XXVII

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[Dois dias depois] Pov Austin:

Luto contra a movimentação exagerada em meus ombros. Há uma ligeira voz me chamando, estou tentando ignorá-la, desejando mais alguns minutos de sono debaixo dessa coberta aquecida.

Aos poucos me desligo da escuridão reconfortante, que pareço estar por pouco tempo para relaxar por completo meu corpo. O dia de hoje fora um tanto cansativo se analisarmos os dois dias seguidos que passei gozando naquela casa de praia.

Então sim, não quero acordar agora.

-Hora de acordar meu bem, vamos.

Solto um resmungo em resposta, o tom feminino chega a ser característico em minha mente mas não consigo diferenciar por completo. Eu giro meu tronco para cima, repensando a ideia de fingir estar morto. Mas acabo cedendo à um risinho que vem em seguida.

-Ahm..- abro os olhos devagar, me acostumando com a claridade presente no quarto- Bom...dia Lucy.

A mulher sentada ao pé de minha cama sorri gentil, esperando com os olhos calmos pelo comprimento matinal. Solto um bocejo preguiçoso antes de finalmente encará-la por completo, sentando poucos centímetros a sua frente para isso.

-Bom dia querido, feliz aniversário.- merda, sabia que estava acontecendo algo estranho, mas havia apagado isso da equação. Não sou fã de comemorar, mas esqueço que Lucy faz. Todos os anos.- Lhe trouxe um presente.

Então eu finalmente percebo uma caixa de embrulho vermelho em sua mão, franzindo a testa em surpresa, e ainda meio groge de sono, o segurei entre os dedos. Encarei os olhos fundos e cansados rapidamente, alegrando-me com esse pequeno gesto.

-Lucy...eu não acredito!- eu cubro minha boca, paralizado pelo cachecol amarelo dentro do pacote. Era um dos favoritos da minha mãe.- Como conseguiu? Não fazem mais deles por aqui.

-Peguei o dinheirinho que tinha guardado e pedi para uma amiga fazer.- Lucy sorri, e eu evito chorar- Sei que não é daqueles tecidos caros como a Sra. Jo usava, mas espero que goste.

-E-eu não posso aceitar...e sua casa? Seus remédios? Lucy, esse é seu dinheiro.- eu toco sua mão gélida, passeando meu polegar por sua pele- Não posso aceitar que gaste suas economias comigo.

-Não se preocupe meu filho, hoje é seu dia. Mais alguns anos aqui nessa casa não me farão tão mal.- agora seus olhos também enchem em lágrimas- Eu fiz seu bolo favorito também.

-Eu amo você Lucy, obrigado mesmo.- deixo o embrulho um pouco para o lado, conseguindo me esticar e me juntar em seu pescoço- Você é maravilhosa.

-Eu também te amo meu filho, sempre.

Lucy, sendo minha segunda mãe, desde os meus oito anos sempre fora a primeira a me parabenizar no meu aniversário. Seguido por meus amigos eufóricos e um cartão comprado pela secretária do meu pai, acompanhado por um terno bem passado que usarei mais tarde.

E como todos as comemorações desse idiota 1° de Julho, esse não passa longe.

Enquanto como um pedaço do doce feito pelas mãos maravilhosas da morena mais velha, passo os vídeos sorridentes que chegam no celular. Rindo a manhã inteira com os áudios idiotas de Storms e com a pequena discussão entre Avani e Jaden, decidindo quem é meu novo amigo favorito.

Cheguei até a ganhar um buquê da família D'amelio, e um áudio rouco de Vinnie pelo início da tarde. Holder me mandou uma mensagem escondida do chefe, me parabenizando também, conferindo duas vezes que não estava com uma perna quebrada.

Essa fora a maneira que encontrei de passar as horas sentado na mesa do jardim, observando o movimento agitado dos funcionários dentro da mansão.

inside of meWhere stories live. Discover now