Capítulo 17

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Ofélia agradeceu mais tarde ter trocado a poção do amor pela poção de transporte rápido. Tinha decidido que nunca iria usar a poção do amor e por isso livrara-se dela.

"O que fazes aqui?", exclamou Mariana quando Ofélia entrou ofegante no castelo da Meia-Noite na manhã seguinte.

"Diz-me que não estou atrasada", respondeu Ofélia entre grandes arfadas de ar. Soprou o cabelo desgrenhado que lhe tapava os olhos. Ofélia não podia dar à Rainha nenhum motivo para ser expulsa. Estava decidida a continuar no castelo e usar a sua posição para ajudar o povo, mesmo que fosse insignificante tudo o que podia fazer.

"Então a poção do amor era falsa?!", perguntou num sussurro Mariana olhando em redor, verificando que ninguém as ouvia "mas onde está o príncipe Tristan? Correm rumores que ele te salvou..."

"Ninguém mais o viu..." As notícias corriam depressa na corte. E depressa a notícia de que tinha fugido também se iria espalhar.

"Pelo menos diz-me que a rainha o convenceu a aceitar o trono... não posso acreditar que Golin vá mesmo ser rei", suspirou Mariana num queixume.

"Tristan nunca quis o trono e Golin sempre o quis. É o melhor para todos", disse Ofélia, evitando pensar muito sobre o assuntou ou sobre a sua responsabilidade nele.

"Parece que a rainha pensa de forma diferente. Ela anunciou Tristan como o herdeiro ontem no baile no palácio dos Ventos Uivantes, pensei que soubesses".

"O quê? Mas a rainha manteve Tristan trancado todos estes anos. Ela nunca o deixaria ser rei. É Golin quem ela consegue controlar."

"Trancado, o príncipe?" Mariana arregalou os olhos encarando Ofélia com surpresa como se não acreditasse em nada daquilo, "isso é impossível".

Ofélia parou de falar subitamente, apercebendo-se que revelara mais do que queria.

"Se ela o mantinha trancado não era para o impedir de ter o trono...".

"...era para o fazer aceitar o trono", concluiu Ofélia horrorizada, como se um murro lhe atingisse o estômago.

"Bem se Tristan fugiu, nada impedirá Golin de chegar ao trono agora".

"A rainha pode impedi-lo", disso Ofélia, incerta de como isso poderia acontecer.

"A rainha foi encontrada morta esta manhã. E isso só não aconteceu mais cedo porque o príncipe Tristan estava cá. Golin temia-o. Deve ser mesmo verdade que ele fugiu."

"Fui eu que o ajudei a fugir", confessou Ofélia, mortificada.

"Tu o quê?", Mariana olhou para Ofélia horrorizada, "Como?...", perguntou quando recuperou a voz.

"Com uma poção", disse Ofélia naturalmente.

Mariana olhou para ela com os olhos a saltarem-lhe das órbitas.

"Então as poções são verdadeiras?", perguntou com um gemido e olhou em volta para verificar se alguém a tinha ouvido.

"Golin será rei e ninguém o impedirá", disse Ofélia, acabando de compreender as consequências de tudo o que fizera. Levantou-se e começou a andar de um lado para o outro do salão. "E fui eu que o pus no trono. Se Tristan não me tivesse salvo a rainha ainda estaria viva. Isto é tudo culpa minha".

"Devias sentar-te Ofélia, estás-me a deixar tonta, e além disso, como pode ser culpa tua se a poção do amor era falsa?"

Mas Ofélia não a ouviu. Continuou a murmurar e a andar de um lado para o outro e então, subitamente, parou e voltou-se, "Temos que impedir Golin de chegar ao trono".

Danças e Poções - CONCLUÍDADonde viven las historias. Descúbrelo ahora