Capítulo 2 - Bésame sin miedo

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POV Miguel

Estávamos no saguão da escola após a formatura, eu abraçava Mia enquanto conversava com Franco sobre a empresa, ou melhor, tentava conversar, pois era impossível me concentrar em algum assunto com seu corpo tão colado ao meu, ainda mais quando ela me olhava de uma maneira tão intensa, me encarava como se quisesse me transmitir algo com o olhar e suspirava quando eu estreitava meus braços ao seu entorno. Deus! Essa menina vai me deixar louco. Ou melhor, já deixou, pois se alguém me falasse alguns anos atrás que eu pediria uma mulher em casamento durante a formatura do ensino médio eu diria para me internarem, pois jamais faria isso em sã consciência.

Mia virou minha vida de cabeça pra baixo completamente, vim com o objetivo de me vingar da sua família, mas fui incapaz de resistir à essa menina. Lembro com detalhes da primeira vez que a vi, foi perceptível que ela também sentiu aquela corrente elétrica que percorreu nossos corpos no momento em que nossos olhos se encontraram, naquele momento decidi que eu precisava ficar com aquela garota. Óbvio que eu não acreditava em amor à primeira vista e em todas essas bobagens românticas que a Mia adora, mas era indiscutível que havia rolado uma química ali e além disso, eu não era nenhum cego, Mia é maravilhosa, tem os olhos mais profundos que eu já pude admirar, a boca que parece implorar para que eu a beije e um corpo que faria qualquer homem ficar louco. Ela é muito gostosa e isso sempre me tirou do eixo. Entretanto, logo que descobri sua verdadeira identidade percebi que seria impossível eu me envolver com ela sem ferir a memória do meu pai, dessa forma tentei odiá-la por um tempo, mas era impossível, eu mentia para mim mesmo o tempo todo. Com o tempo, fui percebendo que Mia era muito mais que um rostinho bonito e um corpo de dar água na boca, fui conhecendo sua personalidade e isso fez com que eu a admirasse ainda mais, comecei a me apaixonar pelo seu jeito meigo, pela forma em que ela acreditava no melhor das pessoas e em sua ingenuidade que a impedia de ver o quanto as pessoas poderiam ser más quando queriam. Mia é dona de uma personalidade assombrante, ela sabe o que quer e não tem medo de lutar por isso. Mesmo fazendo de tudo para agradar o seu pai, não deixa que isso a impeça de protestar para ajudar uma amiga que foi injustiçada ou de mentir para realizar o seu sonho de cantar. Ela me fascina por sua coragem e quebra o meu coração em mil pedacinhos com sua ingenuidade e carência quando aqueles impressionantes olhos azuis brilham pedindo carinho, pedindo atenção e amor, e eu morro com o sorriso que vem em resposta, quando ela ouve "coisas bonitas" que a fazem se sentir amada e importante.

Ela tem pose de durona, mas a verdade é que no fundo ela sente-se carente por ter sido criada longe da mãe e com o pai tão ausente devido ao trabalho. Mesmo que ninguém tenha dúvidas do quanto Franco a ama e daria o mundo a ela, todos sabemos o quanto ela sentiu falta de uma presença maior dos pais na infância e o quanto isso faz com que se sinta insegura hoje em dia. Dessa forma, meus sentimentos por Mia foram evoluindo de uma atração física, para uma paixão adolescente, chegando por fim em um amor intenso que preenche o meu coração e impede o meu cérebro de pensar. Contudo, não foi fácil para mim admitir tudo isso, eu neguei enquanto pude e tentei transformar o amor em ódio, afinal "sabe que al amor y al odio los divide una linea muy delgada".

Cada vez que o seu cheiro me tirava o fôlego, eu a insultava, cada vez que eu via suas coxas perfeitas por baixo daquela saia curta, eu a provocava. Assim ficamos nesse jogo de gato e rato pelo que pareceu muito tempo, até enfim admitirmos nossos sentimentos. Lembro com detalhes do primeiro beijo que trocamos, da sensação de ter os seus lábios nos meus, seu corpo estremecendo nos meus braços e sua língua brigando com a minha de uma maneira que quebrava toda a pose de princesinha certinha e obediente ao papai que ela queria passar. Ela era selvagem no beijo, tanto quanto eu que agi como um adolescente inexperiente e ficava excitado toda vez que lembrava daquele momento.

Passamos por muitos altos e baixos, muitas idas e vindas, algumas por minha culpa, outras por culpa dela, mas o que percebemos é que tudo aconteceu por falta de comunicação. Não falávamos abertamente um com o outro e acabávamos deixando intrigas e fofocas abalarem nossa relação. Hoje, pensando friamente, creio que apesar de termos sofrido muito, foi bom passarmos por essas experiências porque isso nos fez mais fortes, mais confiantes e mais seguros do que queremos e do que sentimos. Eu tinha certeza de poucas coisas, mas uma delas era que Mia era o amor da minha vida e que eu queria ficar com ela para sempre.

A esperada primeira vez  de Mia e Miguel - MyMWhere stories live. Discover now