— Não quer me dizer o que houve?
Sopro meu café dentro da caneca e fico olhando para Sea Martim de onde estou, os olhos fincados em mim desde que vim para cá e entreguei uma xícara de café para ele.
— Não quero compartilhar meus problemas pessoais com você.
— Você me ajudou bastante na última vez que estive aqui, acho que agora é a minha vez te de ajudar.
— Nem consigo imaginar que esteja outra vez aqui, você sempre pareceu tão inacessível às pessoas.
— Pareci?
— Sim.
Beberico um gole de café, Sea continua me olhando, sentado todo ereto no sofá como se nunca estivesse pronto para baixar a guarda, tem horas que olho para ele e ainda é irreal, algo que me remete a impossibilidade, mas com um brilho que se apagou com a frustração do que houve quando o conheci.
— E o que te faz pensar isso sobre mim? — indaga.
— Bem, você é educado demais, gentil, mas se esquiva quando se trata da sua vida privada.
— E você está fazendo o mesmo agora.
Suspiro tentando imaginar um mundo onde eu consiga me abrir completamente com alguém sem assustar a pessoa, acho que o mais próximo que cheguei disso foram meu psiquiatra e o Brian, mesmo que eu ainda perceba no doutor Fábio um bocado de receio e, porém, ele acredita mais na ciência porque é cético.
— Eu tenho sonhado com você, não sei dizer se isso é algo bom ou ruim. — Sea revela um tanto constrangido.
Acho que custa a ele confessar que tem pensando em mim, alguém como eu, uma simples mortal da qual ele jamais ocuparia seu tempo pensando, fico surpresa.
— São sonhos conturbados? — quero saber.
— Não. — ele desvia o olhar para a xícara e bebe o café.
Quero entender, mas o jeito reservado no qual ele me olha me deixa confusa.
— Talvez eu possa te ajudar se me descrever como é o sonho, nos meus estudos cada sonho tem um significado. — justifico.
— São sonhos meio... românticos.
Franzo a testa e isso realmente me surpreende, ele não gosta de admitir e falar em voz alta, tem vergonha, começo a ficar meio constrangida.
— São sonhos curtos, alguns em que estamos andando em um lugar bonito de mãos dadas e outros em que estamos em algum lugar da casa... a sós... transando.
Ouvir isso vai me causando um arrepio estranho no corpo, é como se um filme passasse na minha cabeça e todas as vezes que sonhei com isso se projetassem diante de meus olhos, tinha uns treze anos quando comecei a sonhar com Sea Martin e eu correndo em um jardim de mãos dadas, ele um jovem adolescente de dezenove anos e eu uma menina, diferente de tudo o que ele já conheceu na vida.
Quando fiz dezesseis os sonhos começaram a se tornar mais quentes, culpei minha obsessão por ele por aquilo, havia sonhos em que eu e ele nos casávamos e outros em que eu tinha plena certeza de que fazíamos amor, me recordo de acordar banhada de suor e com a calcinha molhada, foi nessa época que descobri mais sobre as questões voltadas a minha sexualidade, mas também os sonhos se cessaram porque um tempo depois conheci o Brian e me apaixonei por ele.
— Você se sente mal quando acorda? — pergunto tentando ser o máximo impessoal.
Vou tratar como uma consulta.
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