Capítulo 11 - Ser o Parecer

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POV Mia

Eu sempre amei o mar desde pequena, minha princesa favorita era a pequena sereia e eu não sosseguei enquanto meu pai não me colocou em uma aula de natação para que eu pudesse aprender a nadar como ela. Eu me identificava muito com a história, pois assim como Ariel, sonhava em ter uma vida diferente, sentia muito a falta do meu pai e imaginava constantemente como seria se a minha mãe fosse viva. Certa vez meu pai me presenteou com duas pelúcias dos amigos da pequena sereia, Sebastião e Linguado, e desde então eu carregava aqueles dois para onde quer que eu fosse, dormia abraçada a eles e entrava em desespero em não os ter por perto. Ainda hoje eles têm um lugar especial em uma prateleira no meu quarto, mesmo que estejam velhos e desbotados, sou incapaz de me desfazer daqueles que foram meus únicos amigos e que fizeram a minha infância menos solitária.

A sensação do sol esquentando a minha pele, o barulho das ondas quebrando na praia, o vento movimentando o meu cabelo e o cheiro incomparável da maresia me davam a sensação de nunca estar sozinha, me tranquilizavam de uma forma que me fazia acreditar que eu era capaz de tudo e que eu conseguiria realizar todos os meus sonhos. Nunca compreendi muito bem essa minha ligação com o litoral, hoje analisando melhor, acredito que se deve ao motivo de que normalmente as viagens que fazia com o meu pai para a praia nunca estavam relacionadas a nada da empresa e pelo menos naqueles dias eu tinha sua atenção só para mim, sem nada para competir. Contudo, independente do motivo, é inquestionável que quando eu penso em um lugar feliz, as lembranças que preenchem a minha mente têm cheiro de maresia e gosto salgado.

Talvez devido à todas essas memórias afetivas, viagens para a praia também se tornaram extremamente especiais para mim e Miguel e, mais uma vez, vivemos dias incríveis tendo aquele mar paradisíaco como plano de fundo para o nosso amor e sendo abençoados pela luz que emanava do sol durante o dia e que era substituída pela lua quando ele se punha no crepúsculo. Contudo, parafraseando um dos meus livros favoritos da minha pré-adolescência: Não importa quão perfeito seja o dia, ele sempre tem que acabar. Sendo assim, mais uma viagem maravilhosa chegava ao fim e eu tentava conter a tristeza que se apossava de mim por termos que retornar para a vida real tão rápido. Lembranças dos momentos maravilhosos que vivemos nessa viagem rodavam a minha mente enquanto eu tinha a cabeça deitada no peito de Miguel, sentindo suas caricias nos meus cabelos naqueles últimos instantes antes do avião pousar na Cidade do México. Meu peito já se contraía em saudades de ficar pertinho assim do meu namorado, sabia que logo a rotina nos atrapalharia, além do que, meu pai certamente implicaria com nossos encontros depois que descobrisse que ficamos no mesmo quarto... Suspirei mais uma vez e senti um beijinho no topo da minha cabeça me tranquilizando.

Assim que desembarcamos enxerguei meu pai e Alma nos esperando e fomos encontrá-los, percebi que estava ainda com mais saudades deles do que imaginava, no momento em que senti seus braços me rodearem em um abraço apertado. Alma estava em êxtase em nos ter de volta em casa e distribuía beijos e abraços apertados em nós três, Roberta revirava os olhos do meu lado e resmungava de como aquela cena era vergonhosa, enquanto eu e Josy aproveitávamos o carinho com um sorriso enorme no rosto.

Com muita dificuldade e com lágrimas nos olhos me despedi de Miguel que foi para casa direto do aeroporto. Seu novo apartamento era um tanto quanto distante do condomínio onde morávamos, mas ficava perto da empresa e da faculdade, o que seria extremamente útil para facilitar o seu dia-a-dia. O restante do dia foi aproveitado em um momento familiar que se tornava cada vez mais comum: nós cinco espalhados pela sala de estar comendo bobagens enquanto conversávamos. Contamos sobre a viagem, omitindo certos acontecimentos obviamente, e aproveitamos aquela sensação de paz e calmaria, empurrando para baixo do tapete todo e qualquer problema que poderia nos atrapalhar. Contudo, infelizmente eu não posso fingir para sempre e após uma boa noite de sono já estou extremamente ansiosa por ter uma conversa pendente com a minha mãe. A verdade é que por mais que eu queira resolver logo essa situação e terminar com essa angústia que me corrói, eu morro de medo de acabar discutindo com ela e comprometendo ainda mais a nossa relação que ainda é extremamente frágil.

A esperada primeira vez  de Mia e Miguel - MyMTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang