Rosas e Lavandas

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Desde a visita da Madame Pomfrey, eu sinto um sentimento de angústia, e insegurança. Angústia pois estou grávido, algo que nunca pensei que fosse possível. Estou grávido com uma Bellatrix Lestrange atrás de vingança e com uma filha tão poderosa quanto Voldemort. Angústia pois por mais que eu não esperasse isso, uma gravidez, um ser crescendo dentro de mim, eu o quero, e agora tenho que proteger não só a mim, tenho que proteger meu filho também.
 
Insegurança, insegurança pois desde que soubemos da gravidez, Severo se mantém pensativo, um tanto distante, temo que ele tenha dúvidas sobre o bebê, que ele não o queira como eu quero. Pois não é como se ele se afastasse fisicamente, mas não tocamos no assunto da gravidez, até mesmo da nossa ligação, estamos vivendo uma espécie de negação. E eu entendo que foi um choque mas já se passaram dois dias, acho que já era o bastante para entender os fatos.
 
Estamos vivendo nossa rotina normal, fora que cancelei os treinos dessa semana, precisava desse tempo. E a maioria do tempo eu passo aqui, sentado na batente da janela, do nosso quarto observando o movimentos das nuvens, e sentindo o calor do sol sobre minha pele.
 
“Toc, Toc" – Uma batida na porta do quarto me tirou de meus devaneios.
 
- Harry? Meu nome saiu de uma voz doce familiar.  Ela entrou, e correu para me apertar em seu abraço.
 
- Mione. Não sabia o quanto eu precisava de seu colo até agora, eu havia mandado uma mensagem por patrono ontem a noite, dizendo que precisava muito conversar com ela. Eu amo o Roni, mas somente ela poderia me escutar nesse momento, sem julgamentos.
 
- Vim o mais rápido que pude, Snape abriu a casa para mim, disse que você estava aqui. – Vem vamos conversar. Ela me soltou me seu aperto, me puxando para sentarmos na cama.  
 
- O que houve Harry? Ela me olhava atentamente esperando eu começar a falar. E Por Merlin como falar de uma maneira, que não me faça parecer louco? Não adianta não tem maneira fácil para começar.
 
- Eu.. estou.... estou.
 
- Está o quê Harry?
 
- Grávido, estou grávido.
 
Seu rosto perdeu a cor bruscamente, e levou uma das mãos a boca, tampando o “O" que seus lábios formaram.
 
- Harry você é um homem, isso é biologicamente impossível. Como você descobriu isso?
 
- Começou quando um novo Auror veio me treinar, mas ele estudou com Severo, ele era apaixonado por ele na época e ficou o tempo inteiro se atirando para ele, eu perdi o controle, minha magia reagiu, quero dizer, a nossa magia reagiu. Logo depois eu passei por um mal estar, que ocasionou em um desmaio. Nisso Sev foi até Hogwarts, e trouxe Madame Pomfrey, ela estava me examinando para ver o que causou, e foi aí que ela descobriu que eu estava grávido. – Como sempre Hermione me olhava atenta a toda palavra que eu dizia. – No início tivemos a mesma reação que a sua, e sim é biologicamente impossível um homem conceber, mas nos temos uma ligação de almas gêmeas.... Pomfrey disse que é uma ligação muito rara, e por essa ligação, o casal consegue fertilidade.  
 
- Isso é surreal. Eu já havia lido a respeito das almas gêmeas, é simplesmente fascinante como o amor pode fazer a magia se tornar ainda mais forte com a ligação, mas como é tão raro não imaginei que pudesse ser verdade, principalmente o fato de conceber.
 
- Mas como você se sente sobre isso?
 
- Sobre o bebê?
 
- Uhum. Ela assentiu rapidamente.
 
 Levei uma de minhas mãos ao meu ventre, uma sensação de pura felicidade tomou meu corpo me fazendo suspirar relaxando meus músculos. – Extasiado, eu quero muito ter esse bebê Hermione, Madame Pomfrey disse que existe um feitiço simples para interromper, mas isso nem passou ser cogitado por mim.
 
- Ah, Harry. Ela apertou suas mão junto a minha. – Você será pai, terá um filho com quem você ama, fico tão feliz por você. Seus olhos brilhavam, talvez estivessem marejados.
 
- De quanto tempo você está?
 
