Capítulo 31 - Revelações

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Daniel olha para a imagem de Julie, para ele é só uma ilusão. A batalha estava perdida. Martim continuava jogado, Félix imobilizado no outro canto. Três fantasmas não eram páreos para o maior fantasma dos últimos tempos.

...

- Daniel, Martim, Félix. Há um motivo para reuni-los hoje aqui. Nosso treinamento terminou, vocês se revelaram extraordinários. Mas finalmente revelarei o motivo de ter continuado com vocês. Não fiquem assustados.

- Tá, você tá me deixando com medo – Félix admite, sentindo um frio subir por sua espinha inexistente.

- Como assim? – Daniel pergunta franzindo o cenho. Ela então dá dois passos para o lado, como deixando espaço para algo. Ou alguém. Em segundos, na frente dos garotos está um conhecido, com sua cara dissimulada. Eles se afastam para trás, chocados.

- O que diabos?! – Pergunta atordoado o cacheado.

- Demétrius? – Os olhos de Martim estão arregalados.

- É uma armadilha! – Félix está boquiaberto.

- Não é! Acalmem-se – Kim tenta apaziguar a situação.

- Você traz a pessoa que justamente estamos tentando evitar. – Daniel tem desprezo em seu rosto.

- Tem nem dois dias que ele atacou e prendeu a Julie. – Félix balança a cabeça.

- Não fui eu. – Demétrius coloca as mãos no peito como que ofendido – Além do mais, eu estou fraco demais para uma travessura, ainda que divertida.

- Há uma coisa maior que vocês, maior que nós. E foi ele quem atacou sua amiga. – Kim se coloca em frente aos garotos, séria.

- Deveríamos acreditar nas palavras dele, claro. – Martim cruza os braços, o semblante impassível.

- Não vamos compactuar com qualquer coisa que ele esteja envolvido. – Daniel vociferou apontando para seu inimigo.

- É verdade, eu persegui vocês, prendi vocês. Mas não se trata só de mim. Para falar a verdade, eu não quero perder a minha fonte de energia, mas ela está ameaçada. – O fantasma obcecado disse as últimas palavras um tom mais alto e irritado.

- E por que deveríamos acreditar? – Félix pergunta. Daniel o interrompe.

- Você não vai acreditar nele, vai?

- Daniel, precisamos saber exatamente do que eles estão falando! Se existem riscos maiores pra nós, pra Julie, temos que nos inteirar! – O guitarrista parecia raivoso, mas não questionou. Se virou para Kim, mirando os seus olhos, como se tentasse decifrar o que diabos ela estava fazendo.

- O que é realmente verdade nas suas palavras?

- Eu não menti em momento algum. Apenas... ocultei.

- E agora é conveniente. – Martim solta. Ela o olha, colocando a mão na testa e se recompondo.

- Existe um fantasma pior que Demétrius e eu. Quando disse que perdi amigos, me referi a ele e Erik.

- Quem é Erik? – Félix interroga, já meio impaciente.

- Fazia parte do nosso pequeno clube – Demétrius diz com ar de graça.

- Éramos três. Nos conhecemos um pouco depois da nossa morte. Nossas mortes foram em anos próximos, e por afinidade passamos a andar juntos. Por medo desse mundo. Aprendemos com outros fantasmas que poderíamos deixar a existência simples de fantasmas e de apenas ser criaturas travessas ou torturadas.

"Começamos a tomar almas, que não é muito fácil. Chegamos num momento que nos tornamos dependentes. Eu me enchi daquilo, não quis mais. Demétrius também tornou menos frequente sua tomada de almas. Mas depois sabe –sei lá por que decidiu voltar. Aprendi com outros fantasmas que também poderia potencializar meus poderes sem precisar fazer o que fazia. A maioria eu nunca mais vi, dizem que foram para o plano seguinte ou reencarnaram, mas são só boatos. Erik ficou preso por alguns anos em objetos, eu sempre tinha que colocá-lo de volta. Aliás, o conto do Fantasma da Ópera foi um dos tantos inspirados nele, não foi verdade o que é contado no livro, claro. Há floreios pelos seus feitos, alguém ficou encantado por ele. Enfim. Parece que alguém conseguiu libertá-lo, o último objeto foi uma caixa de chumbo. Eu já sabia que ele poderia sair, então preparei um pessoal. Vocês estão no meio"

UNSEENWhere stories live. Discover now