonga pelo caminho do palácio até o subúrbio de Dominique, onde fica o nosso prédio

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O silêncio recai depois que mamãe me manda arrumar uma bolsa com os meus objetos mais essenciais para que voltemos ao nosso apartamento e se prolonga pelo caminho do palácio até o subúrbio de Dominique, onde fica o nosso prédio.

Nós sempre tivemos o apartamento à disposição, mas com a vida cotidiana exigindo dos meus pais um tempo integral de trabalho quase não viemos aqui desde que o adquirimos. Em outras palavras, há poeira por todo lado e um cheiro ruim de ambiente que passou muito tempo fechado.

"Vamos arrumar tudo", é a primeira coisa que mamãe diz em quase duas horas. Nem ela e nem papai comentaram sobre a acusação que recaiu sobre mim e fico dividida sobre achar que isso é bom ou não, considerando que eles também não fazem menção de que pretendem comentar um dia.

Será que eles acreditam na minha inocência mesmo ou só se demitiram por medo de coisa pior?

Tento acalmar a minha mente pessimista me concentrando na tarefa de limpar o apartamento. Enquanto papai abre todas as janelas e se apressa em distrair Seth para que ele não se incomode com o barulho da arrumação, mamãe usa o aspirador para o limpar o chão e eu o espanador para tirar a poeira dos móveis.

Menos de uma hora depois, o ambiente já não parece tão ruim. Não há mais poeira voando ao nosso redor e o cheiro foi substituído por fragrâncias. Entretanto, o silêncio dos meus pais permanece.

Como um cão arrependido, vou para o quarto que divido com Seth. Ele é maior que o meu quarto no palácio, mas acaba se tornando pequeno por ter de dividi-lo. Há um beliche encostado em uma parede, um guarda-roupas na outra e, entre esses móveis, uma escrivaninha vazia.

Com o choro preso na garganta desde que a lady Baumann me acusou de ladra pela primeira vez, subo para a cama de cima do beliche e mal me encosto no colchão antes que comece a chorar feito bebê.

O que vai acontecer agora?

Á essa altura, Leonard já deve estar ciente de tudo e me pergunto se ele acreditará em mim ou não. No entanto, mesmo temerosa sobre isso, não é o maior problema que me perturba. Fico preocupada com os meus pais e em como eles farão tendo de recomeçar por minha causa. Eles podem ter bastante experiência, mas já passaram da idade para muitos e sabem bem disso. Talvez seja essa a razão de não estarem nem falando comigo.

A porta do quarto é aberta de repente e eu respiro fundo, secando rapidamente as lágrimas do rosto, quando vejo Seth entrar.

"Oi, Seth".

"Oi, Sofya", apesar de me responder, ele nem sequer me olha ao fazê-lo. O meu irmão apenas caminha até a escrivaninha, puxa a cadeira dela, senta-se, coloca a mochila que carrega sobre a mesa, abre o zíper, pega um caderno e lápis de cor de dentro e viaja para o seu próprio mundo enquanto desenha.

"O que está desenhando?", questiono, mas sou solenemente ignorada.

E então, noto papai na soleira da porta com Batman nos braços.

SOBRE UM PRÍNCIPE E AMORES ARTIFICIAIS [COMPLETO] Where stories live. Discover now