𝐂𝐇𝐀𝐍𝐆𝐄𝐒, 𝗺𝗮𝘆𝗯𝗮𝗻𝗸. ✓

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O TETO ABERTO DO CARRO É UMA PASSAGEM ABERTA PARA O VENTO CORRENTE. O que, se não estivesse com os cabelos amarrados em um rabo de cavalo, provavelmente bagunçariam seus fios negros. A ponta dos dedos se batem levemente contra a coxa no ritmo de uma música aleatória dos Beatles que toca na rádio. Não sabe ao certo qual é. Também podia se escutar a voz fina e baixa que conversa com a pequena pelúcia azul. Se não se engana, é o Stitch daquele filme da Disney que sua irmã a obriga à assistir junto dela pelo menos uma vez na semana.

O fato de estar com seus cabelos presos não impede que o sol queime seus ombros. A viagem foi definitivamente longa. De Malibu até a Carolina do Norte, foi um total de vinte e quatro horas dentro daquele carro. Algumas paradas pra comer e dormir, mas nada de finalmente chegar ao destino. É a primeira vez que a garota vai até as ilhas que os pais se conheceram. De tanto escutar sobre o lugar calorento e da história em como sua mãe se apaixonou pelo seu pai assim que o viu surfar pela primeira vez, a curiosidade a cobiçou. Não é como se fizesse muito tempo que não ia numa praia, mas passar três meses do verão em um lugar totalmente distante e diferente realmente a deixou animada.

— Ah, o sol de Outer Banks, não há nada igual. — Um suspiro escapa do tão realizado Owen de La Costa. Mais do que nunca, está feliz por estar de volta. Isso provoca um sorriso nas outras três mulheres no carro.

Não demora muito até perceber que já estavam dentro da ilha. As árvores, o clima quente como os de filmes de verão e as pessoas com pouca roupa. Mentalmente, Zara dá graças à Deus por isso. A última coisa que queria é ter que andar agasalhada em um lugar frio ou que as pessoas se vestiam relativamente bem.

Aproximadamente dez minutos depois da análise pelas janelas do carro na ilha, o veículo para e a garota dá um suspiro de alívio ao perceber que finalmente o tempo de permanecer sentada naquele banco havia chego ao fim. A família de La Costa logo após desembarcar, pegam suas bolsas e malas para levar pra dentro da casa. Os olhos de Zara analisam toda a estrutura do lugar. Céus, é realmente uma casa grande.

Seu pai se direciona até a porta principal e destranca a mesma com a chave, sempre com um sorriso no rosto. Ao adentrar o imenso lugar, é como se os pais tivessem voltado pra casa, pois os dois se abraçam e aparentam estar extremamente alegres. Enquanto isso, as duas garotas observam toda a estrutura por dentro de boca aberta. Por que seus pais não haviam as trago antes? Por que só deixaram Outer Banks em falácias? São muitas perguntas e Zara sabia que provavelmente seus pais não responderiam todas.

— Sejam bem-vindas à Outer Banks, meninas. — Victoria abraça sua filha mais velha pelos ombros e puxa a mais nova que bate na altura de sua cintura.

Mesmo chocadas com o tamanho daquela casa, as meninas não se impedem de sorrir abertamente. Zara morde o lábio inferior quando vê sua irmã mais nova olhar em volta. Um, dois, três. Os segundos são contados para que a garotinha comece à correr pela extensão da sala com seu bichinho de pelúcia na mão. Isso faz a mais velha rir.

— Zazi — O apelido carinhoso da família é pronunciado por sua mãe. A garota vira o rosto para a olhar. — Vem, vamos conhecer a parte de cima da casa.

— Cuidado pra não quebrar nada, Ziza! — Owen diz alto, correndo atrás da garotinha que parecia um furacão. Zara e sua irmã riem.

As duas se direcionam até a lateral da sala e sobem as escadas até o segundo andar. Há um extenso corredor com várias portas. No final do mesmo, a porta alta de madeira tem letras rabiscadas desajeitadamente. Forçando a vista, consegue ler que está escrito "Futuro canto da Zara". Victoria passa seus dedos por cima das letras com um sorriso no rosto. Parece admirada.

— Foi seu pai que escreveu quando construímos a casa — Os olhos castanhos de sua mãe a encaram. — Deve reconhecer os garranchos, não é?

Zara ri, logo voltando à fitar o escrito. Há muitas perguntas na sua cabeça e sabia bem que não conseguiria segurar todas.