Capítulo 7 - Que Hay Detrás

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POV Miguel

Eu aprendi inúmeras lições nos três últimos anos. Aprendi que vingança não é o melhor caminho a se escolher, aprendi a dar valor aquilo que realmente importa, aprendi que as pessoas que você mais odeia podem ser as únicas que lhe estenderão a mão quando você precisar. Entretanto, a lição que eu mais amei aprender, e que eu seguia aprendendo todos os dias, era a de que não deveríamos julgar as pessoas pela imagem que elas passam, pela primeira impressão que temos, porque afinal quem poderá saber o que há escondido atrás do sorriso que levamos no rosto? Essa lição quem me ensina todos os dias é Mia Colucci.

A primeira vez que a vi o único pensamento que me veio à mente foi "gostosa pra caralho", contudo toda a atração que eu poderia sentir foi logo mascarada pelo ódio que nasceu quando eu descobri de quem ela era filha. Irônico pensar nisso já que hoje considero Franco como meu segundo pai, sendo aquele que melhor desempenha esse papel na ausência do meu, me orientando da melhor forma que pode, sem fazer distinção nenhuma entre mim e suas filhas.

À medida que o tempo foi passando, desvendar a personalidade de Mia se tornou uma das minhas coisas favoritas, e quanto mais a gente se aproximava e desenvolvia uma relação, mais ela mostrava de si mesma e do seu interior, me deixando cada vez mais fascinado. No início ela parecia ser apenas uma patricinha metida, com uma autoconfiança gigante e completamente ciente da beleza e do poder de sedução que possuía. Posteriormente eu fui percebendo que isso era apenas a armadura que ela usava para esconder seus verdadeiros sentimentos e a insegurança que sentia em ser abandonada por aqueles que amava. Quando a confiança foi crescendo entre nós dois e ela foi percebendo que eu não iria a lugar nenhum, finalmente ela libertou a menina extremamente romântica e amorosa que existia dentro dela e assim eu pude perceber que ela seria capaz de fazer qualquer coisa por aqueles que amava.

E quando eu pensava que ela não poderia me surpreender mais e que eu já a conhecia o suficiente, a vida me mostrava o quão errado eu estava. Essa noite foi marcante por inúmeros motivos diferentes, mas o principal deles foi porquê marcou a primeira vez que a minha namorada ficou bêbada. Óbvio que ela já tinha bebido antes, ficado mais alegre e com menos papas na língua algumas vezes, mas essa com certeza foi a primeira vez que ela tomou um porre de verdade. O álcool tirou todas as barreiras que ela um dia construiu e eu ficava louco só de lembrar o nosso sexo no banheiro. Nem nos meus melhores sonhos eu imaginaria que faríamos o que aconteceu ali. Isso tudo me fazia pensar em quantas versões ainda existiam dentro dela, escondidas por tantos padrões e regras impostas pela sociedade, me fazendo querer desvendar todas elas.

Por um momento eu pensei que Mia não estava tão bêbada, mas então o tempo foi passando e eu próprio fui melhorando dos efeitos do álcool, com a sobriedade, veio também a percepção de que eu nunca a tinha visto daquela forma. Agradeci pelo meu senso de responsabilidade ter falado mais alto ao menos dessa vez, me fazendo parar de beber, pois assim eu conseguiria cuidar para que chegássemos até o hotel com segurança.

Enquanto eu segurava os cabelos de Mia para que ela vomitasse pela décima vez na noite, minha mente estava atormentada pensando que talvez ela se arrependesse de tudo que fizemos aquela noite assim que recuperasse a sobriedade. Eu estava ciente de que se isso acontecesse, a culpa seria minha, afinal ela bebeu demais depois que brigamos e eu estava conversando com outra mulher ao invés de estar cuidando da minha namorada. Além disso, mesmo eu tendo bebido durante a noite, com toda a certeza estava melhor que Mia e deveria ter tido a responsabilidade de não transar com ela em um banheiro de boate sabendo que ela jamais faria isso se não estivesse com o seu organismo repleto de álcool. Meus pensamentos estavam dúbios: viajavam entre a completa felicidade por tudo que havia acontecido e um segundo depois o meu lado responsável gritava que eu havia agido da maneira mais inoportuna do mundo. Infelizmente, ou não, eu não teria muito tempo para refletir naquela noite.

A esperada primeira vez  de Mia e Miguel - MyMOnde histórias criam vida. Descubra agora