O dia começava a surgir no horizonte e tingia gradualmente o céu com pinceladas de rosa e lilás quando sentei-me no primeiro degrau da escada em frente à casa de Hades. O vento gélido açoitava meus braços, me escolhi no degrau, abraçando o jarrinho de porcelana com uma pequena porção de terra. Não tinha conseguido pregar os olhos um instante sequer durante a noite, ansiosa por notícias do Olimpo que Pollux traria.
Quando os primeiros raios do dia surgiram, inspirei o ar da manhã e iniciei a oração silenciosa.
Hemera. Não sei se você foi uma deusa do sol ou uma divindade da luz. Conheci sua história e acho que estou passando pelo mesmo que você passou. Se estiver me ouvindo... Me ajude...
— Perséfone — Uma voz gutural e densa soou, me despertando. Hades pairava sonolento a minha frente com a expressão contorcida pelo foco de luz que lhe atingia forte no rosto. — O que faz aqui fora?
Hades estava com uma roupa larga e mais leve que o habitual, mas do tom escuro de sempre.
— Estava pensando se ela me ouviria... — Apontei para o alto. — Hemera.
Hades usou a mão para esconder-se do sol e se agachou para se sentar ao meu lado no degrau.
— Perséfone, isso foi há séculos. — Ele disse, rouco e lento ainda pelo sono.
Ele tinha razão, se Hemera um dia foi a personificação do sol em nosso mundo, isso tinha sido há muitas eras passadas. Essa tarefa agora pertencia a Apolo.
— Eu sei, mas pensei... não custa tentar, não é? Se viemos todos do mesmo lugar, ele e ela podem ser parentes distantes. Podem enviar meu recado. Ou ela pode me ouvir... — Devaneei, dando de ombros.
Hades abriu um sorriso de orelha a orelha que fez seus olhos diminuírem ainda mais, me perdi nele por alguns segundos.
— Sei que estou falando bobagens, não precisa pensar que enlouqueci. — Resmunguei, vendo que ele se divertia.
— Isso não passou nem perto do que pensei, Perséfone — Ele disse, olhando para mim, ainda sorrindo largamente. — Mas se quer saber, era em como você fica falante e linda pela manhã que eu estava pensando.
Em segundos nossos olhos se conectaram e senti uma força vibrando em mim. Eu voltei rapidamente ao assunto, para disfarçar o que vi passar pelos olhos de Hades.
— Gostaria de saber mais sobre ela. — Falei para mim mesma.— Talvez se eu entendesse como ela conseguiu ter seu poder de volta, eu possa fazer o mesmo.
— Quem lhe ensinou a usar seus poderes? — Ele se virou para mim, me instigando a falar.
— Ninguém. — Repondi, refletindo sobre o assunto. — Simplesmente vieram e eu sabia o que fazer.
— Exatamente — Ele respondeu, dando um pequeno sorriso. — Vai acontecer de novo.
— Vão simplesmente voltar? — Franzi a sobrancelha, confusa.
— Não se apegue tanto aos detalhes — Falou. — Apenas respire um pouco melhor e as coisas irão fluir.
— Você acha?
— Tenho certeza que sim.
Suspirei.
— É parte de mim. — Falei, preocupada, mordendo os lábios. — Eu não aguentaria viver sem meus poderes.
O céu agora já estava totalmente claro. Os raios de luz atingiam toda a frente da casa, nos banhando com uma visão da manhã gloriosa daquele dia.
— Quando vi você na campina, sem seus poderes... Foi impossível para mim não notar as semelhanças. — Hades disse, sua voz gutural agora mais desperta. — Me fez tomar a decisão de que eu poderia fazer algo a respeito.
DU LIEST GERADE
Hades e Perséfone - a Luz e o Escuro
RomantikPerséfone representava a luz na vida de Hades, uma luz que ele foi proibido de se aproximar. Quando ele a ouviu pedindo por ajuda, não suportou e a roubou para si. Tinha que protegê-la. Provar para ela que ele não era como ela imaginava. Queria luta...