27- Crise

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Sai batendo as portas, fazendo JJ e Kiara darem um pulo de susto.

    — Jughead, por favor... — Betty falou alto, sem se importar com JJ e Kiara nos observando.

    — Betty, sério, só me dê espaço para pensar! Não era isso que você me dizia para fazer desde o começo? — Falei impaciente, mas sem levantar a voz.

    — Será que dá para pelo menos conversarmos? — Ela pediu.

    — Eu acho que, por hoje, a melhor coisa que podemos fazer um pelo outro é mantermos distância.

    — Mas... — Antes que ela tivesse a chance de falar, eu saí o mais rápido que consegui.

Me afastei um pouco da casa e me sentei atrás de uma árvore, na areia. Respirei fundo para digerir o que havia acontecido. Eu a amo, e muito... mas não vou ficar correndo atrás de alguém que não me ama.

Essa história já está me enlouquecendo e me deixando cansado. Não consigo entendê-la. É como uma caixa trancada, mas parece que quanto mais eu tento abri-la, mais ela se fecha. Eu só preciso de tempo. Não vou conseguir esquece-la de uma hora para a outra.

De repente, JJ se materializou do meu lado, me fazendo dar um grito de susto.

    — Isso é de família? — Perguntei me recompondo.

    — Isso o que? — Ele perguntou confuso, se sentando ao meu lado.

    — Nada...  O que você quer? — Falei tentando não parecer grosso.

    — Vocês brigaram feio, não é? — Ele perguntou apertando os olhos e observando as ondas se formarem além dos recifes.

    — Eu não diria feio... — Falei. — Apenas discutimos.

    — Não foi isso o que pareceu. — Ele falou.

Respirei fundo.

    — Não consigo entende-la. — Falei. — Não entendo por quê ela age assim.

    — Ela já sofreu demais... — Ele argumentou. — Não faz ideia do que ela passou.

    — Ela me disse. — Falei, abaixando os olhos.

Um silêncio surgiu entre nós. Era possível ouvir-se apenas o barulho das ondas.

    — Você a ama? — Ele perguntou.

    — Como é? — Perguntei mesmo tendo entendido o que ele havia perguntado.

    — Você a ama? De verdade?

Senti um grande nó se formar em minha garganta.

    — Sim... — Falei.

    — E você tem certeza disso? — Ele falou.

Estranhei a pergunta.

    — É... eu acho que eu tenho.

Ele me observou com um sorriso tristonho e balançou a cabeça negativamente.

    — Então não devia falar que a ama. — Ele fez uma pausa. — Você só deveria dizer quando tiver certeza, quando sentir que aquela é a pessoa que você deseja ficar pelo o resto da sua vida.

Ficamos em silêncio novamente.

    — Eu sei que ela é complicada. — JJ falou depois de um tempo. — Mas acho que o único jeito de vocês se entenderem, é sentando e se abrindo um para o outro. Conversem, isso deve esclarecer tudo.

Assenti com a cabeça.

    — Eu pretendo conversar com ela... mas não hoje. Preciso de um dia para refletir. Longe dela.

    — Eu entendo, cara. — Ele deu um tapinha em minhas costas, se levantando. — Espero que tudo se resolva logo.

    — Eu também. — Falei com um sorrisinho triste.

[...]

O dia passou devagar. Muito devagar. Ficou um clima tenso na hora do almoço, então preferi pegar meu prato e comer no quarto.

Parabéns, Jughead. Sempre fugindo dos seus problemas.

Por volta de umas nove da noite e eu já estava na cama, tentando dormir, mas Betty não saía da minha cabeça. Tudo o que eu queria era parar de ser tão idiota e esquece-la totalmente, mas parecia ser impossível naquele momento.

Saí do meu quarto e olhei silenciosamente para conferir se Betty não estava ali. As luzes estavam todas apagadas, o que provavelmente significava que todos já haviam ido para suas camas.

Fui para a cozinha pegar algo para comer. Fui até a geladeira, onde colocamos algumas coisas trazidas de casa. Ovos, verduras, frutas...

Bufei frustrado. 

Eu estava super afim de um omelete, mas a preguiça de fazer foi maior, então resolvi pegar umas uvas.

Enquanto comia sentado na bancada, reparei que a porta que nos dava acesso para o telhado estava aberta. Achei estranho e fui conferir. Subi as escadas devagar, cuidando para que não fizesse nenhum tipo de barulho.

Espiei um pouco e vi Betty, sentada, olhando o céu. O que é que ela está fazendo aqui?

Addy... — Lembrei.

Ela estava conversando com ela... claro. Percebia seu lábios se mexerem, mas não conseguia identificar tudo o que ela dizia.

    — Eu não sei... — Escutei ela dizer. — Eu só estou confusa. Não sei o que fazer, nem o que dizer.

Ela ficou em silêncio, como se esperasse uma resposta, mas logo voltou a falar:

    — Eu só não quero mais sofrer, não quero mais sair machucada no final. Eu só queria viver sem cada cena se repetindo todos os dias na minha cabeça.

Ela parou e enxugou umas lágrimas que caíam no canto do olho.

    — Queria que você estivesse aqui comigo. Tenho certeza de que saberia o que fazer agora... — Ela fez uma pausa. — Sinto sua falta, vô.

Vô?

Ela se levantou e desci para meu quarto o mais rápido que consegui, tentando não fazer barulho. Me deitei na cama, confuso. Lembro dela citar o avô, quando estávamos na cabana, mas pelo visto ela também conversa com ele.

"Eu só queria viver sem cada cena se repetindo todos os dias na minha cabeça". Meu coração se apertou ao refletir o que ela havia falado.

Porra, isso deve ser horrível. Eu só queria abraçá-la agora.

Cala a boca, Jughead. — Me corrigi mentalmente.

Respirei fundo e me remexi na cama. Resolvi tentar dormir, por mais que fosse difícil conseguir agora.

[...]

Acordei com minha porta sendo aberta bruscamente e logo fechada de novo. Betty entrou soluçando de tanto chorar, parecia estar no meio de uma crise.

    — Betty? O que... — Antes que eu pudesse terminar de falar, ela se jogou em meus braços, me abraçando.

Eu não conseguia entender o que estava acontecendo, ainda estava sonolento. Apenas apertei Betty contra meu corpo, sentindo um aperto no coração invadir meu peito.

O que é que tá acontecendo?

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Rom pom pom pom...

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