— Olá, bom dia, gostaria de falar com a senhora Fumiko Saito.
— Sou eu mesma, quem deseja?
— Você é a mãe do Thomas? Thomas Oliver Newton ou melhor Thomas Fumiko?
Ela abre a porta por completo, é uma senhora de ascendência japonesa com um semblante meio pálido e porte pequeno, tento sorrir enquanto ela está bastante séria, de acordo com os dados que peguei na delegacia esta é a casa da mãe do Thomas, fiquei satisfeita de não ter encontrado dificuldade de achar o lugar, ela mora no Queens numa casa até modesta, sei que é enfermeira e que já se aposentou, na ficha dizia que ela era imigrante ilegal até 2010 e isso explica porque ela usou o nome falso de Oliva Newton por tantos anos, bem como Thomas Oliver Newton que era o nome falso dado a Thomas, mas que regularizou sua situação no país desde então, tudo estava nos arquivos da polícia, não foi difícil deduzir algumas coisas.
— Podemos conversar, senhora Saito?
— Agora não é uma boa hora...
— Thomas quer se comunicar com a senhora.
A vejo hesitar depois parece refletir sobre isso, noto em sua forma de reagir ao ouvir o nome dele que isso traz a ela uma ponta de tristeza, mas que é algo que quer evitar sentir, nem consigo imaginar como é a sensação de se perder o filho, mesmo tendo se passado mais de trinta anos basicamente.
— Você quer dinheiro?
— Não, eu vim trazer uma mensagem, sei que seu filho faleceu depois do desmoronamento do prédio onde atualmente é o Hotel Renaissance New York Times Square, ele quer se comunicar com a senhora, me pediu que viesse...
— Não tenho tempo para isso! — corta e bate com a porta na minha cara.
"Velha rabugenta"
"Ei, não fale assim da minha mãe"
"Cala a boca Bibiro!"
Franzo a testa e toco a campainha de novo e de novo, é difícil, tem gente que realmente — e é comum — não entende bem as mensagens, acha que quero dinheiro e presentes, mas tem coisas que não mudam, o espectro do menino veio me acompanhando desde que passei em frente ao Hotel agora a pouco, estava tentando capturar a essência dos eventos, queria mais credibilidade nos meus argumentos. A porta se abre novamente e a senhora Saito está diante de mim com cara de quem comeu e não gostou.
— Thomas quer que você pare de fazer orações invocando a alma dele, ele precisa descansar e você não deixa, ele quer que saiba que ele te ama e que sente falta de você e dos seus pais, a avó que se chama Akemi e o avô Horoshi — vou repetindo tudo o que escuto através de sussurros, ela arregala os olhos espantada. — Ele disse que você não tem culpa dele ter se perdido no local e que lamenta que você sofra tanto com o fato dele não estar aqui, ele pediu que você não chore nos aniversários dele e que não se preocupe com o nome na lápide, ele precisa descansar.
Ela me olha por um período de minutos extensos, eu não gostaria de transmitir isso assim, mas é difícil ter paciência com alguns comportamentos.
— Thomas quer que saiba que ele quer encontrar paz e enquanto a senhora não cuidar da sua saúde mental, ele não irá descansar, ele pede que não fique chorando por ele, ele se preocupa com a sua filha, irmã dele... — escuto os sussurros do pequeno. — Aimi, ele pede que prossiga, disse que não suportaria que a senhora sofresse por mais trinta anos por conta dele, ele a ama e quer vê-la bem e segura, ele te livra da responsabilidade e do peso da morte dele, quer ser lembrado com Yorokobi to ai.
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Atormentada * DEGUSTAÇÃO
ParanormalSEM REVISÃO * ROMANCE SOBRENATURAL. DEFUSTAÇÃO Africa é viúva, ela tem 3 filhas, casou-se cedo e também ficou viúva cedo, ela trabalha no serviço de buffet de seu cunhado e vive falando pelos cotovelos, certo dia, cobrindo um evento intencionalmen...