Crianças perdidas

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POV Darryl (1°pessoa). 

   Eu acabei ficando o final de semana todo na casa de Zak, e eu diria que foi um dos meus melhores dias. Nós assistimos filmes, conversamos, eu até conversei com sua irmã Samira! Ela é um amor de pessoa, mas tinha a maneira estranha de rir quando eu falava sobre o Zak... tipo, quando eu falei que ele era alguém que abraçava bem, ela riu e saiu correndo para falar pra ele. Estranha, mas alguém muito legal. 

- Tem certeza que consegue voltar sozinho? - Zak me pergunta assim que saio de sua casa. 

- Claro que tenho, faço isso desde os 12 anos - respondo e ele ri.

- Só quero ter certeza que você vai chegar bem em casa - ele coloca a mão em meu rosto e sinto minhas bochechas esquentarem. 

- Não é como se eu fosse ser atropelado por um ônibus que passa na rua de trás da minha, né? - brinco rindo e ele me encara com uma feição séria. 

- Darryl, isso foi muito específico - ele suspira - tem certeza que vai ficar tudo bem? 

- Eu prometo - sorrio e ergo meu mindinho - pinky promise. 

- Pinky promise - ele entrelaça seu mindinho ao meu e me encara. Me aproximo lentamente e deixo um selinho em seus lábios - te vejo amanhã na aula. 

- Até! - falo assim que nos afastamos. Arrumo minha mochila e começo a ir em direção a minha casa. O dia estava bem calmo, o céu estava sem nuvens e o sol já estava quase se pondo, o que me dava uma ótima vista. A brisa leve assoprava o meu rosto com gentileza e o sol coloria tudo com um laranja avermelhado. Paro um pouco de andar e vejo que tinham duas crianças brincando em um parquinho sozinhas, me aproximo um pouco e elas me encaram animadas. Aceno com a mão e as correm até mim. 

- O que estão fazendo sozinhas aqui? Já está quase a noite, pequenas - passo a mão na cabeça delas e elas riem. 

- Mamãe falou que ia voltar logo, mas estamos esperando ainda - a mais alta fala com um sorriso. E de repente memórias vem a minha cabeça. 


- Darryl? Meu anjinho - minha mãe agacha ao meu lado, estávamos em um parquinho como aquele - a mamãe vai sair um pouco e você fica aqui, ok? 

- Sim, mamãe! 

- Eu te amo, ok? Nunca sinta raiva da mamãe, eu estou fazendo isso por que quero que você tenha uma vida melhor - naquela época eu não sabia o que estava acontecendo, mas hoje em dia eu sei. Eu fiquei lá o dia inteiro esperando, até que começou a chover e eu precisei me esconder em algum lugar. Tinha uma sorveteria que estava aberta, então eu entrei lá e fiquei sentado em uma cadeira enquanto olhava para a janela que dava para o parque. 

- Precisa de algo, criança? - uma senhora sorridente pergunta. 

- A mamãe ainda não voltou - respondo com lágrimas caindo sobre minhas bochechas.

- Oh meu Deus, vamos fazer assim, eu vou te dar um sorvete e se ela não voltar até o fim do dia eu eu irei te levar para casa comigo, tudo bem? 

- Mas... - a senhora estende a mão e eu a seguro, nós vamos até a vitrine onde tinha vários tipos de sorvete. Eu pedi uma bola de flocos e uma de chocolate - você acha que a mamãe esqueceu?

- Eu... não sei te dizer, pequeno - ela pega o potinho com as bolas de sorvete e coloca um pouco de granulado - aqui, cuidado para não cair. 

- Obrigado - pego o potinho e me sento na mesma cadeira que antes. Sempre que alguém passava eu ficava vendo para ver se não era a minha mãe, até que as luzes das lojas do lado desligam e eu sinto uma mão me tocar. Me virei esperançoso, mas não era quem eu esperava. A senhora de antes estava ali com um sorriso e suas coisas em mãos. 

Apenas um jogo | SkephaloWhere stories live. Discover now