- Um mês. Durante esse tempo eu sentia um mal estar pela manhã, mas achava que era apenas cansaço, pelos treinos pesados, nunca pensaria que estivesse grávido.
 
- Vejo que você e Snape não demoraram para se reconciliar. Disse sorrindo de canto, me fazendo sorrir constrangido.
 
- E como Snape reagiu?
 
- Ele não reagiu, simplesmente.
 
- Como assim?
 
- Ele me trata da mesma maneira, isso eu não posso me queixar, mas não tocamos ainda nesse assunto, eu respeitei o espaço dele sabe?!
 
- Entendo, deve ter sido um baque e tanto para ele Harry, você fez certo em respeitar o tempo dele.
 
 Suspirei, apesar de querer muito falar com Severo sobre os acontecimentos, sei que para ele assumir ter algo comigo já era difícil, pelo fato das nossa diferença de idade, e por ele ter sido meu professor. E agora ter um filho, foi algo inesperado.
 
- Mione.
 
- Sim Harry.
 
- Tem algo que me incomodou nisso tudo, talvez seja coisa da minha cabeça, mas não paro de pensar nisso.
 
Ela me olhou com curiosidade. – O que Harry?
 
- O patrono, normalmente ele muda de acordo com a pessoa que amamos certo? – Ela assentiu. – O meu era um cervo, e continua sendo.
 
- Qual é o do Snape?
Suspirei, pois temia que o dele não mudasse, e se continua o mesmo?
 
- Uma corça. Igual o patrono da minha mãe, ele a amou antes de mim. 
 
- Você já perguntou para ele? Sobre alguma mudança no patrono? 
 
- Não.
 
- Então não fique se martirizando com suposições Harry, muitos casais se amam, mas mesmo assim não há mudança no patrono.
 
- Mas nós estamos ligados, Mione, acho que isso é forte o bastante para mudar.
 
- Você tem razão, mas pergunte para ele Harry, assim você ficará mais tranquilo com essa dúvida.  
 
Mione está certa antes preciso falar com ele sobre isso, estou sendo louco sentindo ciúmes dos sentimentos que ele tinha pela minha própria mãe? Sim completamente louco e paranoico.
 
- Mas me conta Harry, é menino ou menina? Já pensou nos nomes? Ela perguntava com empolgação.
 
- Calma Mione, não tive tempo de ir fazer exames mais detalhados, e não ainda não pensei em nenhum nome.
 
- Sei que está ocupado com.... bom tudo que está acontecendo, mas me escreva sempre que puder, quero saber de tudo. – Promete?
 
Sorri. – Sim Hermione, eu prometo.
 
- Mas preciso que você me faça um enorme favor.
 
- Qual? Ela me olhou confusa.
 
- Roni.
 
- Ele vai surtar Harry, surtar!
 
- Sim, eu sei. Por isso quero que você conte pra ele, para que ele posso ter tempo de absorver a notícia.
 
- Claro Harry, eu falo com ele.
 
Ficamos o resto da manhã que ela tinha livre, conversando sobre tudo e nada ao menos tempo, senti muita falta das nossas conversas, ela me contou que Roni está se esforçando muito para conseguir se sair bem nos exames, que seriam daqui uma semana, e logo acabaria o ano letivo. Ela também contou que Neville finalmente pediu a Luna em namoro, eles fazem um casal excepcionalmente perfeitos um para o outro, Severo nos trouxe chá e alguns quitutes e logo deixou terminarmos nossa conversa, acho que ele sabia que precisava desabafar com ela, mas logo ela teve que ir, foi para Hogwarts pela rede de flu.
 
Aproveitei a saída de Hermione e fui tomar um banho, enchi a banheira com água quente, coloquei alguns sais de banho e entrei, sentindo meu corpo relaxar, fechei meus olhos e fiquei ali simplesmente sentindo a água quente em meu corpo junto com o aroma de camomila dos sais de banho.  
 
- Harry?
 
Abrir os olhos vagarosamente, e vejo Severo na porta do banheiro.
 
- A quanto tempo está aí? Pergunto. Enquanto ele caminha pra mais próximo de mim. 
 
- O suficiente. E selou um beijo demorado em minha testa, afastou meu cabelo para detrás da orelha, e sussurrou.
 
- Não demore, iremos sair.
 
Sair? Como assim sair, desde que vim de Hogwarts eu definitivamente não piso fora de casa, sempre que é preciso de algo que exija que sair, sempre é ele quem faz.
 
