O primeiro passo

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17 de maio de 849 da 10° Era do mundo – Murien

Toc, toc.

Eu bati na porta do quarto onde Saphira, a deusa da terra está. Ela chegou a Murien ontem à noite para meu julgamento, que ocorrerá hoje as 14 horas. Alice disse que Saphira queria conversar alguma coisa comigo, mas nem imagino o motivo.

Minhas memórias ainda estão confusas e desconexas, mas aparentemente eu a conhecia. Mesmo assim não consigo pensar num motivo para esta convocação...

Um suspiro escapou de meus lábios enquanto eu aguardava a porta se abrir, o que não demorou muito. A porta se abriu e contemplei os olhos verdes penetrantes da deusa da terra me encarando. Ela é mais baixa que eu, olhos e cabelos verdes. Está usando um vestido amarelo.

— Chegou cedo — ela disse gentilmente com um ar de surpresa. — Ainda não tem nada pronto.

— "Nada pronto"? — questionei erguendo uma sobrancelha.

— Sim. Mas pode entrar — ela falou abrindo caminho para eu entrar.

Ao entrar percebi que este lugar não tem nada "quarto". Está mais para um apartamento. Sala de estar e cozinha são divididas por um galpão. Uma pequena varanda do lado oposto a porta da qual passei, e na parede esquerda duas portas: uma provavelmente leva ao quarto e a outra um banheiro.

Minha cabeça então se voltou para a cozinha, da qual um cheiro maravilhoso era emanado. — Gosta do cheiro? — ela perguntou.

— Sim... o que é?

— Hmm... — ela colocou o dedo indicador da mão direita no queixo. — Ainda não sei... estou improvisando.

— Incrível...!

— Fique a vontade. Sente-se — ela disse apontando para um sofá de dois lugares encostado na parede. — Vou terminar o que eu estava fazendo. — Ela disse voltando para cozinha. Agora parando para pensar, não são muitas as vezes que posso relaxar assim. a maior parte do tempo estou de guarda, ou numa missão. Nem quando eu estava com Lilith... ah, o que estou pensado?! — Adam, você gosta de biscoitos? — a bela voz de Saphira ecoou pelo apartamento.

— C-Claro! Quem não gosta? — falei rapidamente.

— Não precisa ficar nervoso. Não vou fazer nada com você — ela disse enquanto ria.

— Posso... posso fazer uma pergunta?

— Não, eu não sou comprometida.

— O-O que?! Não... não era isso que eu... — ela começou a rir enquanto meu rosto se tornava tão vermelho quanto um tomate.

— Oh, então não era isso? — ela disse enquanto se virava em minha direção mostrando uma expressão inocente com um quê de provocação. Eu não respondi. Apenas fiquei com uma postura muito mais rígida do que anteriormente. — Não fique tão nervoso, Adam. Você sempre fica assim perto de mim! — ela disse enquanto ria. Mas isso que ela disse...

— Então... então nós já nos conhecíamos... — afirmei quase que num sussurro.

— Sim... — um clima pesado tomou conta do lugar fazendo com que eu e ela ficássemos em silêncio por um longo tempo. O único som que podia ser ouvido eram os que ela fazia na cozinha. Depois de alguns minutos ela finalmente voltou a falar. — Terminei! — levantei minha cabeça e a vi vindo em minha direção com uma bandeja de biscoitos. Ela os colocou em uma pequena mesa de centro em frente ao sofá que eu estava. — Espero que goste — ela disse enquanto se sentava na outra ponta do sofá.

— Nós... — falei enquanto pegava um biscoito. — Já nos conhecemos, não é?

— Sim... você... você realmente não se lembra, não é?

As Crônicas de Zesrhirya: GuerraWhere stories live. Discover now