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G A E L  S A N T A N A

Passo a mão no cabelo tentando arranjar paciência.

— Eu vi o jeito que tu olha pra ela, escroto. 

— Ana pelo AMOR Deus, vamos parar pô. 

Ela ri seca.

— Vamos parar com o que?

— Com isso caralho, eu não estava olhando pra ninguém.

— Não mesmo, só pra ela. – Ela cruza os braços.

— Não tá dando. – Falo e saio do bar.

Paro na parede e pego meu cigarro.

— Estou bem mãe. – Olho para o lado vendo Júlia falar ao telefone. – Saímos hoje...não...Nada de álcool.

Dou uma risada baixa.

— Estou cuidando bem da Taila...Sim... – Ela revira os olhos. – Não quero falar sobre esse assunto, te ligo amanhã, beijos te amo.

Olho para a rua dando uma tragada.

— Sabia que é feio mentir. – Falo dando um susto nela. – Tu é muito emocionada.

— Eu não entendo as gírias de vocês. – Ela ri. – Me sinto como ET.

— Uma hora tu aprende.

Ficamos em silêncio.

– Acho que vou pra casa, Taila não curtiu muito aqui.

— Quer que eu leve vocês? 

Ela parece surpresa com a pergunta.

– Só tenho que deixar a Ana em casa.

— Não valeu, ela pareceu não gostar muito de mim.

– Ela só gosta dela mesma, ponto.

— Ela gosta de você.

Dou uma risada nasal.

— Pede pro Caique te levar. – Mudo de assunto. – Ele tá cheio de meigo meigo pra cima de tu. 

— Meu foco não é me comprometer com ninguém agora.

– É só uma beijinhos pô, não dá em nada.

— Mesmo assim. – Ela levanta os ombros. – Vou entrar.

Ela entra no bar.

Volto a observar a rua fumando meu cigarro.

»»————>♡<————««

Sinto minha coberta ser puxada.

— Oh cuzão. — Thomas grita.

— Porra cala boca. — Resmungo.

— A gente vai descer pra piscina, cê vai?

— Toma no cu, me acordou pra essa porra. – Reclamo. – Odeio que me acordem.

Não ouço mais sua voz, apenas a porta batendo.

Pego meu celular e vejo que tem umas mensagens da Ana, ignoro e volto a dormir.

»»————>♡<————««

Entrou na área da piscina ouvindo os gritos do Thomas.

— Olha quem apareceu. – Thomas sorri.

— Cê já tá bêbado? – Pergunto.

— Talvez um pouco.

Sento numa das cadeiras.

— Boa tarde pra você, Gaelzinho. – Bruna manda um beijo. – Como está a linda da sua namorada?

— Não sei. – Levanto os ombros.

Olho de relance para Júlia e foi difícil não mirar em seu corpo, uma escultura de arte.

— Babá não papai. – Thomas ri. 

— Ela é gata, não vou negar.

— Mas não é pra você.

— Ela é pra tu?

— Não, ela deixou claro que não quer nem um beijo meu, tô falando porque tu é fodido com a treta da Ana com o Renato.

— Nem fala no nome desse puto. 

— Boa tarde. – Carla surge na entrada.

— Puta que pariu. – Thomas xinga. – Ela é muito gostosa. 

— Ela não quer papo contigo. – Falei. – Chega nela agora pra tu vê se não fica sem pau.

— Não vou.

— Por que não terminam logo?

— Termina o que? A gente nunca namorou. 

— Então ela deveria cagagar pra você.

— Vou sair daqui que tu já tá falando merda. – Ele levanta da cadeira e vai para a piscina.

— Oh. – Rafa grita. – Pega lá a batida que eu fiz mozinho. – Rafa pisca pra mim.

— Agora eu sou seu amorzinho né? Na hora de me largar pelado de madrugada eu sou o que? — Zombo e ela gargalha.

— Sorte sua que o Renan nem tá aqui.

— Ali é parça. – Falo levantando da cadeira.

Vou para uma área de trás onde tem uma geladeira toda ferrada, mas funciona.

Encontro a Júlia tentando tirar algo do congelador.

— Quer ajuda? 

— Que susto sô. – Ela ri de leve. – Não estou conseguindo tirar a garrafa de água, esqueci que tinha deixado aqui.

— Deixa eu tentar tirar. 

A garrafa era de vidro e estava presa lá no fundo ou seja isso poderia dar merda.

— Vou ter que puxar forte mesmo.

— Cuidado.

Puxo com força fazendo as outras cervejas caírem no chão.

— Aí porra. – Júlia coloca a mão no pé.

— Eita caralho. – Olho pro chão com as cervejas caídas.

Tudo naquela porra do congelador era de vidro, falei que ia dar merda.

— Cortou? – Pergunto.

— Só um pouco. – Ela geme. – Não consigo colocar ele no chão.

— Vem, te pego no colo.

Ela ri.

— Vai pô, sou fortão.

— Me sinto desconfortável.

— Consegue fazer que nem o caci?

Ela ri mais ainda.

— Eu estou de biquíni, não me sinto bem para ser pega no colo.

Tiro minha blusa.

— Veste. – Dou pra ela.

Ela veste minha camisa.

— Tá gatona. – Faço uma joinha. – Posso te pegar agora?

— Pode.

Pego ela no colo e volto para a área da piscina.

— O que aconteceu? – Bruna pergunta.

— Derrubei as cervejas lá, caiu no pé dela.

— Amiga, tá doendo muito? Será que cortou? – Carla pergunta.

— Não sei, mas estou bem, só preciso ir lá pra cima mesmo.

— Vou lá limpar as coisas, as pessoas desse prédio já não gostam da gente.

Subo com a Júlia no meu colo, dava pra perceber que ela estava desconfortável com essa situação.



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