II. V. O Peso De Uma Vida

2.4K 208 128
                                    

Depois de ouvir tudo que ele tinha mantido guardado para si, eu fiquei aliviada por estarmos nos entendendo e aprendendo que a comunicação é algo importante. Ele parecia receoso enquanto me aguardava, pela primeira vez em semanas eu poderia respirar aliviada e ter uma folga. Às crianças em Suna estavam livres das febres e enjoos, meu trabalho árduo tinha dado grandes resultados, mas não deixava de ser preocupante.

Tantas crianças ficando doentes ao mesmo tempo, como não pude examiná-las, não tenho certeza de qual foi a causa da doença repentina. Mas minhas suspeitas me fazem pensar que existe alguém por trás disso, aquilo estava me deixando completamente louca. Por isso precisava de um bom lámen e a companhia daquele que me aguardava ansiosamente algum tempo para nós dois.

Ele me acompanhava em silêncio, como sempre, mas nossas mãos entrelaçadas sob sua capa me dizia que ele estava confortável ao meu lado, pela primeira vez enquanto andávamos em público não senti nenhuma tensão da parte dele. Ele não parecia ligar mais para o jeito como as pessoas nos olhavam, e eu agradecia por ele ter superado isso.

Apesar de gostar de lugares silenciosos, ele não reclamou nem por um momento de estarmos em um lugar com muitas pessoas. Ele estava muito mais concentrado em observar se eu estava me alimentando bem, com um sorriso quase inexistente no rosto.

— Você tem se alimentado direito? Sei que tem trabalhado demais, eu pensei em te levar alguma coisa, mas poderia te atrapalhar. — Eu sorri para o seu jeito levemente constrangido, ele ainda não sabia como agir em muitos momentos.

— Você pode me esperar no consultório sempre que quiser, eu não iria me incomodar de receber uma visita sua no meu plantão. — Eu deixei no ar, talvez quando ele quisesse me ver, apareceria por lá.

Os momentos mais bobos que tínhamos, aquecia meu coração, tê-lo longe por tanto tempo me deixava a flor da pele. Mas quando ele estava aqui, era como se todo o tempo que ele não esteve aqui, simplesmente sumisse.

Ele me fazia esquecer que tudo poderia ser muito complicado, ao seu lado tudo se tornava simples. Era divertido ver que alguém como ele que não conseguia falar mais do que cinco minutos seguidos, tomava conta das nossas conversas.

Eu não podia negar que adorava observar seus lábios se mexerem, mesmo que de forma lenta. Eu admirava seus olhos ônix, e o quanto eles eram intensos. Depois de um curto período de tempo com alguns momentos só nossos, Sasuke me acompanhou até em casa. Mas ainda manteve sua mão na minha quando eu estava prestes a entrar, com um pedido silencioso nos olhos.

Eu não sabia o que ele queria dizer, mas por um momento vi que a coragem que tinha em si, se foi. Ele não iria me dizer o que estava acontecendo, pelo menos não hoje, eu vi isso em seus olhos.

— Boa noite, Sakura... — E assim, ele foi embora.

Mas nada me tirava da cabeça que aquele momento tinha muito mais do que só um boa noite, porém, eu não iria colocar nenhuma pressão sobre ele.

Ele estava aprendendo a se abrir, me deixando entrar em seu coração e isso era uma tarefa árdua para ele. Com todo o seu passado, ele ainda tem dificuldade de demonstrar o que sente de verdade.

Esses pensamentos tomaram minha cabeça até que o sono chegasse a mim, eu tinha dificuldade em aceitar que as coisas entre nós não poderiam mudar do dia para noite. Minha enorme falta de paciência era uma inimiga, mas aos poucos eu estava aprendendo a lidar com meu turbilhão de sentimentos. Afinal, Sasuke não era o único a estar aprendendo como agir em uma relação.

Uma boa noite de sono era o que eu precisava, relaxar pelo menos um pouco depois de tanto tempo sob tensão.

...

O Retorno do UchihaWhere stories live. Discover now