Capítulo 20 - Não é o Ponto Final

50 6 0
                                    


Julie conseguiu se inscrever no I Festival de Música do Peche, estava apreensiva sobre a música que apresentaria dali um dia. Afinal, Thalita havia roubado a feita anteriormente. Logo agora que finalmente estava animada, parecia que as coisas dariam errado novamente.

Passou os últimos quatro meses se lamentando pela partida dos garotos e quase não fez a inscrição, já que tinha planejado participar com eles. Toda vez que pensava neles, sentimentos de raiva e tristeza vinham. Eles a deixaram num momento crítico, com somente uma carta.

Beatriz foi quem a incentivou, não deveria deixar passar essa oportunidade, eles escolheram ir por conta própria. Bia também estava chateada, Martim tinha virado um grande amigo, e ele não falou nada, nem um bilhetinho.

Nicolas ajudou Julie nesse tempo. Alguma coisa além de amizade crescia entre os dois. O garoto mesmo deixava transparecer, em cada conversa e gesto, que gostava dela. Os dois nesse momento caminham de volta de um passeio, haviam estado o dia juntos. Antes de ir embora, em frente à casa da garota, eles se despedem.

-Espero que o dia tenha sido inspirador, você vai precisar - diz ele segurando sua mão, está feliz por estar ali.

-Obrigada por ter me aturado – Ela está sem graça. Julie passou muito tempo gostando de Nicolas, essa cena para ela seria tudo. Talvez não agora. Sentia algo sim, só não aterrador como antes. É esse pouco de sentimento que a incentiva a dar o próximo passo.

Ele se aproxima mais dela. Segurando seu rosto ele deposita um beijo em seus lábios, que ela corresponde. O primeiro beijo deles, singelo. Eles se separam e dão boa noite um para o outro.

Julie vê Nicolas indo e quando ele se vira para acenar, ela devolve o gesto. Talvez fosse a pressão de ter que escrever uma música tão rápido. Não foi como ela esperava no final das contas. Não tinha a emoção que ela pensou que teria. Não foi ruim, mas não sentiu as borboletas no estômago, nem viu as estrelas brilharem mais. Foi normal.

...

Depois de muito chocolate e uma noite inteira acordada, a garota enfim conseguiu escrever. Ela entendeu sobre o que deveria ser a música, e, por mais que estivesse triste com a partida dos amigos, eram as coisas boas que deveriam ficar. E é com essa música que ela consegue sua vaga para o festival.

Está ansiosa para a apresentação. Cantará para o Peche! Anda de um lado para o outro tentando se acalmar, o violão em suas costas. Se senta um pouco, esperando sua vez. As pernas balançam.

O pai dela não a verá, pois ele estará ocupado no trabalho. Todavia, Nicolas e Bia a acompanham, o garoto na plateia, a amiga nos bastidores.

...

Em casa, Pedrinho está entediado, queria ter ido para o show, porém tem que terminar seu dever de casa. Como seria mais fácil se os fantasmas estivessem ali, eles poderiam conseguir as respostas para prova e trabalhos num piscar de olhos, ou otimizariam o tempo gasto com a realização desses, podendo focar no que realmente importa, a pura ciência.

Em uma de suas pausas, o menino vai atrás do seu caderno que havia deixado na edícula. Chegando nessa parte da casa, ele não encontra o objeto de primeira. Acaba por se entreter com outras coisas que acha, inclusive uma sacola com as roupas de bichinhos dos fantasmas, estava bem escondida. Julie tentou jogar, correu antes do caminhão de lixo chegar, buscando arrependida pelos pertences. E entre tantas tralhas, acaba encontrando um CD, que ele nunca havia visto. Fica curioso e coloca para tocar.

O cômodo brilha e venta forte. Pedrinho se assusta a ponto de soltar um grito, se acalma ao notar que em sua frente estão Daniel, Martim e Félix, com cara de tontos.

UNSEENOnde histórias criam vida. Descubra agora