T r i n t a e Q u a t r o

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Pérola




Meu corpo pesa, gemo tentando abrir os olhos. Que merda é essa? Eu morri?

_Amor?

A voz perfeita soando preocupada. Sam? Abro os olhos de vez e o procuro, aqui está ele, de pé ao meu lado. Como ele pode ser tão lindo? Adoro essa camisa preta. Amo esses cabelos e esses olhos. Bonitinho demais. Fito seu olhar surpreso.

_Ursinha, você está se sentindo bem?

Pergunta incisivamente, fico confusa. Por que eu não estaria bem? Observo o lugar onde estou. Um quarto, tudo branco e esse cheiro. Ouço bips e um incômodo no braço. O que aconteceu?

_O que está acontecendo? Samuel? Porque estou aqui? Isso é um hospital, não é?

Tento me levantar, me desespero. Se tem uma coisa que não suporto e ficar doente e ter que ir para o hospital. Odeio ser a paciente.

_Calma! Deita, por favor. Não é para levantar.

Suas mão empurram meus ombros com gentileza. Calma? Começo a me irritar. Bato na sua mão direita.

_Sai, me solta. Você não manda em mim, ok? Tá me irritando, Samuel. Arreda para lá.

Luto contra seus braços, mas que merda. Deu a louca nele, só pode. Tento levantar mas sou jogada na cama de novo. Argh!

_Pérola! Droga. Fica deitada, eu que já estou ficando irritado. Você não tá lembrada de nada não?

Ele grita comigo, como ele pode? Gritar assim comigo? Eu não tô doente? Que desumano. Lembrar? Lembrar de que? Penso por um instante, só me vem à cabeça que ele acabou de gritar comigo.

_Olha como você fala comigo, seu... seu... Baixa o tom, Samuel. Eu não estou doente? Por que está gritando comigo quando eu estou doente!!!

Me descontrolo, porque tenho um pavio tão curto? Dane-se.
Ele me olha sem reação. Fingido. Cruzo os braços. Esse abusado, minha barriga começa a doer. Estou com fome nessa merda.

_Sinceramente você não lembra de nada que aconteceu ontem?

Penso por um instante, o que aconteceu ontem? Por que estou tão confusa? Ontem foi que dia? Ontem, ontem...

_Não, aconteceu algo importante? Porque tenho que lembrar de ontem? Para de me perturbar, eu tô com fome. Ontem eu estava com fome e hoje também, é isso?

Rio só de maldade. O que é tão importante para ele está com essa cara? Desconfiado. Sam suspira se sentando ao meu lado na cama. Com carinho sua mão toca meus cabelos e sinto em seu olhar que a algo errado. Parece cansado.

_Ontem pedi você em casamento, ontem você foi sequestrada, ontem eu pensei ter perdido você e ontem descobri algo incrível. Mas você não lembra e está tudo bem. Max disse que você não quis acordar e que se não lembrasse de nada era porque você está se preservando, está se protegendo. Quando você estiver pronta, por favor, me avise. Me desculpe não... não ter conseguido te proteger. Eu... eu sinto muito. Me perdoe...

Ele termina e percebo que está chorando. Não sei o que dizer, Sam é sempre brincalhão e se ele chegou a esse ponto é porque não está bem e então quer dizer que tudo que disse é verdade. Pisco atordoada enquanto sinto suas lágrimas molharam minha barriga, onde está sua cabeça. Sinto algo tremer, é em mim, embaixo de minhas costelas esquerdas. É um tremor leve mas que me deixa atônita. Empurro Sam.

Te Enlouquecendo (Concluído)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora