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⚠️ GATILHO — BULIMIA NERVOSA/TRANSTORNO ALIMENTAR! ⚠️se não se sente confortável ou lhe remete coisas ruins ler coisas desse tipo, pule essa parte!

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⚠️ GATILHO — BULIMIA NERVOSA/TRANSTORNO ALIMENTAR! ⚠️
se não se sente confortável ou lhe remete coisas ruins ler coisas desse tipo, pule essa parte!

SÃO PROVAVELMENTE DUAS DA MANHÃ. Vira, muda de posição, deita de bruços e ainda sim Zara não conseguiu pregar os olhos. Ela luta. Luta contra a própria vontade, batalha contra o próprio corpo, mas ela sabe que é como uma bomba relógio perfeitamente contada. Tem noção que à qualquer minuto, não poderá desobedecer o movimento das suas pernas e a velocidade da própria cabeça. Ela suspira. É exatamente isso. Ser refém da própria cabeça é torturante demais.

A garota se senta na cama e aperta os dedos contra o colchão. Seu coração acelera e ela sente o suor começar à escorrer. Ela fecha os olhos com força sabendo o que está acontecendo perfeitamente. De bônus, a ansiedade e o frio na barriga logo acompanham. Sua cabeça se nega várias vezes. Os pensamentos surgem tão rápido quanto o nervosismo momentâneo. Todas as palavras que já a disseram, todas as cenas que já presenciou, todo o bullying que sofreu por conta do próprio corpo ressurge em sua mente como uma fênix. Lá vamos nós, outra vez.

Ela não quer, de forma alguma, mas relutar é inútil.

Ninguém irá te amar se você não for atraente.

Como o esperado, é um piscar de olhos para que a jovem corra até o banheiro e ligue a luz rapidamente para se ajoelhar em frente a privada e deixar que o dedo toque sua garganta. A cena que ela mesma presencia é grotesca. Zara coloca tudo que comeu demais essa noite pra fora, junto com as prováveis mínimas frutas que seus pais a forçaram comer na estrada. A barriga e cabeça doem. O suor escorre e ela sente seu corpo fraco. Seu coração continua acelerado, mas agora, ela se sente aliviada.

Quando acha que está bom, Zara respira fundo e se levanta com um pouco de dificuldade. Pressiona a descarga e fecha a tampa do objeto. Logo, para em frente ao espelho. Suas mãos se apoiam no balcão da pia e ela percebe o quão descontrolada sua respiração está. Ela odeia se ver nesse estado. Odeia a forma como se sente mal depois de quase vomitar seus órgãos. Mas, ela também odeia seu corpo. Odeia se lembrar da forma que já olharam pra ele. Odeia as palavras que já a taxaram por conta do mesmo.

Ela sabia que nunca iria agradar ninguém se não fosse atraente. Bom, é o que ela pensa desde que fez onze anos.

Zara escova seus dentes rapidamente e molha um pouco seu rosto com água fria. Mais uma vez, ela estava ali, sozinha. Ela sabia que por mais que tivesse uma família relativamente perfeita, uma condição boa, tudo do bom e do melhor, ainda sim ela estaria sozinha. Faz pouco mais que um ano que havia se mudado pra Malibu, desde então, ela sempre optou por ficar sozinha e em seu canto. A única pessoa que tentou se aproximar, se afastou rapidamente ao perceber dos problemas que a garota tem. Uma risada nasalada escapa da mesma ao lembrar disso. Patético.

𝐂𝐇𝐀𝐍𝐆𝐄𝐒, 𝗺𝗮𝘆𝗯𝗮𝗻𝗸. ✓Where stories live. Discover now