- Como assim? Ele tornou a deixar um beijo casto em mim, porém agora em meus lábios.
 
- Não demore.  
 
Visto isso, não demorei a terminar meu banho, e sai do banheiro com uma toalha enrolada na cintura e outra estava secando o cabelo, Severo estava sentado em uma poltrona perto a janela.
 
- Para onde vamos? Hogwarts? Disse colocando minha roupa íntima.
 
- Não irei dizer. Mas não, não é Hogwarts.
 
- Mas eu preciso ver a Popy, já que vamos sair, podia aproveitar para passar lá.
 
- Já disse Harry, não iremos a Hogwarts hoje. Ele disse com paciência.
 
- Tudo bem. Mas tem uma pista de onde está me levando?
 
- Já está pronto? Ele perguntou, mudando o assunto,  visto que terminei de colocar meus trajes.
 
- Depende, estou apropriado para irmos a esse lugar misterioso? Gesticulei para meu corpo, eu coloquei uma calça jeans escura, uma camisa de manga longa cinza, e um blazer azul escuro no mesmo tom da calça.
 
- Deveras apropriado. Ele disse me olhando de cima a baixo, com um olhar predador, e seu típico sorriso de canto. Severo usava uma calça preta justa, camisa, e blazer no mesmo tom. O fato é que essa cor combina com ele, mas me pergunto como seria ver ele, com outra cor que não fosse preto sendo predominante, talvez um branco? Apesar de já ter o visto apenas com a toalha branca enrolada em sua cintura, o que o deixava ainda mais sexy. Sorri com meus pensamentos sórdidos.
 
- Acho que já podemos ir?! Ele disse se levantando da poltrona lentamente.
 
- Espera me diga se devo ao menos levar  alguma roupa para troca.
 
- Não se preocupe, já arrumei uma pequena mala com o necessário enquanto estava no banho.
 
Mala? Isso estava cada vez mais...... estranho.
 
- Vamos passar dias fora? Perguntei meio confuso, porque realmente estava, pois acabara de ser surpreendido em meio ao banho que sairíamos, e pelo que parece não é um lugar perto como um café, ou restaurante, visto que se aproximara a hora do almoço.
 
- Você tirou uma semana de ‘folga’ de seus treinos certo?
 
- Sim. Assenti.
 
- Pois bem. Ele veio em minha direção, pegou uma de minhas mãos e entrelaçou nossos dedos, colocou nossas testas juntamente e fechou os olhos, podia sentir sua respiração pesada. Delicadamente passou a outra mão sobre meu ventre com hesitação, sua mão pousou em minha barriga a aquecendo. Esse toque me fez arrepiar, desde que descobrimos a gravidez ele nunca fez isso.
 
– Sev...
 
 – Ish. Que tal invés de ficar aqui se perguntando para onde vamos, por que não nos apressamos para você acabar de íuma vez com sua curiosidade insaciável. Disse sarcástico, e cortando o assunto, mas ele estava certo que minha curiosidade para saber onde vamos é grande.
 
- Onde está a mala? Perguntei pois não vi nenhuma mala no quarto, já que ele disse que essa já estava feita.
 
- No meu bolso, não se preocupe.
 
 
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Logo saímos do Largo Grimmuald, a rua estava calma para como de costume, principalmente para o horário.
 
- Me dê sua mão. Apertei a mão dele e senti um puxão no umbigo, aparatamos em uma rua sem saída, entre o que parecia ser dois edifícios de tijolinhos laranjas. Estava com uma mão apoiada no joelho, pois devido ao meu estado atual, isso me causou um pouco de náusea.
 
- Você está bem? Severo perguntou enquanto me reerguia, eu estava visivelmente mais forte depois dos treinos, mas nas mãos dele parecia que eu pesava como uma folha de pergaminho.
 
- Estou sim, só foi um leve enjoo pela aparatação, mas estou melhor. Disse com um sorriso para conforta-lo, pois sua feição mostrava muita preocupação.
 
- Nesse caso podemos seguir?
 
