III.XII. De Volta ao Lar

1.7K 131 45
                                    

Você já se perguntou o que é a real felicidade? Ser plenamente feliz...

Felicidade é como uma paz interior fluindo por cada uma de suas veias, misturada ao seu sangue, vem ao mundo através de um sorriso espontâneo ou de uma gargalhada sem as regras de etiqueta presentes. São risos intermináveis, mas não se resume apenas aos risos que se instalam nos lábios, mas aqueles traçam o caminho do coração e escapam pelos olhos. Você já viu alguém sorrir com os olhos?

É o tipo de riso que transborda por todos os poros do seu corpo, aquele que sempre alegra qualquer um que esteja ao redor. Era esse tipo de riso que Sakura sempre tinha, o riso que ela mantinha nos lábios enquanto nossa filha estava em seu colo e quase devorava o seu seio.

Parecia um pequeno animalzinho faminto, talvez realmente fosse assim porque passou muitas horas sem o colo da mãe, então brigava para se prender a ela.

Então ali eu podia ver a cena mais linda, Sakura sorrindo enquanto amamentava nossa menina, até seu olhar chegar a mim e o sorriso diminuir aos poucos. Talvez minha expressão não estivesse das melhores, porque tive uma noite inteira deitado ao seu lado, enquanto vez ou outra checava nossa criança, que eu não poderia ficar perambulando com elas por aí. Isso era muito perigoso, elas eram valiosas demais para estarem comigo pelo mundo, deveriam estar seguras em uma casa de verdade, com gente o suficiente para protegê-las, se fosse necessário.

— Nós precisamos voltar... — Eu tentava não mostrar o desânimo que aquilo me causava, porque eu sabia o que voltar significava. — Não dá pra seguir uma viagem com nossa filha, ela é muito pequena, precisa de cuidados e o que aconteceu... O que eles tentaram fazer com você, com ela ainda em sua barriga, tratando você como o depósito de uma mercadoria que eles estavam loucos para arrancar dali e levar pra algum lugar desconhecido. Eu não sei o que faria se isso acontecesse de novo, se eles ameaçarem a sua vida, a vida dela.

Ela me silenciou apenas com o olhar, não precisava mais do que aquilo para eu saber que continuar me justificando só a faria se sentir ainda pior.

— Não precisa me explicar os motivos pelos quais eu tenho que voltar, eu sei e compreendo todos eles, mas mesmo que eu entenda, nenhuma dessas razões me faz feliz. — O sorriso dela tinha passado da mais pura felicidade para a tristeza, eu odiava os sorrisos tristes.

— Você sabe que se dependesse apenas de mim, eu jamais teria que sair de perto de você outra vez. — Eu queria ter algo melhor para dizer, mas mesmo que eu não tivesse nada de bom, queria tentar consolá-la de alguma forma.

Mas depois daquilo ela se desligou completamente da nossa conversa, imersa em seu próprio mundo, imaginei que seu desejo era encerrar aquele assunto. Seu olhar não voltou até o meu novamente, ela usava Sarada como uma desculpa para não ter que me encarar.

Eu não gostava de causar aquele tipo de sensação nela, porque eu sabia que estava magoando seus sentimentos novamente, como se já não tivesse feito isso o suficiente. Eu queria poder mudar o jeito que as coisas funcionam nesse mundo, mas essa era uma coisa que não estava sob minha alçada.

(...)

A viagem não parecia estar seguindo tão bem, nós tivemos poucas conversas e eu não era muito bom em puxar a maioria delas. Ela não parecia tão interessada em passar muito tempo falando, estava se focando nos horários em que tínhamos que parar em algum lugar tranquilo para que ela pudesse amamentar.

Estávamos demorando mais do que antes, porque eu insistia que parássemos em pousadas porque não queria fazê-las dormir debaixo das folhas das árvores ou um acampamento improvisado. Queria que elas estivessem protegidas sob um teto aconchegante e quente, estava tentando me esforçar para trazer alguma coisa boa enquanto ela estava tão triste. Mas o tempo com ela parecia estar passando rápido demais.

O Retorno do UchihaWhere stories live. Discover now