Capítulo 13 - Paixões

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Nas dependências da galeria de Cindy, cadeiras foram arrumadas em fileiras de frente para uma tela branca de plástico onde imagens de cavalos são emitidas por um projetor colocado em algum ponto no teto da sala

- Vai demorar pra sessão começar? – O cacheado pergunta sentando numa das cadeiras vazias ao lado da garota.

- Acho que não, a Bia disse que seria 15h, e faltam 15 minutos – Verifica em seu relógio de pulso.

- Qual o filme? – Ele pergunta estendendo as pernas e cruzando os braços

- O Fantasma da Ópera.

- O de 1925?

- Se for o mais antigo.

- Gosto bastante, era o favorito da minha mã... – Ele mesmo se interrompe.

- Você ia dizer que era o favorito da sua mãe? – Ele ia deixar para lá, pois preferia não pensar. Porém, logo começou a contar.

- Ela gostava de todos os filmes e do livro. Esse era o favorito. – Dá um sorriso singelo ao lembrar

- Que demais! Você quase não fala sobre sua vida antes. – Ela olha para seu rosto, tentando enxergar o que ele havia vivido, querendo saber o que ele pensa e sente.

- Não tem muito o que ser dito. A gente tenta deixar essas coisas pra trás. – Ele sai de seu devaneio quando algumas pessoas chegam. Ia se levantar, mas para quando Julie sinaliza.

- Espera, eu vou colocar meu casaco na cadeira pra dizer que alguém vai sentar, e também vou colocar essa bolsa. Assim você pode ficar do meu lado sem problemas.

- Quer mesmo que eu sente? Quero dizer, eu posso ficar em pé.

- Não, não, eu prefiro assim.

A delicadeza com que os braços dos dois se encostavam poderia parecer normal e quase sem graça, mas eles sentiam como se a energia daquele simples toque fosse um conforto.

...

- Aquele garoto que você trouxe é muito bonito. – Diz a dona da galeria, anotando coisas em seu notebook. Estava querendo iniciar uma conversa importante, um alerta para a garota.

- É, né, Cindy? – Bia, sorri toda boba.

- Não quero dar pitaco na sua vida. Longe disso, mas, apesar de ser bonito, ele não tem muito em comum com você. Eu vi você toda empolgada falando sobre Monet e ele disse que era sem noção, rabiscos coloridos. Sua cara de envergonhada era vista de longe. Sua amiga não achou legal.

Bia estava num dilema. Era a primeira vez que um garoto a procurava, ela ficou nas nuvens, achando que seu bilhete para o mundo do amor tinha chegado. As pessoas não entendiam, nem tudo poderia ser perfeito, ele não gostaria de todas as coisas que ela, nem ela das deles, mas curtiam a companhia um do outro. Não era isso o amor?

...

Ali perto Martim, corre com Jimmy e o cachorro de Alan. Felix é o primeiro a desistir de correr, senta perto de uma árvore e olha os outros. De repente, pensa numa lista que vinha preparando a tempos. Tinham coisas que ele em vivo pensava em fazer, depois da morte tudo voltou e algumas coisas foram acrescentadas.

- Você parece muito pensativo. – Alan diz, se sentando ao seu lado.

- Não é nada demais, coisas do pós-morte. – Félix abraça seus joelhos.

- Espero não ser indelicado, mas como é?

- Nunca perguntou a nenhum fantasma antes?

- Já, mas as respostas são diferentes, pode acreditar.

UNSEENWhere stories live. Discover now