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Pérola

_É natal, Samuel. E no natal as pessoas usam roupas novas.


Tento explicar a ele o porque de eu está usando esse vestido vermelho de renda. Pela minha visão periférica o vejo revirar seus olhos azuis estupidamente lindos mim.

_Eu sei... mas você tem que usar esse vestido? É lindo demais em você.

_Quanta implicância!



O ignoro e vou amarrar o emaranhado de fios amarelo-milho. Faço um penteado nada elaborado. Sam está sentado em minha cama calçando os sapatos. Não sou boa com meus cabelos, não gosto deles então nunca sei como arrumá-los.

_Tenho sim, e se apresse que eu quero ver os meus sobrinhos.

Termino e sorrio ao lembrar de Avery e Andrew. São lindos e estão tão fofinhos que sinto vontade de morder só de pensar naqueles gêmeos. Clare está se recuperando da gravidez e, como o bobão do Max não a deixa nem sequer sair para jantar fora por medo de que sua saúde seja prejudicada, ela convidou todo mundo para passar o natal na casa deles e é óbvio que nós vamos. A família inteira vai estar lá. Pelos cantos dos olhos vejo que Sam está lindo em uma camisa cinza de botões e o cabelo está uma sexy bagunça e os olhos brilhantes e reluzentes. Ainda fico internamente boba quando o observo.

_Já estou pronto, querida.


Sinto seus braços serpentearem minha cintura e seu nariz em meu pescoço, assim fico ligeiramente instável.

_Hum... adoro seu cheiro de melancia.

_ ...para, Sam! Vamos logo.



Tiro suas mãos da minha bunda e saio do quarto sendo seguida, quero rir das coisas que ele fala. Samuel e eu estamos em uma espécie de relacionamento delimitado. Ontem ele veio dormir aqui em casa depois que passei uma semana em seu apartamento. E dessa maneira as coisas fluem, eu deve ser muita tóxica.

_Se continuar rebolando assim sabe onde vou te levar.


Ignoro e sorrio ao depositar em beijinho em seu pescoço, abro a porta e esperamos o elevador.

_Nós vamos no meu carro.


Diz enquanto arruma o colarinho da camisa. Franzo o cenho e resisto.

_Não precisa, nós podemos ir no meu.

_Por que não no meu?

_Porque você não precisa ser tão cavalheiro.

_O que o seu carro tem que o meu não tem? Por que não deveria ser cavalheiro com a minha própria mulher?

Sei que já está irritado e isso acontece com frequência agora. Não sei, mas antes ele era muito calmo e brincalhão e atualmente é mais firme e decidido. Sam fazia tudo o que eu queria para não brigarmos, no entanto de uns tempos pra cá ele debate e acaba me convencendo. Me vence pelo cansaço. Isso me faz sentir uma pessoa horrível, e sei que realmente sou.

_Tudo bem, vamos então.


Durante o caminho me sinto estranha ao constatar que ultimamente ando cedendo muito em relação a Samuel, é algo muito diferente deixar ele tomar conta de mim assim.
Antes de decidir nos dar uma chance, costumava me esforçar para ignorá-lo e fingir que não era importante pra mim, o minimizava, pisava nele, debochava do seu amor e tentava fazê-lo me odiar mas isso parece não ter dado certo. A cada vez que o maltratava Sam me amava mais, a cada vez que o afastava ele me procurava mais até que meus murros desmoronaram e minhas defesas sucumbiram diante dos meus olhos quanto percebi que ele começou a me ignorar. Não sei o porque nem o que o fez mudar, mas isso mexeu comigo.

Te Enlouquecendo (Concluído)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora