3

1 1 0
                                    

"Olha, eu tenho que confessar para vocês que a conversa que tive com o Henrique naquela manhã de junho mexeu bastante comigo. Ele era meu amigo de infância. Eu conhecia cada medo, cada desejo, cada sonho que ele tinha. Se eu me considerava uma pessoa cética, Henrique era ainda mais. Perto dele eu seria um padre. Por isso essa conversa me abalou. Como poderia o meu melhor amigo estar acreditando naquilo? Eu precisava de respostas. "

"Na manhã seguinte voltei a casa dele. O ar parecia parado. A casa silenciosa. Vazia. Encontrei Henrique na sala tomando um café enquanto olhava pela janela. Mal o cumprimentei e ele disse. "

— Eu sabia que você voltaria. É difícil de acreditar, não é? Não me olhe assim e nem tente negar. Sei que o que eu disse soa absurdo. Mas você me conhece, Chico. Eu não sou uma pessoa de acreditar em qualquer coisa. Passei a noite inteira tentando encontrar uma resposta racional que fizesse isso tudo fazer sentido. Mas não adianta, eu sei o que eu vi.

"Sugeri então que fossemos dar uma volta para que ele pudesse respirar um ar puro e sair um pouco daquele ambiente pesado que estava na casa dele. Fomos em direção ao celeiro onde havia acontecido o ataque. Ao passar por lá vi marcas de sangue no chão. Foi aí que tive uma ideia: "

— Henrique, para qual lado você disse que aquele cão... aquela coisa, havia ido?

"Ele então apontou em direção ao limite da propriedade da família dele onde começava uma trilha adentrando a mata. Fomos na direção indicada a procura de algo que pudesse pôr um ponto final nessa história. A manhã estava fria e agradável. O sol ainda não estava tão forte, o que nos proporcionou uma caminhada muito prazerosa. "

"Ao chegar na entrada da trilha, procurei por toda parte por pegadas ou qualquer outro indício de que alguém houvesse passado por ali. Porém, não tinha nada. Continuamos seguindo a trilha até que por fim ela acabava em uma clareira aos pés de uma imensa árvore. Nos sentamos para descansar um pouco. "

"Após alguns minutos decidimos retornar a fazenda. Quando chegamos na trilha percebi algo que não tínhamos visto antes. Havia alguns matos retorcidos em uma das laterais, como se alguém (ou alguma coisa) tivesse passado por ali. O que mais impressionava, no entanto, é que havia até mesmo galhos de árvores quebrados. E esses galhos eram altos. O que passou por ali deveria ter uns dois metros de altura. Troquei um olhar significativo com Henrique. Ele estava falando a verdade. Retornamos à casa dele e de lá fui embora com vários pensamentos perturbadores. "

"Bom, como eu havia dito, os ataques pararam. Duas semanas se passaram sem que nada de estranho acontecesse em Oliveira. A vida estava começando a voltar ao normal. Mas vocês conhecem o ditado não é mesmo? Sobre a calmaria que antecede a tempestade? "

"Era a última noite do outono, véspera do inverno. A noite estava muito fria. Mais fria do que era de costume. Mesmo antes de ir dormir já era muito difícil enxergar o que acontecia lá fora devido a densa neblina que cobria a cidade. Após jantar fui me deitar. Eu estava com uma sensação muito ruim, um aperto no fundo do peito. Pensei que isso era culpa do jantar, eu tinha comido demais. Me deitei esperando que essa sensação não me trouxesse muitos pesadelos. "

"Ouvi ao longe o relinchar de um cavalo. Acordei ainda confuso por causa do sono e olhei pela janela. Tudo branco. Naquela época o meu quarto era aquele mais externo da casa. O que fica mais perto do estábulo. Tentei olhar para ver se tinha alguma coisa, mas não vi nada. Não ouvi nada. Abri a janela e coloquei a cabeça para fora sentindo o frio da madrugada na minha pele e fiquei pensando se eu tinha sonhado com esse barulho. Foi então que ouvi, muito baixo o som de algo sendo arrastado. "

"No mesmo momento eu me lembrei dos ataques e da conversa com o Henrique. Corri para a cozinha, peguei a maior faca que encontrei e fui em direção à porta. Com o coração batendo forte, abri a porta o mais vagarosamente possível e saí na neblina. "

Has llegado al final de las partes publicadas.

⏰ Última actualización: Sep 22, 2020 ⏰

¡Añade esta historia a tu biblioteca para recibir notificaciones sobre nuevas partes!

Tom e outras histórias de horrorDonde viven las historias. Descúbrelo ahora