|Capítulo 2|

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  → Zayn Malik.

Quem diria que uma ajuda em um banheiro de um karaokê iria fazer eu viciar em dois olhares que ficaram marcados para o resto de minha vida em minha mente? Dias, meses e até mesmo um ano com aquela voz calma de um anjo e um abraço tão acolhedor que nunca tinha recebido, mas o medo de tentar ir novamente naquele karaokê e ter outra crise de pânico por conta do barulho e das pessoas me tocando mesmo que fosse sem querer, meus amigos até tentaram fazer com que eu fosse novamente mas simplesmente não consegui ir em nenhuma vez, até que por algum motivo hoje acordei com vontade de sair, fui até no mercado mas logo tive que voltar para casa pois estava cheio demais e era melhor evitar tanto contato assim. Mais a noite liguei para Alex e pedi para o mesmo ir comigo no karaokê e bem, péssima escolha, ele fez disso uma festa e chamou outros amigos, resultado? Novamente estou sentado em meio a tantos bêbados, desta vez tinha trazido meus fones para conseguir combater um pouco dos gritos e barulhos, mas em um determinado momento senti vontade de ir ao banheiro, avisei a Alex e fui em direção ao local que há um ano atrás me fez conhecer dois rapazes.

Talvez fosse ironia do destino ou talvez nós tivéssemos um chip para dizer onde deveríamos ir, assim que abri a porta do banheiro pude ver o mesmo casal de um ano atrás e por algum motivo me senti um pouco mal, eles pareciam tão surpresos quanto eu e talvez um pouco felizes por terem me visto? Eu não sei. Sorri totalmente sem graça e fui para uma das cabines mas um sotaque irlandês me paralisou, quando me virei para ver as feições do loiro e do castanho, meu coração deu uma certa acelerada e minha garganta deu uma leve arranhada, o rapaz ao lado do loiro tentou concertar sua roupa para então me cumprimentar.

— Olá, quanto tempo uh?

— Que formal, olá! Como está?

Hm.. Oi, estou bem e vocês? Estou apertado!

— Nós somos estranhos o suficiente para ele não querer falar conosco? - o loiro sussurrou.

— Ele só esta apertado, vamos amor. - sussurrou de volta. — Hey tchau!

— Vocês podem esperar… eu realmente estou apertado e bem.. eu já falo com vocês!

O que eu estava fazendo? O que iria falar? Não tenho nada para dizer aos dois, Zayn seu burro, apenas fechei a porta da cabine antes que ambos falassem alguma coisa, não sabia se eles iriam me esperar para conversar, após fazer minhas necessidades tentei tomar coragem para sair e ver o vazio que estaria o lugar, mas na verdade apenas vi os dois rapazes trocando alguns beijos e provavelmente a minha espera, lavei minhas mãos ouvindo o castanho dizer que não era recomendável usar os sabonetes, não que eu realmente fosse usar mas ok, descartei os papéis e sequei minhas mãos em minha calça jeans, estava nervoso.

Nós três ficamos nos encarando por muitos mas muitos minutos sem saber o que falarmos, quando estava prestes a perguntar o nome dos dois já que não me recordava muito bem, o castanho e que parecia ser o mais velho, me olhou com um sorrisinho adorável e olhou para bolso da minha calça onde estava meus fones de ouvido caindo aos poucos, os afundei novamente no bolso e sorri sem graça.

— Pelo visto trouxe seus fones de ouvido hoje.

— Sim, é melhor do que ficar enchendo o saco dos meus amigos por conta dos meus problemas.

— Vocês saem para lugares calmos? - O loiro me pergunta.

— Não, eles acham chato... Desculpe, qual é o nome de vocês? Eu.. não me lembro..

— Acho que conversamos sobre muitas coisas na última vez que nos vimos mas não nos apresentamos. Sou Liam e este é meu namorado, Niall.

— E você?

— Sou Zayn. Foi bom revê-los... Depois de um tempo.

— Realmente, foi legal.

— Pelo menos não ouviu nossos gemidos desta vez.

— Isso é verdade, seria meio embaraçoso. - Acabei rindo.

E mais uma vez ficamos parados dentro do banheiro trocando assuntos sobre nossas vidas como se nos conhecêssemos há muito tempo e que claramente havíamos uma amizade sem um dos três estar bêbado porque claramente o rapaz do sotaque irlandês estava levemente alterado e o tal de Liam tentava acalma-lo, parecia que o loiro estava um pouco frustrado com o fato do namorado não querer transar com ele na cabine do banheiro como da última vez que os vi, sim, ele falou sobre isso em um tom alto fazendo Liam se envergonhar.

Trocamos os números e em momento algum me senti mal ao estar perto deles, nem mesmo quando trocaram um rápido beijo, desta vez não tive nenhuma crise perto deles e nem mesmo tivemos contato físico ou alguém cantando para me acalmar, talvez fosse a primeira saída que não me deixasse aflito o suficiente para uma crise de quase choro, espero estar finalmente me libertando de algo que eu nem sei o que é, mas a sensação de preso ainda persiste em meu corpo. Nós três em um determinado momento fomos para fora do karaokê e nos sentamos em uma mesinha que tinha ao ar livre, Liam pediu água para nós e novamente nos perdemos nos assuntos sobre como a vida era e um pouco sobre a vida amorosa dos dois, pelo que entendi os dois estavam no início do relacionamento e eram amigos desde a infância, isso me deixou um pouco curioso mas me contive, queria saber como era ter o mesmo amigo por muitos anos e ele não ter enjoado de mim, a maioria dos meus amigos são de meses, talvez Alex seja o único que eu tenha desde o ano passado, as pessoas não costumam ficar do meu lado após me verem em uma crise séria.

A noite estava sendo ótima e pela primeira vez em vinte e quatro anos eu estava me sentindo maravilhoso, o ar fresco, a água gelada e a música que não estava tão alta devido o fato de estarmos fora do karaokê fazia tudo ficar perfeito, talvez pudéssemos ser grandes amigos, não sei.

Minha única certeza é que eu me sinto bem perto deles.

Calm | NiziamWhere stories live. Discover now