Completa

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— Mamãe, você e o Sea estão... juntos?

Andra está me ajudando a pegar as roupas nos varais dos fundos, obviamente que eu não esperava por uma pergunta dessas logo agora.

— Filha eu e ele somos amigos.

— Amizade colorida ou amigos que estão se conhecendo melhor?

— Diria que só amigos mesmo, ele se preocupa comigo.

Sei que a minha filha quer que eu arrume um namorado e que vá ser "feliz" assim como ela fala, mas isso não vai acontecer agora com o Sea Martim, ao menos não de forma convencional, nem tentaria explicar para ela nada porque ela não entenderia, nem mesmo eu não estou entendendo muita coisa. Sea Martim tomou café conosco agora a pouco depois subiu, se vestiu e disse que iria resolver algumas coisas, que seu motorista estava vindo buscá-lo, me despedi com um aceno de mão e ele partiu.

Ainda tenho dentro de mim a esperança de que ele não volte, durante o café eu ficava olhando para ele e me perguntando o que havia feito comigo e com ele, não era coisa que pretendia fazer do nada, não era coisa que deveria, mas fui movida por uma força dentro de mim que queria aquilo.

— Tenho medo de que você não queira se casar novamente, amamos o papai, mas ficar sozinha não é saudável para você mamãe, poderia dar uma chance pro tio Gaspar.

— Gaspar? — eu riria de desespero.

— É, só você ainda não percebeu que ele é a fim de você, acho que está tão preocupada com a memória do papai que não percebe que os homens também te querem.

— Você não pode estar falando do seu tio que só sai com meninas de vinte e cinco anos que fazem faculdade.

— Ele mesmo, ele te olha do mesmo jeito que o papai te olhava, se nada der certo com o Sea, pode tentar dar uma chance para ele não acha?

Não posso repreender Andra, com a morte do pai ela amadureceu muito rápido, me ajuda aqui com tudo, ao mesmo tempo acho que talvez ela esteja maravilhando demais coisas em relação ao tio. Gaspar é do tipo de homem como Sea Martim, ele nunca se referiu a mim como uma mulher a quem deseja e sim como uma cunhada indesejada.

Se eu tivesse que me envolver com alguém com certeza não seria nenhum dos dois.

— Menina, você está mesmo precisando de ajuda.

Escuto Dandara falando, ela com seus longos cabelos escuros cheios de tranças, dou um sorriso, ela costumava trançar meu cabeço e fazer aqueles penteados que eu adorava antes de eu parar de procurá-la, fazia minha sobrancelha e também minhas unhas. É uma jovem mulher que tem três filhos e mora com a mãe, é divorciada e muito bem humorada.

— Oi, Dandara!

— Que energia garota, vamos logo arrumar isso.

Ela indica minha face com o gesto circular, masca chiclete, deixo as roupas dobradas dentro da bacia e a sigo, Andra vem carregando a bacia sem dificuldades, entramos pela porta da cozinha e vou até a sala, as quatro bolsas de Dandara estão na sala no chão e a cadeira que ela carrega consigo está no canto central, as meninas veem tv do outro lado concentradas.

— Queremos algo que deixe sexy mas sem ser vulgar. — Quênia diz.

— É hoje que eu te deixo a cara da Bey, baby.

— Crazy in love! — Saara berra contente.

Acho graça.

Me sento na cadeira, a assistente de Dandara entra pela porta da sala com outra bolsa, ela se inclina e começa a pegar o equipamento para começar a mexer nos meus cabelos.

— Que tal se usarmos uma extensão numa cor de mel? — indaga ela.

— Faz tanto tempo que eu...

— Ela quer — Andra corta e vai até a cozinha. — Tudo o que ela tem direito, queremos algo que realce a beleza natural dela.

— Vamos depilar também? — questiona a moça.

— Vamos, tudo, pacote completo.

— Eu vou dar um trato nisso, tem sorte que me ajudou com o vovô Andy garota. — Dandara diz. — Que Deus o tenha.

Ajudei algumas pessoas do bairro, felizmente não tive reclamações depois disso. Não queria ter que fazer nada disso tudo de uma vez ou parecer que estou me cuidando logo agora que tem um homem vindo a minha casa, mas enfim, com sorte ele não virá mais.

— E aqui vamos nós.




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 FIM DA DEGUSTAÇÃO 

Atormentada * DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora