Falsas promeças

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11 de maio de 849 da 10° Era do mundo



É sempre isso. De tempos em tempos eu tenho o mesmo sonho. Nele eu estou numa nave, e ela é engolida por um buraco negro. Todos morrem. Todos, exceto eu. Momentos depois eu estou às margens do lago Quëën. Acontece uma explosão, e... eu a encontro.

Quando não é isso, eu estou no que parece ser Tamura. Acontece uma luta feroz, pessoas morrem, uma em particular me abala sempre que o vejo no sonho. E então eu acordo. O que isso significa? Qual o sentido de sonhar sempre as mesmas coisas?

— Então você estava aqui... — ouvi a voz grave de Bronn. Um cara de minha altura bem musculoso e gosta de lutar com um machado pesado de duas mãos. Cabelos castanhos claros, barba por fazer e voz relativamente grave.

— Eu queria ficar um pouco sozinho — lhe respondo enquanto me levantava. Eu estava do lado de fora do dirigível que nos levava de volta a Murien, a capital de Thelari. Há três meses eu e Bronn fomos enviados para inspecionar a construção do gerador de gravidade artificial para nossa nova base. Mas ontem tivemos que explodi-lo, já que não podemos deixar nossos inimigos suspeitarem o que queremos. Logo esta guerra irá acabar e poderei parar de lutar.

— Está nervoso?

— Ainda acho que explodir o gerador de gravidade artificial só os fez suspeitar mais — respondi enquanto voltava a observar a paisagem passando, se bem que não tem muito para ver já que estamos sobrevoando o oceano.

— Fizemos o que era necessário, temos os planos do projeto. Construi-lo novamente não será complicado. Mas não é disso que estava falando...

— Do que é então? — questionei ainda olhando para o oceano, embora eu tenha certeza do que ele vai responder. Ele se apoiou no parapeito ao meu lado e me encarou com uma cara de pervertido. — ...Eu nem pensei nisso...

— Há! Você corou, então estou certo! — ele disse aos risos. — Vamos, não faça essa cara. Você está com saudade dela.

— C-Claro que estou...! — respondi nervosamente. Provavelmente estou corado agora...

— O grande Inquisidor... enfrenta vários soldados sozinho, mas tem medo de ficar cara-a-cara com sua rainha/namora! — ele zombou enquanto ria. — Relaxe Adam, ela não fará nada que você não queira... eu acho.

— Encorajador... — eu e Lilith já estamos juntos a pouco mais de um ano, mas eu ainda fico envergonhado perto dela. Mas ela só age como namorada quando estamos a sós, fora isso ela é uma rainha fria e calculista.

Eu perdi minha memoria relativa a mais de três anos atrás. Ela me disse que quando invocou os demônios e o Reino Demoníaco em Zesthirya, eu estava muito próximo do marco zero, e com consequência minha mana foi afetada diretamente fazendo com que eu ficasse em coma.

Quando acordei em Murien três anos atrás, ela estava sentada ao lado da cama que eu estava. Ela apertava fortemente minha mão, e quando ela percebeu que eu abri os olhos, tudo que ela fez foi chorar e me abraçar. Só descobri que ela era rainha um mês depois, quando estava totalmente recuperado. Mas desde que acordei, venho sentido que a ligação que tenho com ela é bem mais profunda que namorado e namorada. É como se eu precisasse fazer algo em relação a ela, mas não consigo assimilar bem o que é. Uma mescla de dor e raiva, não sei explicar... é come se eu tivesse que...

— Estamos chegando — a voz de Bronn me trouxe de volta de meus pensamentos. A uns cinco quilômetros estava à baia de Murien, onde naves e navios de carga ficavam. Atualmente ele é uma mescla de garagem para as naves do exercito e porto para as outras naves e navios que traziam suprimentos, armas e munição, e mais um monte de coisas.

As Crônicas de Zesrhirya: GuerraWhere stories live. Discover now