Cap. 12 - O início

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Oi galerinha! Como diziam os rolêzeiros antes da quarentena, FDS chegou (Fim de semana, tá gente?)! E com ele, mais um capítulo de "Depois da Curva". 
E como diz a minha mãezinha, eu "tô que é uma moça" (em nordestinês, quer dizer que estou responsável e cumprindo para com os meus deveres) postando o capítulo no dia certinho! 
Aproveitem, eu amo ter vocês aqui comigo <3

MICHELE

Não consegui dormir. Estou exausta, mas não consigo repousar. Ontem, após da entrevista, pensei que seria fácil escrever, mas não foi. Não  fui capaz de tirar aquele quase beijo da cabeça. Pelos deuses, eu nunca fui assim.

Sempre fiz as coisas de modo muito prático e claro, mas agora tudo estava confuso e turvo. Esse é o pior momento possível para pensar em algo assim. Não posso ligar para minha mãe e contar com os seus conselhos. Também não posso contar para Júlia, porque não sei exatamente o que contar. É óbvio que ela estava me enchendo o saco com "o piloto bonitão" desde o dia daquela quase entrevista. Júlia queria saber "o que estava rolando", lamento dizer, mas nem eu sei Jú.

Lembrar do quase beijo me tira do ar, me deixa trêmula, nervosa e suada por duas razões.

A primeira delas é: Eu estava realmente pensando em me envolver justamente agora e com alguém totalmente fora de minha realidade? E a segunda razão é, eu iria repetir todos os erros da minha mãe, decepcionar todo mundo e jogar tudo para o alto?

Pensar em decepcionar todas as pessoas que me trouxeram até aqui, é mesmo uma grande porcaria.

E foi pensando nisso, em não decepcionar ninguém, que eu finalmente escrevi o texto e enviei para Pietro, faltando exatos três minutos para a meia noite, o meu prazo final. Preparei a apresentação para o sábado  — caso tivéssemos uma resposta positiva — e ensaiei madrugada a dentro. 

Não decepcionar ninguém, era só isso que eu precisava fazer.

Pensei que estava "limpando" Cheed de minha cabeça, mas quando terminei o projeto pela manhã, eu só conseguia pensar nas últimas palavras dele na nossa despedida "O emprego já é seu, você é uma mulher incrível e uma escritora igualmente fantástica. ". Era isso ou o quase beijo. Ele está ocupando todos os espaços, em todos os meus pensamentos.

— Bom dia! Acordou cedo! Vou colocar Dilsinho, tudo bem? — Informa Júlia saindo do quarto. Ela avisa, pois sabe que prefiro o silêncio pela manhã. Jú está com a cara inchada, parece que eu não fui a única a passar a noite acordada.

— Bom dia! Na verdade, eu nem dormi. Pode ligar o som. Quer falar sobre? — Pergunto, pois sei que quando a Jú coloca Dilsinho, ela quer sofrer! E são sempre os problemas do coração; paixão, não enfarto. A questão é que Júlia quase nunca se abre sobre seus problemas. Então só posso inferir que falar com ela sobre o beijo, talvez só trouxesse mais problemas para a minha amiga, problemas os quais ela certamente não precisa.

— Não, tudo bem. Dilsinho vai fazer seu milagre!

— Sabe que pode contar comigo, certo?

— Sei sim, sou muito grata por isso. E você também pode contar comigo, para qualquer coisa. — Disse ela colocando ênfase na última frase. Essa era a mágica da Jú, ela sabia quando eu estava mal, sabia quando eu precisava de ajuda. E ela sempre guardava suas dores para curar as minhas. Mas principalmente, ela respeitava o meu silencio, quando ele se fazia presente.

— Sei sim, obrigada. — E nos abraçamos, confortando uma a outra. — Eu tô saindo, hoje é o dia! — Me afasto e me despeço de minha amiga.

— Boa sorte! Você vai longe amiga. — Diz Jú. 

Pronto, é só disso que eu preciso.

Saio de casa cedo e mesmo sem pressa, quando chego na redação, não há quase ninguém . Só estávamos eu e uma garota, cujo nome eu ainda não sei. Vou até o meu bimbo e aguardo enquanto repasso os textos e minha proposta para o possível quadro semanal. Alcanço meu  celular na mesa, e observo que já são quase nove da manhã. Alana me deixou uma mensagem perguntando sobre o sucesso da entrevista, respondo e agradeço. Fico tentada a enviar um agradecimento para Cheed também, afinal ele facilitou todo o processo. Vou até a lista de contatos, eu havia salvo seu número quando ele me ligou ontem para o almoço.  

Depois da CurvaOù les histoires vivent. Découvrez maintenant