Casa

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Entramos em casa pela porta da garagem, estou aliviada de saber que enfim encontro minha base de segurança, a agitação causada pelo fato de estarmos no caso felizmente parece ter se esvaído, escuto o som da tv da sala assim que abro a porta que dá para a cozinha e logo em seguida lanço um olhar para a direção dos sofás, Quênia está vendo tv enquanto Andra pinta as unhas e Saara está jogando algum desses jogos digitais no celular da irmã mais velha, sei que a babá já foi embora, pois acabo de ler sua mensagem de texto avisando que o horário dela havia se passado e que precisava ir.

— E aí? Viu o Sea? — escuto Andra questionar toda distraída — Eu tenho certeza de que ele adorou conhecer a fã número 1 dele.

Olho sob o ombro e não estou exatamente envergonhada, Sea entra na minha casa sem esboçar reações e não temos conversado desde o momento da calcinha, acho que ele ainda está um pouco zangado comigo porque fiz ele jogar aquela coisa fora.

— Oi pai. — Quênia diz.

" Oi amorzinha do papai "

Tenho compartilhado muito mais do que posso com as minhas filhas desde seus nascimentos, elas assim como Brian confiam e acreditam plenamente em mim e sabem dos meus dons, até porque é complicado demais as vezes estar em algum lugar e ver algum "fantasma" sem esboçar reações, Saara não entende ainda, mas ela já percebeu que eu também não sou uma pessoa comum.

Nunca conseguiria esconder isso delas.

Talvez seja boa atriz para fingir diante da família do Brian, porque afinal de contas não tenho um contato tão profundo com eles, não gostam de mim e nunca aprovaram nosso casamento então fico o máximo distante, mas sempre que íamos em algum velório eu buscava ficar o máximo possível longe de todos, como quando a avó materna dele faleceu, Clarissa, ela morreu em paz, mas me pediu que dissesse ao Brian onde estava seu verdadeiro testamento, a família dele não fico muito contente em saber que havia um testamento e que ela havia deixado boa parte dos bens para caridade.

Ok, culpada.

Mas era a vontade de Clarissa e eu sabia que ela nunca partiria em paz se não tivéssemos resolvido isso para ela, quando fez sua jornada eu estava aliviada de todas as formas.

— Não disse que o seu marido faleceu? — Sea pergunta discretamente.

— Trouxe docinhos para... Ah meu Deus! — Andra berra enquanto se aproxima e hesita em choque.

Andra não é diferente de suas irmãs, cabelos claros e olhos azuis, o motivo dos pais do Brian quebrarem a cara depois do nascimento dela, não precisamos de DNA, infelizmente nenhuma saiu a mim, todas tem traços do pai.

" Ah, se ela soubesse"

Né?

— Meninas venham aqui, quero lhes apresentar o senhor Martin. — chamo tentando manter o máximo de educação.

Todas usam pijamas coloridos, estão descalças, Saara vem depressa e eu a pego no colo, afasto seus cabelos loiros para trás e ela beija a minha bochecha toda carinhosa, os olhinhos cheios de sono, olho para Andra.

— Ela quem não quis dormir — Andra justifica nervosa e exibe um sorriso coberto por um aparelho dental com linguinhas cor de rosa.

— Sea estas são as minhas meninas, Andra, Quênia e Saara, meninas este é o senhor Martin, ele veio nos acompanhar no jantar. — apresento cordialmente.

" Olha cara da Quênia, parece que ela vai babar a qualquer momento"

Brian costuma fazer essas piadinhas de vez enquanto, é algo que me faz sorrir, mas estou bastante nervosa.

Atormentada * DEGUSTAÇÃOWhere stories live. Discover now