O Fim - Parte I: Na palma do destino

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04 de agosto de 849 da 10° Era do mundo



O céu distorcido acima de nós banhava tudo de vermelho. Olhando para ele é possível ver que as rachaduras aumentaram em número e tamanho. Parecia um grande espelho vermelho, mas sem reflexo. Era uma visão linda e apavorante. Não estava mais frio, um vento levemente quente soprava do céu distorcido.

Logo abaixo em Karath, os cidadãos amontoavam as ruas caminhando em direção ao palácio de Alucard, onde o portal para o Reino Celestial está, a última esperança, mas infelizmente nem todos poderão atravessa-lo. Muitos se amontoavam nas portas do palácio em busca de salvação, mas em vão. Se todos atravessarem o portal, não é certo que os celestiais possam manter um número tão grande de pessoas.

Observando de uma janela, com uma sombra sobre seu rosto, Saphira mantinha um olhar pesado e triste. Ela estava de pé com os braços cruzados; vestia um vestido brando que caia até um pouco abaixo do joelho.

— E pensar que eu viveria para ver tal cena... — ela suspirou.

— Não tivemos escolha — disse Alice enquanto vestia sua armadura prateada.

— Aposto que Lilith diz isso a si mesma com frequência — Saphira provocou. — Você não sente nada? — ela questionou enquanto colocava sua mão sobre o vidro da janela. — Vê-los assim... isso não a deixa...

— Culpada? Não. Sei que é a escolha certa. Até por que não havia outra maneira — Alice então se virou em direção a Saphira. — Não esqueça o que combinamos. Você deve liderar os sobreviventes no Reino Celestial.

— Tem certeza disso? — Saphira voltou seu olhar triste para Alice. Um contraste se formou. De um lado os olhos de Saphira demonstravam uma tristeza imensa; do outro os olhos frios de Alice, que a desde a derrota na base Argos, estão frios e sem emoções.

— Assim que todos passarem feche o portal. Assim o Reino Celestial e Zesthirya estarão definitivamente separados, e as chances do ambos serem destruídos diminuirá.

— Sinto muito que tenha terminado assim... — as lágrimas de Saphira finalmente começaram a cair. — Achei... achei que teríamos mais tempo. Eu... eu só queria que tivéssemos mais um pouco de temp-... — Com um abraço apertado, Alice envolveu Saphira em seus braços. — Alice?

— Este não é o fim. Você terá todo o tempo para uma ótima rainha. Apenas... apenas não cometa os mesmos erros que eu.

— Escuta... — Saphira afastou-se de Alice. — Alic-... hã!? — De repente o corpo de Saphira ficou frio. Por um breve momento seu coração quase parou e seus pés fraquejaram. Alice a segurou e impediu que ela caísse.

— Ei! Saphira! O que foi?! — Alice questionou preocupadamente enquanto a pegava no colo e a carregava até um sofá ali perto. Alice a deitou gentilmente. Saphira a segurou com força apertando seu ombro. — Ei, o que foi? — questionou Alice mais uma vez.

— Adam...

— Hã?

— O Adam está... vivo.

— O-O que? Mas ele morreu na explosão da base Arg-...

— Eu tive uma visão! — Saphira a interrompeu. — A realidade estava se despedaçando como vidro. Adam estava segurando você em seus braços. Você... você estava morta. O corpo de Lilith não estava muito longe de onde vocês estavam...

— Calma. Lembre-se de que suas visões são apenas um destino possível. Não é certo que isso vai acontecer. Além disso, se o Adam está mesmo vivo... então... então ainda há esperança! — enfim, depois de muito tempo, o coração de Alice se encheu de esperança mais uma vez. Seus olhos brilharam de felicidade enquanto ela imaginava o futuro salvo.

As Crônicas de Zesrhirya: GuerraWhere stories live. Discover now