38- Apenas agora

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Quando ela separou nossos lábios, era como se uma parte de mim estivesse indo embora junto.

Ela se virou para ir embora, mas eu fui até ela e a impedi.

    — Não, Betty, você não pode fazer isso comigo. Não pode fazer eu abaixar a guarda e dizer que foi tudo um faz de conta.

    — Não foi faz de conta, Forsythe. Foi real. Só não durou para sempre.

    — Pare. — Falei com meus olhos suplicantes. — Por favor, pare de me chamar assim.

Ela soltou um longo suspiro e olhou bem no fundo dos meus olhos.

    — Seria melhor se nunca tivéssemos nos conhecido. — Ela falou.

    — Isso não é verdade. Você sabe que está mentindo. — Falei sem me importar com as lágrimas escorrendo pelo meu rosto.

    — Não sou capaz de me envolver em um relacionamento agora, então, por favor, siga em frente. Não posso lhe envolver mais ainda nessa minha confusão. Não pense em mim... apenas viva bem. Apenas viva. — Ela disse e logo passou por mim rapidamente.

Ela não olhou para trás, apenas desapareceu de minha vista. Me senti sob a palmeira, com a cabeça entre os joelhos.

Nunca chorei tanto em toda minha vida, nunca amei tanto alguém em toda minha vida. Eu só queria expulsar toda aquela dor de dentro do meu peito, chorar foi a única forma que encontrei.

Passei o resto da tarde ali, sem saber como reagir, nem percebi que já estava tudo escuro. Olhei no relógio de pulso, eram sete e meia da noite.

Amanhã iríamos embora, como iria ser depois? Como conseguiria ver Betty nas aulas, ou nos braços de outro garoto? Seria tortura.

Eu me sentia fraco, incompleto e insuficiente por não conseguir fazê-la ficar.

Jughead? — Ouvi a voz de JJ surgir. — Fiquei preocupado com você, cara. Sumiu a tarde inteira.

Enxuguei um pouco as lágrimas.

Estamos em uma ilha. O que achou que pudesse acontecer? — Perguntei quando ele se sentou do meu lado.

Sei lá. Você podia ter nadado o mais longe que conseguisse e quando ficasse sem fôlego, se afogasse. — Ele supôs. — Ou ter sido capturado por piratas, ou vikings!

Hum, é uma opção válida. — Falei com uma risada triste.

Ficamos em silêncio por um tempo.

Quer me contar o que houve entre você e minha irmã? — Ele perguntou com cuidado.

Ela não te contou? — Perguntei confuso.

Ele balançou a cabeça negativamente.

Se trancou no quarto e não quis abrir a porta, nem conversar. Imaginei que te envolvesse. — Ele falou.

Respirei fundo e resolvi dizer, precisava desabafar.

Estávamos bem de manhã, mais ou menos na verdade, ela estava meio triste. Tivemos uma breve conversa na qual eu sugeri a possibilidade de um psicólogo, por conta dos cortes. Ela ficou chateada. E no final acabou assim, ela não quer mais nada comigo. — Suspirei, as lágrimas estavam começando a voltar. — Eu não sei explicar muito bem... nem eu sei direito o que aconteceu. Ela disse que ainda me ama, mas que seria melhor assim, nós dois separados.

JJ escutava cada palavra atentamente. Ele tirou dois backs de maconha do bolso. Acendeu eles e me entregou um. Eu não fumava com frequência, por causa da minha irmã. Só fumava quando a situação estava perdida para mim.

Peguei e dei uma tragada, sentindo aquela sensação amarga descer pela minha garganta.

Logo uma sensação de leveza invadiria meu corpo, e eu provavelmente esqueceria tudo isso por algumas horas.

    — Ela pode ser difícil às vezes. — Ele falou dando uma tragada também, soltando a fumaça logo em seguida. — Ela não é uma pessoa fácil de lidar, tenta ser durona na frente das outras pessoas, mas em casa... ela desmorona.

    — Eu queria poder esquecê-la, mas não consigo. Não dá. Preciso dela. — Falei. — Eu vou amá-la para sempre.

JJ respirou fundo e deu mais uma tragada.

    — Não. Não vai. — Ele falou e soltou a fumaça.

    — O que? — Perguntei sem entender o porquê ele havia dito aquilo.

    — Já basta falar um "eu te amo". — Ele falou. — Não acrescente o "para sempre" porque pode não ser verdade.

    — Não estou entendendo. — Falei desconcertado, dando uma longa tragada dessa vez, esperando que a maconha fizesse seu trabalho.

JJ ajeitou a postura, e se voltou para mim.

    — Escuta, mano... não diga a alguém que a amará para sempre. Porque quando você está com ela, não consegue imaginar que um dia possa chegar ao fim. Mas, quando acaba, não consegue imaginar que continuar seja possível, entende?

Balancei a cabeça, indicando um "sim".

    — Não estrague uma palavra tão perfeita pondo uma etiqueta. — Ele continuou. — Até o para sempre tem uma data de validade. Nem sempre, nem para sempre, apenas agora. Sempre repito isso para Betty.

Ele deu sua última tragada antes de apagar o back pela metade. Apaguei o meu também, não estava adiantando.

Fiquei um tempinho refletindo sobre as palavras de JJ. Ele tinha razão. Para todas as namoradas que tive, falei pelo menos uma vez que as amaria para sempre. E não aconteceu. Não as amo mais. Esse é meu problema, me deixo levar pelos momentos, tento fazer de tudo para tirar um sorriso de alguém que amo.

Isso não é um ponto ruim, eu acho. Não me lembro a última vez que levantei a voz para uma mulher. Aliás, lembro sim, às vezes grito minha mãe do andar de cima, mas é apenas porque não entendi o que ela disse. Em uma discussão? Nunca.

Sempre tento manter um tom de voz baixo e compreensível. Não há motivo para gritar, elas conseguem me entender se eu falar normalmente. Se elas gritam, fico calado e espero elas terminarem de falar. Se levanto a voz sem querer, peço desculpas de imediato e me recomponho. Não é idiotice, é uma questão de respeito que eu considero importante.

    — Tenho certeza que vocês vão se acertar logo logo. — Ele disse dando tapinhas de consolo nas minhas costas e se levantando. — O que acha de cozinharmos o jantar? — Ele estendeu a mão para me levantar.

Dei um sorrisinho sincero e segurei sua mão, me apoiando para me levantar.

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Ok, talvez hoje tenham dois episódios no dia...

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