Assenti. E ele me abraçou pela cintura e guiou o caminho, como se conhecesse bem, e não se preocupasse que alguém nos visse, Severo Snape abraçado na cintura de Harry Potter, seria um tanto polêmico, nas ruas de Hogsmeade por exemplo. Saindo da rua sem saída, avistei uma avenida movimentada, com várias lojas, livrarias e cafés, com mesinhas do lado de fora, e alguns bicicletas estacionadas, o ambiente era muito florido, com flores em tons pasteis de rosa e lilás, o clima era frio apesar do sol, mas era um frio bom, nada congelante. Esse era de fato um ambiente estonteante.
 
“Bonjuor mon amour"
“Bonjuor monsieur”
 
- Bonjuor? Severo! Estamos na França?
 
Ele respondeu apenas com um sorriso de canto, provavelmente zombando da minha cara. Depois de entender onde estamos, a beleza do lugar triplicou, Severo me guiou pela bela “cidade do amor” Paris! Ele parecia conhecer cada centímetro da cidade.
 
- Está com fome Harry? Inevitavelmente meu estômago roncou, devido ao passeio, coloquei a necessidade de me alimentar um pouco de lado, mas confesso que estou faminto.
 
- Sim, muita pra falar a verdade.
 
- Vamos, conheço um ótimo restaurante, com uma bela vista.
 
Chegando no restaurante que para ser sincero, é um tanto cansativo pois precisamos encarar uma escadaria nada pequena. Que logo compensou a vista que tínhamos. Não consegui segurar meus lábios formarem um “O”, o restaurante tinha uma vista privilegiada da Torre Eiffel.
 
- Sev..... isso é lindo.
 
- É sim. Disse sonhador. – Imaginei que ia gostar.
 
- Gostar? Eu amei. Selei meus lábios nos dele rapidamente.
 
- Bonjour messieurs. Uma loira alta e alva pronunciou, estava trajada e tinha um crachá com seu nome ‘Louise’.
 
- Bonjuor. Severo retribuiu. E eu só conseguir pensar o quão sexy ele ficava falando francês.
 
Limpei a garganta, onde estavam meus modos?
 
- Bonjuor.
 
Ela nos guiou para a melhor mesa do estabelecimento.
 
- Nous avons réservé cette table pour le couple, avec une vue parfaite sur la Tour Eiffel. “Reservamos essa mesa para o casal, com uma vista perfeita da Torre Eiffel.” Ela disse nos mostrando a mesa, eu não entendi nada além de “Eiffel” vergonhoso! Já Severo parecia entender perfeitamente.
 
Nós nos acomodamos na mesa posta com taças de cristais, pratos de porcelana, talheres dourados, e flores em um pequeno vaso.  
 
- Voici le menu.
 
“Aqui está o menu" ela nos entregou o menu com um sorriso de ponta a ponta.
 
- Merci. Severo agradeceu, eu simplesmente assenti. Eu pedi um risoto com camarão, Severo pediu um massa ao molho branco, para acompanhar Sev bebeu vinho branco, já eu pedi um suco de laranja, já que acho que no cardápio não tinha meu amado suco de abóbora.
 
- E então, Paris? Você parece conhecer muito bem a cidade. Questionei enquanto levava uma garfada de meu bolinho de chocolate a boca.
 
- Acha que meu lugar favorito é apenas as masmorras? Ele arqueou uma sobrancelha, com um sorriso zombeteiro.
 
- Não, e pensei que dentro de mim fosse seu lugar favorito? Disse num tom de mágoa falsa, levando uma mão ao peito.
 
- Sim, esse de fato é. Ele assentiu enquanto sorria maroto.
 
 Então ele começou a citar os motivos por apreciar tanto a cidade, que envolvia a cultura, livrarias com alguns livros raríssimos, e claro um boticário que havia diversas ervas exóticas e raras. Ele falava com muito apreciação, esse era um Severo que poucos conseguem enxergar, o Severo Snape que se esconde atrás da sua reputação de morcegão das masmorras, de um homem sem coração, e incapaz de sentir sentimentos e apresso por quaisquer  coisa ou ser, como muito já ouvi falar, e até eu mesmo, uns anos atrás pensei e acreditei, mas não mais. Severo Snape é a incógnita que eu amo cada vez mais desvendar.
 
Passamos o restante do tempo falando sobre sua infância e sua família bruxa os Prince, contudo acabei falando sobre os anos que passei aos “cuidados" dos Dursleys.
 
- Vamos, ainda temos que ir ao nosso destino final. Ele se levantou, estendeu a mão para me ajudar a levantar como um devido cavalheiro. Deixou algumas notas trouxas dentro do menu e seguimos para fora do restaurante.
 
