Capítulo 18 - Questionamentos

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Ainda sem acreditar no que passaram, discutem o ocorrido. Martim acredita ter sido Demétrius, ao que é contestado por Félix, afirma que nas condições em que se encontrava seria impossível. Daniel começa a pensar que talvez seja outro fantasma, alguns são bem travessos no Halloween.

Julie e Bia ficam divididas, mas acreditam que não foi só para dar medo simples. Por que justamente naquela casa? Nada havia passado dessa forma antes.

Pedrinho chegou na metade da conversa, ouviu "talvez sejam outros fantasmas". Não enxergava nada pois a porta e as janelas da edícula encontravam-se fechadas. Pouco depois da conversa da banda ele aborda a irmã, quando Bia e o resto da Banda não estavam mais na casa.

- Foram fantasmas! Com certeza foram eles que assombraram aquela festa que vocês foram. – Ele fala convicto, pegando Julie de surpresa. Ela, porém, tenta fingir.

- Do que você tá falando garoto? Fantasmas não existem!

- Existem sim. E tem alguns aqui em casa. Já vi muitas coisas serem quebradas do nada. – Julie coloca a mão na testa, ele devia estar falando de Martim, que por algum motivo estranho se esbarrava vez ou outra em algum móvel. Para um ser intangível, ele tem se saído bem mal.

- Alguns aparelhos têm ligado sozinhos, e também tenho ouvido muita interferência nos meus fones, acho que foi isso que eu ouvi naquela vez com os peixes. Fantasmas aqui em casa! Eu posso jurar ter visto o Jimmy brincando de bola com um deles.

- Julie, eu acho melhor contar logo, ou o garoto vai achar que é maluco – Félix balança a cabeça.

- Olha, eu vou te contar uma coisa, mas tem que me prometer que vai ficar de bico fechado – Ela faz uma cara de advertência e aponta o dedo indicador no peito do garoto.

Na edícula, ela chama os três fantasmas, que aparecem bem rápido. São visíveis apenas para ela.

- Não me diz que a gente vai ter que aparecer pra ele. – Daniel fala sem ânimo.

- Melhor ele saber logo. – Daniel hesita por segundos, logo, porém, concorda.

- São eles? Eles tão onde? Por que não consigo ver?

- Calma aí, falante. – Ela se vira para o cômodo vazio, gesticulando e falando baixo. - Primeiro, eu apresento Martim: o baixista. – Martim aparece com seu instrumento fazendo um som. O garoto fica boquiaberto.

- Félix: o nosso baterista. – O fantasma faz um solo incrível.

- E Daniel, nosso guitarrista. – O cacheado dedilha o instrumento, tocando como nunca.

- Sua banda é composta por fantasmas? Caramba!

- Não é legal? Eu quis colocar o nome da banda de Julie e os Fantasmas, mas o guitarrista é muito birrento, não gosta que brilhem mais do que ele. – A garota cruza os braços olhando para o cacheado. Daniel faz uma careta, indignado, depois sorri.

...

Nicolas andava pelos corredores da escola, num dia normal de aulas. Não via Julie desde a festa, que aliás, foi aterrorizante para ele. Sabia que só poderia ser coisa do fantasma Daniel, pois foi bem parecido com o que aconteceu em sua casa. Por qual motivo ele agira daquela maneira? Pensou que talvez fosse pelo bilhete que mandara para a garota, e ele sabendo, resolveu agir.

Faziam dias que não falava com a garota. E era bem verdade que vinha pensado nela há algum tempo. Poderia estar gostando dela, sabia disso, mas não queria acabar com a amizade que tinham. E haviam as ameaças, que dificultavam ainda mais. Em sua direção, de súbito, ela aparece. Não sabia quais os limites que poderia ultrapassar para não afrontar o fantasma. Assim, ele responde, com certa reserva, quando ela o saúda.

Julie estava muito bonita, e o sorriso que ela deu ao ser correspondida o afetou. O que não durou muito, pois o fantasma que o assombrava estava de pé, atrás da garota, fazendo sinal para que se afastasse. O estudante tenta se desvencilhar da conversa o mais rápido que pode. Julie não entende a estranheza do garoto. Mais uma vez o fantasma laça um olhar de advertência.

...

Nos fundos da casa, depois da escola, Julie se lamentava, enquanto tem as aulas de baixo com Martim. Ela pedira há certo tempo, porque queria ampliar sua habilidade musical. Seria uma boa de passar mais tempo com o baixista.

- Não sei mesmo o que aconteceu. Talvez eu tenha sido invasiva demais. Ah sei lá, eu deveria estar estranha, eu fui jogada pra zona da amizade. No entanto, eu tô muito bem.

- Por isso eu prefiro é aproveitar o momento. Pra que tanto estresse?

- Ah, queria pensar assim – Diz enrugando o nariz.

- Você tá indo muito bem.

- Obrigada. Foi rápido assim com o violão também. Será que o Félix se dispõe pra me ensinar bateria? Seria incrível.

- O Félix? Ele adoraria. Ele sempre gostou de ensinar as outras pessoas, ele era assim na escola. Aliás, ele era dos ótimos alunos. Então, quando aprendia algo e alguém pedia ajuda, ele ia todo feliz.

- Mesmo? Sabe, adoraria saber mais de como vocês eram, se isso não for incomodar vocês.

- Eu te conto qualquer dia, já Félix e Daniel tem que ir no tempo deles.

...

Martim aparece na casa de Bia, tomando sempre conta de ser no horário certo, para que ela estivesse tomada banho e vestida apropriadamente. Não gostava de intromissões desnecessárias.

Ela fizera uma pintura incrível inspirada em Rita Lee. Ela usa e abusa do vermelho, roxo, branco e cinza. Martim admira o trabalho da amiga impressionado. Ele sabe do talento dela, mas nunca deixa de ficar fascinado, até porque ele já tentara desenhar, e não saiam nada mais do que bonequinhos tremidos, para ele era um patamar gingante.

- Tá incrível!! Simplesmente! Eu acho que você melhorou muito nos últimos meses.

- Obrigada! – Diz empolgada – Cindy tem me ensinado muito. Ela disse que eu tenho muito potencial!

- Você vai muito longe, é o que eu acho. – Martim dá uma beliscada na bochecha da garota, que cora. Ela muda de assunto.

- Bem, você sabe que o aniversário da Julie tá chegando, eu quero fazer uma surpresa. Eu vou leva-la para dar uma volta, num dia só nosso, é o que ela gosta de fazer. Só que esse ano com vocês, pode ser algo diferente. E na verdade eu sempre achei legal festas surpresa.

- Show! Festas são minha praia. E quem mais vai? Porque a gente não pode aparecer.

- Calma, eu pensei nisso. A festa vai ser temática, anos 80. Vocês poderão ficar visíveis, sem chamar atenção, afinal todos vão estar no estilo da época. E não vai ser muita gente, só um pessoal da escola e uns conhecidos. Essa é a ideia, o que acha?

- Você pensou em tudo. Precisamos só conversar com os outros.

- Deixa os convidados e cúmplices comigo. Fala só com o Félix e Daniel. – Estende a mão.

- Fechado. – Aperta a mão da garota, selando o compromisso.

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