29- Nascer do sol

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    — Não, Jughead... — Ela falou. — Eu já refleti o suficiente. O que eu preciso saber é se você ainda me ama.

Ela olhava no fundo dos meus olhos. Era um olhar diferente daquele olhar sedutor que me fitara na primeira vez que a vi.

Era como se eu me perdesse na imensidão dos oceanos em seus olhos, procurando enxergar algo a mais do que toda aquela dor acumulada, algo além de todo seu sofrimento.

Procurei dizer as palavras certas, algo que explicasse a torrente de sentimentos que corria por minhas veias a cada minuto que passava com ela, mas tudo o que consegui dizer foi um "Eu ainda te amo. Muito".

Ela soltou um sorrisinho aliviado, puxando meu rosto para perto do dela e grudando nossos lábios.

E naquele beijo, pude identificar o desejo de ambos presente. Algo me dizia que era ela. Mesmo em tão pouco tempo, eu havia percebido que era ela quem queria comigo a todo custo.

Separei nossos lábios, ofegante. Seu olhar transparecia cumplicidade. Eu nunca havia sentido uma atração tão grande quanto essa.

Acho melhor você descansar. — Sugeri acariciando seu rosto. — Temos um dia para aproveitar amanhã.

Ela sorriu, deixando um último selinho em meus lábios e se levantando.

Ei... aonde vai? — Perguntei confuso.

Para o meu quarto. — Ela respondeu.

    — Por que não fica aqui? — Perguntei, a fazendo parar onde estava. — Fica. — Minha voz saiu falha.

Ela deu um sorrisinho e assentiu com a cabeça e voltou a se deitar na cama, se aconchegando em mim e entrelaçando suas pernas nas minhas.

A apertei um pouco mais contra meu corpo, mostrando que eu estava ali com ela, e que me importava com seus sentimentos.

Ela conseguiu pegar no sono bem mais rápido que eu. Quando olhei no relógio, era quase quatro e meia da manhã. Meu peito estava com algumas manchas de sangue.

Me levantei devagar para que Betty não acordasse. Dei passos preguiçosos até o banheiro, esticando e curvando os braços para trás, com a intenção de me espreguiçar.

Liguei o chuveiro e tirei minha roupa para tomar um banho. Esfreguei sabonete contra meu peito, para tirar o sangue seco em minha pele.

Um turbilhão de pensamentos de entrecortavam em minha mente. Ela podia ter morrido, podia tê-la perdido.

Chacoalhei a cabeça de um lado para o outro, tentando afastar aqueles pensamentos.

Deixei que as gotas de água gelada caíssem sobre meus ombros e escorressem por todo meu corpo. Só de lembrar dos inúmeros cortes nos pulsos de Betty, meu coração já aperta. Eu não consigo entender o por quê ela faz isso.

Desliguei o chuveiro, me enxuguei e coloquei minha cueca e bermuda. Quando sai do banheiro, Betty ainda estava deitada na mesma posição. Fui até ela e deixei um beijo em sua testa.

Olhei mais uma vez para o relógio. Não iria valer a pena dormir por tão pouco tempo, daqui a alguns minutos o sol já iria nascer. Aliás, eu não estava com sono. Tudo o que aconteceu me deixou agitado.

Passei aquele perfume "cheirinho de bebê", pelo qual eu sou viciado no cheiro. Sempre quando vou ficar em casa passo ele.

Resolvi sair um pouco para espairecer a cabeça, já sobrecarregada com tudo o que acontecera nos últimos dias. Semana difícil.

Meus pés se deliciaram assim que tocaram a areia. Como eu amava essa sensação. Era algo realmente relaxante para mim.

O clarear do céu já estava surgindo. Me sentei sob uma palmeira e fechei os olhos, apenas ouvindo o barulho das ondas indo e vindo junto ao cantar de alguns pássaros. Parecia que todas as minha preocupações tinha ido embora.

Devo ter ficado daquele jeito por alguns minutos, até ouvir uma voz:

    — Juggie...

Abri os olhos e vi Betty, em pé ao meu lado, esfregando os olhos ainda meio sonolenta.

    — O que faz aqui fora? — Ela perguntou com uma voz dengosa. — Tá muito cedo.

    — Não estava com sono, só isso. — Falei. — Por que não volta a dormir? Você precisa descansar:

    — Eu acordei e vi que você não estava lá... pedi o sono agora. — Ela falou sentando e se encaixando entre minhas pernas, fazendo com que meus braços a abraçassem.

Observamos o sol começando a surgir por um tempo. Ela estava com sono, apesar de negar estar, suas pálpebras estavam pesadas.

    — Sabia que o nascer do sol é uma das coisas mais bonitas que se pode presenciar? — Ela falou baixinho com a voz fraca.

    — É mesmo? — Perguntei acariciando seus braços, levemente arrepiados ao meu toque.

    — Sim... — Ela disse bocejando. — Você tá com um cheiro gostoso. — Ela deu um cheiro em meu pescoço e fechou os olhos.

Apesar de ter dito que havia perdido o sono, ela acabou dormindo ali mesmo.

Acariciava seus cabelos enquanto sua respiração fazia cócegas em meu peito.

Eu me sentia bem com ela. Ela me fez esquecer todo aquela história de traição e decepção amorosa. Ela me deixava mais leve. Fazia mais sentido viver ao lado dela.

Fiquei sentado ali por algumas horas, apenas observando as ondas, enquanto a brisa marítima batia em meu rosto.

    — Eu te amo tanto. — Sussurrei baixinho, mesmo sabendo que ela não podia me escutar, deixando um beijo no topo de sua cabeça. — Você não faz nem ideia.

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