A Flor Cativa

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Senti as costas das mãos de Hades roçando pelo meu rosto suavemente e no mesmo instante seu cheiro entrou pelos meus pulmões, sabia que era ele antes mesmo de abrir os olhos, simplesmente sentia sua presença forte e poderosa e sabia que ele estava de volta.

Me espreguicei nos lençóis da cama e finalmente abri os olhos.

— Você voltou. — Eu sussurrei, sorrindo.

— Voltei. — Ele sorriu de volta. Estava deitado ao meu lado da cama, acariciando minhas bochechas. Tinha no rosto o mesmo olhar que fez com que eu me apaixonasse por ele. — Prometi que voltaria.

— Pode ficar mais dessa vez? — Mordi os lábios, esperançosa.

— O tempo que você quiser. — Sua voz fazia carinho na minha mente e eu me deixei levar pelos seus braços para descansar o rosto em seu peito.

Sua mão subiu para encontrar a minha e ele entrelaçou nossos dedos, eu o observei leva-las até sua boca e depositar um beijo delicado em nossas mãos unidas.

— Estamos ligados para sempre, Perséfone. — Sussurrou, roçando o nariz pelas costas da minha mão.

— Não me deixe. — Pedi baixinho.

— Nunca.

Seu rosto de aproximou do meu e eu me inclinei e fechei os olhos, ansiosa para receber seu beijo em meus lábios.

— Perséfone.

A qualquer momento. Sentiria seus lábios em mim a qualquer momento.

— Perséfone!

Pare de falar e me beije!

Senti o foco de luz forte através dos meus olhos fechados e os abri instintivamente, o quarto que eu estava ainda era o mesmo, mas a névoa fantasiosa do sonho tinha se dissipado e eu estava de volta a realidade.

— Perséfone. — Roamin chamou, levando as cortinas até as bordas das janelas para que a luz do dia entrasse no quarto.

Afundei meu rosto no travesseiro e choraminguei. A dor gélida e pungente voltou para o meu peito, me lembrando e torturando com a ausência dele.

— Roamin... Você não podia ter esperado só mais um minutinho? — Minha voz saiu sufocada no travesseiro.

— Você já passou tempo demais nessa cama. — Ele falou — Não vou ficar de braços cruzados vendo você sofrendo sabe-se lá pelo que!

Eu não o culpava por estar tão preocupado comigo, eu tinha chegado na casa de Roamin desesperada e aos prantos. Ele se ocupou em me acalmar e me levou para o quarto sem exigir respostas, e estava me deixando dormir em sua casa. Era normal que ele quisesse saber, mas eu resistia a contar para ele o que tinha acontecido no Mundo Inferior. Não era proposital, eu simplesmente não conseguia.

— Eu... — Comecei, mas as palavras fugiram da minha boca novamente.

Qual era o problema comigo? Roamin foi o único com quem mamãe me deixou ter uma convivência mais próxima além de Despina e algumas ninfas da floresta, ele tinha muita afinidade pela agricultura e gostava de passar horas com ela estudando sobre a vegetação. A confiança que ele conquistou de Deméter permitiu que ela o deixasse se aproximar de mim. E acho que não estar nem um pouco interessado no sexo oposto deve ter ajudado no processo.

Ele era meu amigo, eu podia confiar nele.
Então porque as palavras não saíam?

— Tudo bem... Eu posso falar primeiro então. Talvez isso ajude. O que acha? — Ele falou e eu sorri em um agradecimento silencioso. — Ok, vamos lá.

Hades e Perséfone - a Luz e o EscuroWhere stories live. Discover now