- Venha. Ele me puxou para um abraço. – Vamos aparatar ok?
 
- Ok. Assenti com um sorriso meio bobo, por ele estar preocupado. Mal percebi o puxão no umbigo e já havíamos aparatado, mas dessa vez não houve enjoo.
 
Me surpreendi um pouco com a peculiaridade de onde estávamos pois em uma pequena praia deserta de águas cristalinas, e uma areia branca e fofa.
 
- Nosso destino final é uma praia? Perguntei confuso. Ele sorriu e apertou uma de minhas mãos.
 
- Não exatamente. Lá é o nosso destino final. – Ele apontou para uma ilha a alguns metros de distância, era uma ilha grande e de longe muito bonita. Ele fez um feitiço não verbal e um barco de madeira clara apareceu.
 
- Por que não aparatamos diretamente lá?
 
- Porque não podemos, assim como em Hogwarts. Ele disse com indiferença, Isso me deixou um tanto confuso, devia ser algo muito particular, para não poder aparatar. Entramos no barco que logo foi em direção à ilha com magia.
 
- Mas os trouxas não tentam ir a ilha? Perguntei, pois da mesma forma que estamos chegando, os meros trouxas também poderiam.
 
- Na verdade eles só vem uma ilha rochosa, nem praia existe, então não conseguem entrar. A mesma coisa acontece com alguns bruxos.
 
- Como se a ilha estivesse sobre o feitiço do Fidellius?
 
- Exatamente isso. Ele sorriu para mim, por ter conseguido chegar a essa conclusão. Logo o barquinho chegou na ilha, em uma pequena praia idêntica à anterior, a diferença é que havia um deque de madeira escura, que seguia como um caminho.  
 
- Bem vindo a ilha “particular" dos Prince, Harry.
 
- Prince? Sua avó deixou para você? Fiquei um pouco chocado visto que a avó de Severo deserdou sua mãe por se casar com um trouxa.
 
- Quando minha mãe morreu, minha avó veio até meu encontro, ela já estava muito debilitada pela idade, mostrou arrependimento pelo que fez com minha mãe, e consequentemente com a negligência comigo. Então ela queria deixar tudo para mim, no começo eu neguei, pois quando eu precisei ela não esteve lá, mas me permitir conhece-la, acabei cedendo, ela me deu seu sobrenome, e deixou tudo para mim, um ano depois ela morreu, me deixando sozinho com tudo o que pertenceu a família, como o último herdeiro Prince, e junto deixou essa ilha. Ele contou tudo isso enquanto me guiava até uma casa que parecia mais um pequeno castelo.
 
- Isso é surpreendente Severo. Eu não tenho palavras. E esse lugar é lindo.
 
- Sim, vamos entrar. Ele selou um beijo em minha testa e me guiou. A casa tinha uma bela varanda em madeira branca, e lavandas enfeitando o ambiente. A sala era ampla, os móveis eram todos estilos móveis reais em tons claros de branco, azul e prata, se não soubesse de quem pertencia a casa diria que aqui vivia um corvino, mas na verdade era que quem escolheu a decoração só tinha muito bom gosto. A escada para o andar de cima era branca com uma tapeçaria nos degraus nos mesmos tons, Severo guiou para o último quarto do corredor de seis portas. Acho que não poderia ser mais surpreendido, o quarto era lindo, a cama em colcha branca com prata, dossel no mesmo tom, tudo nesse quarto é o oposto de Severo que ama a cor preta, havia um criado mudo espelhado em cada lado da cama, o ambiente era bem iluminado por enormes janelas de vidro, com cortinas em um branco quase transparente.
 
- Esse quarto é tão...
 
- Diferente do meu? Ele arqueou a sobrancelha. Eu não contive e sorri, é como se ele lesse meus pensamentos. Ele logo tirou a pequena mala do bolso e fez com que a mesma voltasse a seu tamanho normal, colocou todas as roupas com magia no guarda roupa branco com espelhos na porta. Eu estava extremamente cansado então me deitei na cama fofinha enquanto observava Severo organizar as roupas e o próprio se trocar, não colocou nada muito diferente do de costume, apesar de estar como sempre em seus trajes ele não parava de mexer nos bolsos da sua calça. Hoje o dia todo me permitir não pensar nos acontecimentos, apesar dos enjoos me lembrarem sempre.
 E por mais que entenda que para ele tenha sido um baque pra mim também foi, e eu  precisava falar com ele sobre tudo isso saber se ele está em dúvida com o bebê. Ele veio em minha direção, e eu me arrumei na cama.
 
