O Vira Tempo - Snarry

Sopa e Vinho

Eu nunca me importei em ficar sozinho, pelo contrário, era prazeroso não ter ninguém para me importunar, ficar somente eu e meus pensamentos e nada mais. Mas confesso que está cada vez mais difícil me manter nesse quarto, inebriado pelas lembranças, em cada canto tem um pedaço dele, tem seu cheiro almiscarado, no banheiro e no meu guarda roupa ainda tem suas roupas , como um grande desorganizado saí deixando suas coisas por qualquer lugar, acho que isso era um motivo para irritação, mas não conseguia me irritar, acho que isso por incrível que parece me atraía mais ainda, seu jeito completo oposto ao meu, mas mesmo assim parecia se encaixar tanto.

A cama se mantinha intocável, desde nossa última noite juntos nela, não conseguia trocar os lençóis, pois eles continham seu cheiro, por mais que me doía sentir o seu perfume e saber que estou longe de tê-lo novamente, é reconfortante, como se uma parte dele ainda estivesse aqui. Como se nada mudasse, a ao anoitecer ele estaria a adentrar a porta e ficar novamente ali comigo, tolice.

As únicas vezes que consigo dormir são, cochilos desconfortáveis na poltrona, pois todas as vezes que me deito minha cabeça o travesseiro, e inalo seu perfume as lembranças me invadem, e me torturam.
Por muitos vezes já me perguntei se fiz mesmo a escolha certa, em afastar ele de mim. No momento em que vi aquele beijo, fiquei desolado pela fúria, e a sensação de medo me alastrou, era mais fácil afasta-lo agora, por mais que eu o ame mais do que já amei na vida, eu não mereço seu amor. E achei que ele ficaria bem assim. Foi o que pensei, até ver ele na sala da Mcgonagoll, e comprovar tudo que a garota Granger tinha dito, seu olhar estava tão vazio, magro, seu rosto sombrio pelas olheiras. Eu queria tanto dizer que me importava com ele, talvez.... Talvez reverter a burrice que eu fiz. Mas agora já não tenho certeza se é isso que ele quer, agora tenho mais essa pra pensar, Harry está como Malfoy?

Mas eu não deveria estar irritado já que eu mesmo o sugeri isso, por Merlin o que estou fazendo?
Olho para o copo de whisky de fogo em minha mão, e reparo no local, o quarto intocável, olho para a mesinha ao lado da poltrona com três garrafas, duas vazias e outra com metade cheia de um líquido marrom.

- Ele está seguindo enfrente.

- Mas o que eu queria? Que ele esperasse eu me arrepender, e estivesse de braços abertos para mim?

- Minerva tem razão, eu sou um idiota. Afastei a melhor coisa que já me aconteceu. Nesse momento ele deve estar se preparando para partir, se despedindo de seus colegas, e de Malfoy, e talvez bem mais do que um simples abraço de amigos, mas não queria pensar nisso, pensar em outro tocando sua pele, beijando seus lábios com devoção, o fazendo tremer, não, não. Não posso imagina-lo sendo de outro.

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Acabei de colocar meus últimos pertences em meu malão, e em uma mochila, estava tudo pronto.

- Tem certeza que não esqueceu nada cara?

- Não Roni, peguei tudo.

- Se não fosse por Mione, eu estaria indo com você mano. Gargalhei com a cara dele.

- É bom ver que você está melhor Harry. Você estava péssimo.

- É cara, também concordo que como eu estava não dava mais, sem falar que com essa filha do Voldemort, tenho que procurar saber melhor sobre ela.

- E o treinamento de Auror.

- Esse foi só um pretexto forte para Minerva, nem sei se quero mais ser Auror, mas vou começar o treinamento, mesmo assim.

- Entendi, nesse caso você pensou em tudo para sair do Castelo.

- Sim.

- Menos que Snape iria ficar na minha cola mesmo fora. Murmurei quase inaudível.