Primeiro Olhar [✓]

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T H O M A S  D' Á V I L A

Eu vou ser pai.

Eu tenho que dizer isso pra minha mãe e pro meu pai, que eu vou ser pai.

- Caralho Lavina, eu vou ser pai. - Falo com minha irmã na vídeo chamada. - Como vou contar pra minha mãe?

Ela ri.

- A tia Rita vai entender, o nosso pai já não sei. - Ela suspira.

- Eu dou conta. - Pisco.

- Tenho que desligar, Scott tá na porta.

- Hmm, dá oi pro americano pau pequeno.

Ela ri.

- Idiota.

Lavina é minha irmã mais nova por parte de pai, meu pai e minha mãe se separaram quando eu tinha 8 anos e logo ele começou a namorar a mãe da Lavina que morreu num acidente, coisa que deixou meu pai um cara vago durante os anos da sua vida.

- Ser pai é bom demais. - Caíque diz. - Ainda não acredito que você vai ser pai.

- Oi?! - Gael aparece na sala. - Tu vai ser pai?

Assinto.

- Caralho. - Ele pula em cima de mim. - Peraí, é a Carla né?

- Óbvio.

- Ana já foi? - Caíque pergunta.

Gael assente.

- O que ela veio fazer aqui? Tu fudeu ela?

- Não. - Ele nega. - Ela só tava mal aí eu trouxe ela pra cá.

- Porra vou trazer Fabiana pra morar aqui então.

- Mó mancada isso aí, tu ficou com a Júlia... - Começo a falar, mas Caique me interrompe.

- Tu ficou com a Júlia? - Ele questiona Gael.

- Fiquei, algum problema? - Gael olha pro Caíque. 

- Nenhum. - Caíque se encosta no sofá.

- Bruna disse que ela ficou malzona. - Comentou.

- A gente só ficou pô. - Gael levanta os ombros.

- Disso ela sabe idiota, ela ficou mal porque comprou uma briga sua assim como todos nós pra Ana estar dentro dessa casa de novo. - Respondo. - Tenho que ver a Carla, fui.

Saio do nosso ap e vou para as meninas, entrando para ver a mãe do meu filho, tá cedo demais pra dizer isso? Não sei.

- Eai. - Falo.

- Oi. - Ela sorri. 

- Você está bem? Teve desconforto? A gente tem que ir no posto e falar com nossos pais e...

- Thomas, minha família já sabe e eu estou com muita pressão.

- Desculpa, isso faz mal pro bebê.

Ela ri.

- Você está realmente preocupado.

- Sim! É um bebê. - Respondo.

Ela respira fundo.

- Sim, é uma bebê.

- Está difícil acreditar né?

- Muito. - Ela segura minhas mãos. - Você não vai me abandonar não é?

- Nunca, Carla, para de perguntar isso.

- Sei lá, a maioria só goza e sai.

- Minha mãe disse que eu não sou todo mundo. - Digo zoando, porém com uma verdade dita.

Ela dá risada.

- Você vai falar com ela?

Assinto.

- Eu sei que ela vai ficar empolgada, mas meu pai...

- Não acha melhor todos saberem de uma vez? Tipo nós juntamos nossa família?

- Tem certeza? Da última vez sua mãe quis bater no meu pai.

- Sim, juro que ela vai se comportar.

- Ok, a gente pode ver isso.

- Sim, e temos ultrassom na semana que vem, também vou começar meu pré-natal...

A voz da Carla fica distante, a única coisa que penso é... Eu vou ser pai.

 J Ú L I A  M O R A I S

As aulas na faculdade começaram essa semana e tenho uma notícia boa finalmente, estou empregada e vou trabalhar de tarde.

- Amiga sério que bom pra ti. - Bruna diz.

- Eu estou bem feliz.

- O ruim é que a gente não é do mesmo prédio da faculdade. - Rafa faz careta.

- O pior ainda é que você caiu na sala da capela curupira da Ana. - Carla diz.

- Nem me fale, ela me parece psicopata às vezes. - Digo. 

— Às vezes? Agora que ela acha que tem uma concorrente, você está na quarta temporada de You. - Carla brinca.

Dou risada.

- Gael falou contigo? - Rafaela pergunta.

- Não, não vi ele hoje. - Respondo.

- Ele beija bem. Quando ainda não tinha conhecido o Renan ficamos por um tempo. - Rafa conta. 

A olho surpresa.

- Ele faz tudo gostoso, isso é fato, mas a Ana sempre foi prioridade. - Ela levanta os ombros.

- GENTE. - Taila chega na sala gritando.

- O que? O que aconteceu? - Pergunto preocupada.

- Eu tenho um encontro.

- Sério??? - Rafaela sorri empolgada.

Ela assentiu nervosa.

- Com quem? - Pergunto.

- Ramon.

- Aquele que tentou te beijar?

- Sim. - Ela confirma. - Tô nervosa porque nunca fiz isso na vida.

- Relaxa, tem uma primeira vez pra tudo. - Bruna fala.

- Eu não sei como vou sair.

As meninas começaram a conversar e tentar acalmar a Taila.

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Estava no banco do parquinho, gostei daqui o vento que bate aqui é bom.

- Júlia? 

Ouço a voz do Gael.

- Oi?

- Podemos conversar?

- Sobre o que? - Olho pra ele.

- Sei que ficou chateada com a Ana estar lá em casa.

- Não vou mentir que não esperava vê-la lá depois de tudo que você passou, mas Bruna disse que você é um trouxa tenho que concordar.

- Ela precisava de mim.

Levanto do banquinho indo para um muro que tinha ali, Gael veio atrás.

- Não sinto ciúmes de você, porque não temos nada, apenas fiquei puta porque comprei uma briga para no final ela estar lá.

- Quer que eu peça desculpa? - Ele levanta as mãos.

- Me pedir desculpas? - Dou uma risada seca. - Você deveria pedir desculpas pra você mesmo.

- Você chegou agora não sabe do que está falando, você não conhece a Ana.

- Você está certo, eu não conheço a Ana, não conheço você. - Falo. - Mas de uma coisa eu tenho a absoluta certeza. - Me aproximo do seu rosto. - Ela vai te destruir.

Passo por ele e começo a andar de volta para o prédio.