- Sev.....
 
- Sim, precisamos conversar. Ele me interrompeu.
 
- Sim, precisamos. Eu assenti.
 
- Mas não aqui, venha tem um último lugar que quero que conheça. Confesso que hoje sua disposição está deveras boa, não posso dizer o mesmo da minha, mas estava amando as “surpresas"
 
Nós descemos as escadas passamos pela cozinha era bem grande e em conceito aberto com a sala de jantar, saímos pela porta dos fundo que dava para um jardim. E ele me guiou com os braços ao redor da minha cintura, caminhamos por um área com muitas árvores frutíferas,  que dava caminho para uma espécie de monte, e Por Merlin eu retiro o que disse sobre não poder mais ser surpreendido, estávamos em um campo de flores, especificamente Rosas brancas e lavandas, as mesmas da varanda da casa, o campo era enorme e a mistura do branco e roxo era simplesmente harmônico, e pela altura onde estávamos tínhamos uma vista incrível do mar, e o céu alaranjado devido  o pôr do sol. Caminhamos pelo campo por um tempo em silêncio, eu tentava absorver cada aroma do lugar, a mistura das Rosas e lavandas era simplesmente inebriante.
 
- Esse lugar é..... é.. Eu não tinha palavras para descrever o que esse lugar me fazia sentir, mas ele sabia o que eu queria dizer.
 
- Eu sei. Sempre vinha aqui sozinho, e achava que não podia querer mais nada. Até agora. Paramos de caminhar e fitamos um ao outro, sabia que ele estava se referindo a mim, e isso me entristeceu, pois não aguentava mais a angústia que sentia, precisava saber, e tinha não podia mais adiar.
 
- Sev.. eu preciso saber.
 
- Sim. Ele assentiu com calma.
 
- Você está com dúvidas sobre o bebê? Você não o quer? Desde que descobrimos você não toca no assunto.
 
- Harry hoje eu disse para você como minha infância foi com Tobias, e como ele era comigo, e como tratava minha mãe, ele nunca foi um bom pai, na verdade ele nunca foi pai e nem marido. Eu sempre o odiei, mas ele é meu pai, e por um momento eu achei que não conseguiria ser um pai para nosso filho, que fosse falhar como Tobias falhou comigo. Eu precisava refletir sobre tudo que aconteceu, pois foi algo muito novo e inesperado. ‘Como eu fui tolo, esse tempo todo ele só estava com medo de não ser um bom pai! Por conta do único exemplo que tivera’
 
 – Mas nada justifica porque eu fiz você achar que não queria esse filho, mas não, eu o quero, só tive medo de não o merecer. Podia ver em seu olhar sua angústia e isso me partiu.
 
- Eu sei que você será um ótimo pai Severo, eu tenho certeza disso, e ele ou ela será um mini prodígio pocionista. Disse com um pouco de humor. Ele me abraçou fortemente e quando me libertou de seu aperto juntamos nossas testas juntas por um momento. Até que ele suspirou e pronunciou.
 
- E não, Harry meu patrono não mudou.
 
Pera! Ele ouviu o que eu falei para Hermione, não sei se fico mal pelo fato de estar completamente envergonhado por sentir ciúmes da minha própria mãe, ou por realmente sentir ciúmes dela.
 
- Severo eu..... eu. Ridículo eu não conseguia formar uma frase se quer, meu rosto queimava de puro constrangimento.
 
- Harry, as almas gêmeas é uma ligação antiga e muito complexa. E quando os destinados se encontram pela primeira vez, o vínculo já é selado, seja ambos sabendo ou não. Quando eu conheci sua mãe aos meus nove anos de idade, quando ela me aceitou, com todas as minhas diferenças, me ouviu quando ninguém mais ouvia, eu pensei estar apaixonado, sim eu pensei amar sua mãe, e amei, mas como uma grande amiga e única que tive verdadeiramente naquela época, mas não era esse amor, esse que sinto por você. Quando Voldemort caiu a primeira vez, e seus pais foram mortos eu fui o primeiro a estar lá, como viu em minhas lembranças, naquele momento eu perdi minha amiga, mas ganhei algo ainda mais valioso porém fui incapaz de perceber por muito tempo. Quando eu cheguei lá você estava chorando com uma cicatriz vermelha em forma de raio. – Ele passou as mão sobre a cicatriz. – Depois daquele dia eu consegui conjugar um patrono, algo que não conseguia antes, pois minha magia já estava negra, mas a ligação das almas – Ele sorriu – A ligação  que foi selada quando entrei naquele quarto semi destruído, ela curou a minha magia doente, por usar da magia negra. Você vem me curando desde então Harry.
 
