T r i n t a

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Samuel

_Você quer mais?

Minha loira pergunta quando vê que já dei a última garfada no pudim. Nós temos isso em comum: dentre todos os bolos e tortas o pudim é o nosso favorito.

_Não, obrigado.

Nego fitando seus incríveis olhos azuis translúcidos. Antes que perceba meu olhar já percorreu seu rosto e seu corpo admirando tudo pelo caminho. Como pode ser tão malditamente linda?
Tão perfeita. À luz do dia  seu cabelo amarelo brilha como o próprio sol. Ela assente e leva a louça do café da manhã para a cozinha.

Acordamos ainda a pouco, ou eu acordei já que a ursinha tinha aqueles olhos grandes em mim. Não pude evitar beijá-la e muito menos ter seu corpo sob o meu com meu nome saindo dos seus lábios em forma de gemidos instigantes. Gostosa pra caralho.

Sei que não estamos cem por cento bem, mas se ela pensa que eu esqueci de tudo está enganada. Dei uma nova tarefa ao Greene ontem.
Rastrear o número que ligou para ela. Se ela não vai me contar então eu mesmo irei atrás das respostas. Simples assim.
Adam me disse que até essa noite já teria um nome. Ótimo. Em uma conversa com Max decidi arquivar por hora o caso dos assassinos dos meus pais. Esse problema com Pérola tem mais prioridade em minha vida. Ela é a minha prioridade.


Saio de meus devaneios quando escuto o som de passos apressados. Levanto em um rompante e chego a tempo de vê-la correr para o banheiro do corredor. Corro atrás assustado.

_Querida?

Chamo assim que ouço o som inconfundível de vômito. Consecutivos. Nossa... Ela está curvada sobre o vaso sanitário tendo espasmos e mais espasmos. Deus, o que é isso? Me apresso e seguro seus cabelos alisando suas costas.

_Respire, calma.

E ela vomita mais. Quando já começo a ficar realmente aterrorizado ela vai se acalmando. Nunca a vi desse jeito, trêmula, a ajudo levantar.

_O que aconteceu? Quer ir ao hospital? Devo chamar um médico?

Pergunto com o coração na mão. Será que ela está doente? Pérola quase nunca fica doente. Não a minha garota. Ela nega respirando fundo e se aproxima da pia lavando o rosto e colocando uma boa quantidade de creme dental na boca.

_Não. Já passou... Nossa, que negócinho gostoso.

Franze o cenho colocando mais creme na boca. Fico boqueaberto a encarando. Ela se vira pra mim.

_Onde comprou esse? Seria capaz de comer esse tubo inteiro. Hum...

Dou de ombros impotente. Não sei o que fazer... ou o que pensar. Que situação estranha.

_Não fui eu, foi a Selma. Você tem certeza que está bem? Você quase vomitou seus órgãos.

_Estou bem, foi um mal estar repentino. Uma coisa estranha. De repente meu estômago embrulhou e minha boca encheu d'água. Foi estranho.

Fala dando um sorriso lindo. Suspiro ainda não convencido mas opto por acreditar. Seguro sua mão a levando para o quarto. São umas sete e meia, Max disse que só chegaria ao hospital às 10h hoje estão eu não preciso chegar muito cedo também.

_Sam... não vou a delegacia hoje. Queria conversar com você. Tem tempo?

Paro abruptamente na entrada do quarto. Conversar? Um fino fio de esperança passa na minha mente. Concordo com a cabeça e adentramos.

_Não preciso ir tão cedo hoje. Temos até as nove e quarenta para conversarmos. Esse tempo basta?

Sendo na cama a puxando junto, faço-a sentar ao meu lado. Quer dizer, do seu lado da cama. Sorrio olhando em volta. O cômodo está diferente. Agora tem tons de rosa, preto e vermelho fazendo parte da decoração. Quadros de fotos nossas e da família, miniaturas de princesas em cada suporte até nos meus bonecos da Marvel.
Está definitivamente um quarto de casal. Até as cortinas elas trocaram e esse cheiro de morango espalhado no ar. Eu gostei, me fez sentir realmente em casa.

Te Enlouquecendo (Concluído)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora