Cap. 16 - Cheed Cooper, do Brasil

220 42 241
                                    

Curiosidade sobre o título: quem aí já ouviu o famoso grito "Ayrtooon Sena do Brasiiiil!"? Pois é, agora é Cheed Cooper do Brasil! 

Brasil sil sil sil!!! *insira aqui bandeirinhas do nosso país*  

Bora lá, seguir com a nossa corrida. 


Caminho se conhece andando

Então vez em quando é bom se perder

Perdido fica perguntando

Vai só procurando

E acha sem saber

- Chico César e Dominguinhos 

CHEED

Alguém está batendo forte na porta, desperto com um salto. 

"Que horas são? ".  Verifico no relógio, são seis da manhã. Sigo até a porta. Acordado, mas ainda sem capacidade cognitiva de distinguir pessoas de carros ou camelos.

— Ainda está assim? Pelo amor de Deus moleque, vista uma roupa antes de abrir a porta! Tome um banho e desça para o café, depois nós temos... — Só consegui associar a figura falante parada na porta ao meu pai, quando ele notou minhas vestes, na pressa, atendi a porta usando apenas uma cueca boxer, estou mesmo sonolento. 

Ontem, depois de dar início ao meu mais novo relacionamento, fiquei um bom tempo no telefone, só fomos dormir quando os primeiros raios de sol, começaram a iluminar o meu quarto através das cortinas. Ela prometeu me assistir pela Tv. Caramba, minha namorada vai me assistir pela Tv! Eu nem consigo acreditar na loucura que é toda a nossa história, mas estou feliz, muito feliz. Sinto como se já tivesse cruzado a linha de chegada, como um vencedor e ela está lá, no pódio comigo. 

— Você está me ouvindo Cheed? Vou supor que esse seu sorriso largo é a animação pela corrida e pelos compromissos de hoje. Lave bem o rosto, parece cansado. Não quero sua mãe buzinando nos meus ouvidos.

Após fingir estar ouvindo o meu pai, tomei um banho e desci para a armadilha, digo, café com a imprensa. Lá fazemos uma entrevista pai e filho, o passado e o futuro do automobilismo. A coisa toda durou mais ou menos uma hora e meia, entre fotos e perguntas. Impossível não lembrar de Michele. Teria sido bem mais fácil se fosse ela ali, fazendo sua mágica com as palavras.

Participar dessa entrevista foi o suficiente para despertar a adrenalina da corrida que se aproxima, estava chegando a hora!

Eu consego sentir a pressão sendo colocada sobre mim. É a grande final. 

Meus resultados excelentes na temporada, me tornar bicampeão, minha namorada assistindo tudo isso, superar os erros de ontem e do circuito paulista, as imagens do acidente e daquele dia. Tudo isso me faz sentir nervoso, bem na hora da corrida.

Estamos no Paddock, parte de trás dos boxes de corrida, lugar onde circulam as pessoas e onde são concedidas as entrevistas. Meu pai está dando a última entrevista, quer dizer, deveria ser minha última entrevista, mas ele fala por mim, enquanto eu, apenas digo algumas palavras vez ou outra. Minha mãe olha zangada para nós dois, o meu avô tenta controla-la. Na cabeça dela, o meu pai está "roubando os holofotes", mas eu não ligo. Sinceramente, eu só quero fazer a corrida e ponto, é disso que gosto. E neste momento estou nervoso, tentando me concentrar e manter os pensamentos ruins distantes, nada mais importa.

Depois da CurvaWhere stories live. Discover now