XVI

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[Tarde seguinte] Pov Austin:

-Não, não, tá errado. Merda!- jogo as folhas grampeadas sobre a mesa, bagunçando ainda mais meu cabelo

O diretor do financeiro deixou sobre minha mesa essa porcaria de atividade do setor, logo depois do almoço. Eu mal tinha acabado de comer e já senti minha satisfação acabar. Sinceramente, Jeff é um temendo filha da puta que faz um bom trabalho.

Um dos melhores funcionários daqui, ele completa o perfeito esquadrão de meu pai. Pele negra e olhos sérios. Impossível de demitir, ainda mais difícil de suportar. Sinceramente, acho que ele ocuparia com gosto meu lugar de filho do fabuloso Robert Austin.

Assim que tento inutilmente entender as duas primeiras linhas do imenso relatório percebo que já são quase 17:00, ou seja, foda-se essa porra. Guardo tudo dentro das gavetas e desligo os aparelhos da sala, partindo um pouco mais contente para o elevador.

Franzo a testa ao perceber uma figura familiar debruçada no balcão da recepção.

-Ryland?- o acastanhado me abre um sorriso largo- O que veio fazer aqui?

-Eae Nick.- ele me comprimenta com um toque de mão- Vim te levar embora, mas acabei pegando de conversa com a Mari.

A mesma me olha enquanto coloca uma mecha atrás da orelha, terminando de rir para virar um gole de água.

-Então quer dizer que perdeu o medo do meu pai?

-Por que? Ele está aqui?- olhando rápido para os dois lados, sua ação exagerada ranca uma negação divertida da recepcionista

Desde que nos conhecemos Storms evita o máximo de contato possível com ele, talvez por medo de levar uma advertência, ou algo do tipo. Adoraria poder fazer isso também, fazer meu pai me odiar tanto que até faz de conta que não existo.

-Se não sairem agora creio que logo logo você vai vê-lo.- fala Mari, atraindo seu olhar

-Mas eu estava adorando fofocar com você...

-Desculpa interromper o clima intímo de vocês, mas sobre o que estavam falando?- pergunto curioso

-Bryce nos chamou para um festa hoje. E estava falando para Mari em como você sempre se ferra quando vai.- reviro meus olhos em tom de brincadeira

-E quando nós vamos?- estremesso de leve com a voz rouca atrás de mim

-Que eu saiba Sr. Lopez...- me viro para ele, cruzando os braços-apenas eu e Ryland fomos convidados, não você.

Vejo sua testa enrugar de leve em um semblante triste, fazendo um bico com seus lábios. Respiro fundo, tirando de mim os elogios relacionados à situação, ele não é nem um pouco fofo fazendo isso.

-É realmente uma pena, eu adoraria ir em uma festa hoje.- Tony diz, dando um passo a frente

-Pode ir se quiser.- olho feio para Storms

-Seria incrível, obrigado pelo convite Ryland. Quem sabe não convenso meu irmão à ir também?- vejo os olhos do acastanhado brilharem antes de um sorriso

Volto a encarar o Lopez menor, sua gravata está fora da gola de sua camisa e as mangas estão erguidas até os cotovelos. Que logo percebe meu olhar sobre si, então torna a caminhar para perto, poucos centímetros de grudar em meu peito.

Seu cheiro forte adentra minha narinas como um costume, e meus pêlos arrepiam com sua mão acariciando superficialmente minha bochecha. Ele não seria louco de me beijar em público, correndo um enorme risco de ser pego por meu pai, ou até pior, pela língua afiada de Ryland.

inside of meWhere stories live. Discover now