Decepções

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Acabo de sair do elevador, entro num corredor extenso de tapete vermelho e decoração bem clássica, esse hotel fica na Seventh Avenue, tivemos que vir até o Renaissance New York Times Square Hotel para cobrir o evento, Gaspar sempre fica muito feliz com convites assim e é bom para os negócios da família porém eu não consigo ver tanta graça ou prestigio em nada disso, acho um luxo trabalhar com pessoas conhecidas, contudo, se tornou rotina para mim, claro que para o meu cunhado isso significa mais dinheiro na conta dele. 

Entro no lugar de portas amplas indicado pela Brunnete, é uma sala de jogos enorme, eu tirei o avental, chequei meu cabelo, quero sair bem na foto, olho envolta a procura de Sea , é aqui que ele deve estar com os amigos produtores, aqui não tem um bar porque o bar do hotel fica em uma outra ala próximo ao restaurante e quando alguém pedir algo, deve ser porque quer descrição.

Seguro a bandeja tentando não tremer muito, nem acredito que vou conhecer meu ídolo de adolescência, será que eu posso pedir a ele que grave um vídeo mandando um beijo para minhas filhas? Acho que o Sea não vai se importar, ele é sempre tão simpático com as câmeras.

—é aqui moça, estamos aqui.

Diante de uma mesa redonda tem 5 homens, todos de smoking e gravatas borboletas, respiro fundo enquanto me aproximo de lá, eles jogam cartas, logo de longe vejo a silhueta avantajada e intacta dele, sorrio enquanto atravesso o hall do lugar, é um salão bem grande.

Contudo, conforme vou me aproximando, percebo algum movimento a mais por entre as pernas dos homens, todos eles são atores bem conhecidos, acho que amigos de cena do Sea , homens da indústria, fico a alguns metros da mesa e não demoro para perceber um cartão de crédito entre as fichas, alguns saquinhos de cocaína, uma seringa, notas de dólar, saquinhos do que parece ser erva, engulo a seco ao ver que o movimento embaixo da mesa se resume a duas garotas usando vestidos de noite fazendo "coisas" com a boca delas neles, desvio o olhar.

Fico dura.

—moça, pode vir—diz um deles com naturalidade.

Meu Deus!

Engulo a seco e me aproximo da mesa, enquanto me aproximo, vejo Sea Martin enrolar uma nota de dólar e cheirar um rastro longo de cocaína, meu coração fica disparando enquanto fico parada ao lado dele, tento ficar imóvel e estendo a bandeja com o copo de uísque.

Sea ergue a cabeça fungando, escuto os sons das duas garotas fazendo sexo oral nestes homens, um deles inclusive usa aliança de casamento, e assim de perto, observo o homem a quem tanto quis conhecer me sentindo estranhamente chocada.

—olá!—ele fala e me olha—suponho que esse uísque é para mim, certo?

—sim senhor—digo a força.

Por alguns segundos, os olhos azuis me fitam, e alguns instantes parecem ocorrer em câmera lenta para mim, olho envolta sentindo meu coração acelerado, e não sei porque me desiludo tanto com essa visão, é algo do qual eu nunca presenciei em meus dez anos de buffet, se faziam, sempre foram muito discretos, mas estes homens não.

Eles tão tem pudor algum, Sea Martin não tem pudor.

—obrigado!

Depois que escuto ele coloca o copo sob a bandeja, sinto um nojo tremendo de olhar na cara desse drogado, giro os calcanhares e me afasto saindo o mais depressa possível do lugar.

—você não quer um autógrafo beleza?—escuto um deles perguntarem.

—enfia seu autógrafo no rabo—respondo chateada.

Atormentada * DEGUSTAÇÃOWhere stories live. Discover now