III. XI. Almejada

1.2K 107 73
                                    

Por favor, leiam as nota finais!

Naquele instante eu tinha medo de abrir meus olhos. Medo de me deparar com algo muito ruim, podia sentir meus joelhos ardendo pelo impacto contra o chão. Respirei fundo, tomando coragem para finalmente deixar que meus olhos encarassem o mundo outra vez. Mas tudo que pude ver foi aquela capa preta logo a minha frente, eu vi seu olhar chegar até a mim com a pura preocupação que tomava seu corpo.

Eu precisava fazer alguma coisa, precisava dizer algo, eu precisava dele ao meu lado.

— Sasuke-kun... — Eu sussurrei, a cor vermelha que tinha tomado conta do seu olho, mangekyou.

Minha mente zonza finalmente conseguiu distinguir os sons e imagens que se apresentavam, os gritos de puro desespero. As chamas negras queimando aquele que me segurava alguns segundos atrás, enquanto os outros três à frente imploravam por Sasuke, pedindo perdão.

Vi ele indo até um dos garotos, segurando ele pelo pescoço e o erguendo do chão.

Eu vou contar tudo que eu sei, eu juro! — Sua voz parecia um tanto arrastada, a respiração comprometida.

De longe eu pude ver que aquele não era o Sasuke que passava a noite em claro comigo, o mesmo que acariciava minha barriga quando nossa criança não me dava um pingo de paz. Sua posse tinha mudado, aquele era o Sasuke de um campo de batalha, o que extinguia seus bons sentimentos para pensar apenas na estratégia, o que deixava o mal sentimento prevalecer em seus momentos mais perigosos.

— Não preciso que diga nada, apenas olhe em meu olhos. — O tom em sua voz carregava tanto ódio que até mesmo eu me assustei naquele momento.

— Sasuke! — Gritei por ele, recebendo toda a sua atenção. — Pare, por favor, Sasuke... Eu preciso de você, agora...

Meu corpo encolheu sem minha permissão, respondendo a dor antes de responder a minha mente.

— Sou eu que preciso de você aqui! — Eu nem ao menos sei se ele me escutou, porque até mesmo eu tive dificuldade de ouvir o que acabara de dizer, minha voz tinha se tornado apenas um fio.

Vi seus passos vindo até a mim, seus olhos já não carregavam os sentimentos ruins de agora a pouco, ele parecia preocupado. Da mesma forma que eu fiquei quando senti o sangue escorrer pelas minhas pernas, a dor parecia tão forte que meu corpo se anestesiou por si só.

Em termos médicos, isso se denomina analgesia induzida pelo estresse. Nos meus primeiros treinos com Tsunade-sama eu pude descobrir que esse fenômeno é mais real do que eu imaginava.

Porque ela quebrava diversos dos meus ossos, mas mesmo assim, eu não sentia a dor no segundo em que ele era quebrado.

Seu corpo não fica preocupado em sofrer com o machucado. A prioridade é não deixar o estrago aumentar, essa é a forma que o corpo encontra de impedir que você preste atenção ao ferimento para fazer coisas mais importantes. Isso tudo se deve a um coquetel de substâncias, como adrenalina, bloqueando o caminho da dor pelos nervos. Como são eles que "avisam" o cérebro que você se machucou, naquele instante meu cérebro ainda não tinha captado a mensagem.

Aquilo era preocupante, do meu ponto de vista, extremamente preocupante.

Eu senti minha visão começando a ficar turva, não sabia se meu corpo estava falhando ou se as lágrimas eram o motivo de não estar enxergando dois palmos à minha frente com clareza.

Eu não conseguia sequer focar nos caminhos que estávamos tomando, apenas me deixei ser guiada por Sasuke, mas quando as luzes fortes prejudicaram ainda mais a minha visão, sabia que estávamos em algum dos esconderijos de Orochimaru.

O Retorno do UchihaWhere stories live. Discover now