- E eu acho que a minha ignorância sempre foi maior do que os fatos, os livros sobre ligação das almas em latim, que eu li uma vez, dizia a respeito sobre os patronos.
 Dizia que seriam o oposto um do outro, você é um cervo e eu uma corça... eu também achei que era por sua mãe Harry, mas foi você, sempre foi você. A minha memória mais pura sempre foi você, mesmo eu não compreendendo, quando eu acidentalmente ouvi sua conversar com Granger, eu conjurei meu patrono, e as únicas lembranças que me vinham era você, era estar com você. Sempre foi você.
 
Eu realmente não sabia o que dizer acho que Severo nunca se declarou dessa forma para mim antes.
 
 Ele colocou a mão um dos bolsos da calça e tirou uma caixinha de veludo ele abriu e havia duas alianças de ouro, uma com várias esmeraldas e outra com rubis, eram simplesmente perfeitas.
 
- Eu comprei a duas semanas, desde então ando com elas no bolso. Eu não tinha dúvidas que você é o homem que quero ao meu lado, até o último dia de minha vida, e na eternidade depois da morte, eu quero acordar com a visão de seus olhos verdes nos meus todas as manhãs que eu puder, eu já sabia disso antes e agora tenho mais certeza, certeza porque estamos ligados pelo destino, uma ligação de amor que nos permitiu dar “vida”. Ele se ajoelhou, segurou uma de minhas mãos e perguntou.
 
- Então Harry James Potter, você aceitar se casar comigo? Nesse momento foi como se todos os nossos momentos passassem como um num filme por minhas retinas, desde as aulas com ele, ver ele morrendo, ver suas memórias, voltar para salva-lo, uma certa detenção onde tudo “começou”, nosso término, reconciliação, os dias juntos no largo Grimmuald, descobrir sobre a ligação e nosso bebê, até agora. Severo Snape está ajoelhado me pedindo em casamento! Não contive as lágrimas a perceber que isso realmente estava acontecendo. Me levantei e o puxei para junto a mim, passei meus braços em seu pescoço num abraço, na intenção de nunca deixá-lo sair, no qual ele retribuiu me erguendo do chão.
 
- Sim, sim, sim Severo. – Mil vezes sim. Ele me pôs de volta no chão selando nossos labios, e colocou a aliança com esmeraldas em meu dedo.
 
- Para você sempre se lembrar de mim. Então peguei a aliança com rubis, e coloquei em seu dedo, minhas mãos estavam trêmulas, mas no fim consegui colocar.
 
- Sonserina e Grifinória, sim? Ele sorriu com a constatação óbvia.
 
- Mesmo se estiver longe de você, bastará olhar para ele, que lembrarei de um certo Grifinório insolente e arrogante. Disse com sarcasmos. Eu sorri com a provocação, e selei nossos lábios num beijo volupto e calmo, nossas línguas em sintonia.
 
- E extremamente lindo. Disse com ironia, sorriu e assentiu selando nossos lábios.
 
- Eu te.... Eu o interrompi, colocando meu dedo indicador sobre os seus lábios.
 
- Diga em francês. Ele me olhou confuso, e vi umas de suas sobrancelhas arquear.
 
- Como?
 
- Diga em francês Sev. Com alguma relutância interna ele cedeu.
 
- Je t’aime.
 
- De novo.
 
- Je t’aime.
 
- Sev, Sev... Não sabe o quão sexy você fica falando francês, e como isso tem efeito em mim. Ele abriu um sorriso maroto.
 
- Posso falar diversas coisas para você durante toda a noite se quiser. Ele passou uma mecha do meu cabelo para trás de minha orelha com calma, enquanto me fitava com suas íris negras.
 
- Eu irei amar escuta-las, noivo. Sim Severo Snape é meu noivo!

O Vira Tempo - SnarryWhere stories live. Discover now