Cap. 24 - Grid Girls

169 30 249
                                    

Curiosidade sobre o título: As Grid Grils eram as garotas que seguravam bandeiras na frente dos carros de corrida até o ano de 2018, dentre outras funções, a posição não existe mais (tenho minhas críticas a esse tipo de função em um esporte feito por homens). Mas enfim, neste capítulo vamos descobrir se existe alguém além da nossa nordestina arretada na vida do piloto Cheed Cooper. Quem serão suas "Grid Girls"? (Olha eu resignificando o termo hahaha). 

Curtam essa poesia em forma de música enquanto leem esse capítulo, vai fazer todo o sentido. 

Eu desço dessa solidão
Espalho coisas sobre
Um Chão de Giz
Há meros devaneios tolos
A me torturar
Fotografias recortadas
Em jornais de folhas
Amiúde!
Eu vou te jogar
Num pano de guardar confetes

- Zé Ramalho

CHEED 

Sabe aquele ditado? "Depois da tempestade, sempre vem a bonança". Deve existir alguma coisa ao contrário, tipo "Depois  da bonança, você que lute" ou algo assim. 

Eu tive uma noite excelente. Perfeita, na verdade. Um início de dia maravilhoso, nem pegamos muito trânsito do Grajaú até a Paulista, para vocês terem noção do quão boas estavam as coisas, Eu até cheguei a pensar que São Paulo não estava cinza. 

Estava tudo na mais perfeita ordem, até eu chegar no meu apartamento e encontrar o meu pai bem no corredor, me esperando na porta.

— Pai, o que está fazendo aqui? — Pergunto, muito surpreso.

— Bom dia para você também, filho. Um pai não pode visitar o seu próprio filho? — Responde e eu posso sentir uma pitada de ironia na sua voz.

— Pode, é claro que pode. Mas não é comum montar barraca na porta do apartamento, nem viajar oito mil quilômetros, não o senhor. — Faziam alguns anos desde a última visita casual do meu pai ao Brasil, por isso a minha surpresa. E ainda tinha o fato de não termos trocado muitas figurinhas depois do incidente com o assediador. 

— Que tal você me convidar para entrar, depois a gente conversa, sim? — Sugere eu abro a porta, entramos os dois em seguida.

— Você quer um café? Eu ofereceria outra coisa, mas não passo muito tempo aqui. — Respondo. Eu realmente não tenho passado muito tempo no apartamento. Divido meus dias entre a casa da minha mãe, a de Michele e a agenda de publicidade, então realmente não tenho muitos motivos para lotar os armários de comida. Acrescente isso ao fato de eu não ser um exímio cozinheiro e pronto, apenas café nos armários.

— É, eu notei. — Ironiza. Pelo sarcasmo em sua voz, noto o desapontamento por eu não ter dormido em casa na noite passada. — Nunca fomos de rodeios, então eu vou direto ao ponto, preciso que volte comigo para Nova York. — Despeja em uma pose autoritária. Respiro fundo, preciso responder o mais calmo possível.

— Eu vou voltar, assim que a temporada começar. — Afirmo.

— É por causa daquela mulher? Pelo amor de Deus, filho, eu sei o que está fazendo, só não entendo porque está fazendo. — Uma fúria me invade, ele não tem o direito de falar isso, de mexer com Ela.

— Você está errado. — Respondo, cerrando os punhos e me segurando para não expulsa-lo daqui.

— Pode fingir o quanto quiser, mas eu não estou errado, você sabe. É essa razão você não pode ficar, Maxwel. Deve vir comigo, antes que se machuque, nós dois sabemos o que acontece quando você se machuca. — Pontua, com uma certeza que só me deixa mais irritado. Ele está errado, tem que estar!

Depois da CurvaWhere stories live. Discover now