Apenas um jogo | Skephalo

Sonhos e melodias

POV Darryl (1°pessoa).

  Todas as aulas pareciam mais demoradas do que de costume, o dia em si estava todo arrastado... minhas mãos tremiam e eu não conseguia parar de balançar a perna sob a mesa. Eu estava me sentindo frio, e um nó se formava em minha garganta. Até que finalmente o sinal toca.

 Eu me levantei o mais rápido que pude e fui até a mesa de Zak. Ele estava conversando com um garoto de forma animada, porém assim que me vê parado ao seu lado, ele muda sua feição na hora.

- O que você quer? - ele pergunta de forma seca. 

- Nós podemos conversar, Zakie? Por favor - falo e seguro em sua manga, porém ele afasta seu braço de mim e me encara com uma cara de nojo. 

- Eu não tenho nada pra falar com você agora - ele suspira e olha para o garoto que tinha uma feição confusa - me desculpa por esse cara, ele vive me irritando. 

- Eu não acredito que você falou isso! - sinto minhas orelhas esquentarem e minhas mãos tremerem - você nem ao menos me deixou explicar!

- E o que você tem para explicar, huh? Que o beijo foi bom? - ele ri de forma sarcástica, se levantando - quando eu falei que gostava de você, eu pensei que podia confiar em você... mas como eu disse, você parece uma puta. 

- Ahn? Zak, você não sabe o que aconteceu, então cala a boca! - grito e aponto meu dedo em seu rosto, mas ele me encara com os olhos arregalados e bate em minha mão para que eu abaixasse meu dedo. 

- Eu que tenho que calar a boca? Você foi o único que beijou outra pessoa, idiota! Eu vi com meus olhos, okay? - ele me pega pela gola da blusa e me empurra até eu bater as costas na parede com tudo - sinceramente, eu não sei porque eu ainda tentei... eu podia ter ferrado com a sua vida aquele dia mesmo, mas o fato de eu gostar de você não colaborou. Mas sabe de uma coisa? Você é um merda e não merece ser amado! - ele cuspe todas essas palavras em meu rosto e eu apenas sinto meus olhos arderem. 

- Você... - começo a falar mas as lágrimas me cortam. 

- Darryl, me desculpa - ele arregala o olho e me solta - Darryl... eu exagerei. 

- Zak! Sai daqui - ouço uma terceira voz e vejo que era Alex novamente - você não sabe ouvir os outros, seu merda - ele se aproxima de mim e me ajuda a me levantar. Minhas costas estavam doendo, mas o que mais doía era meu peito. Eu sentia ele se apertando, meu corpo estava fraco e minha visão turva... até que tudo se torna preto e eu apenas consigo ouvir a voz de Zak gritando meu nome ao longe. 

  Abro meus olhos e me deparo em um lugar totalmente preto, me sento e minha cabeça dói. Tento me levantar mas algo parecia me puxar, olho para baixo e vejo que o chão estava encoberto de vinhas vermelhas, toco em uma e sinto a textura macia e ao mesmo tempo grudenta. Fico sentado ali sem fazer nada, apenas encarando as vinhas se mexerem de um lado ao outro pelo meu corpo, até que percebo que apenas meus rosto não estava coberto. Arregalo meus olhos e começo a me debater para soltar aquelas coisas de mim, até que finalmente estou livre delas, me levanto o mais rápido que consigo e quando olho para baixo, vejo que não tinha mais nenhuma vinha no chão. Olho para meus lados e vejo uma janela que estava flutuando no meio do escuro, ela estava um pouco distante de mim, faço meu caminho até ela e assim que abro ela para ver o que tinha do outro lado, sinto uma brisa bater em meu rosto. 

  Fecho meus olhos e quando abro-os novamente, me vejo em um lugar totalmente diferente. É um campo, tinha uma árvore enorme a alguns passos de mim. Porém nada além da árvore parecia certo, o céu era em um tom avermelhado e a grama em um laranja morto, as flores eram todas murchas e havia pequenas vinhas que começavam a prender meus pés. Até que ouço uma melodia de piano, vinha daquela árvore... começo a correr e assim que chego perto dela, me deparo com Zak sentado tocando o piano que emitia aquela bonita melodia. Me aproximo e percebo que nada daquele vermelho estava mais lá, o céu estava em um azul muito bonito, havia algumas nuvens que andavam por aquela imensidão azul de forma lenta, a grama verde e as flores que agora estavam vivas, balançavam ao ritmo da brisa. Algumas folhas da árvore caem sobre mim, me sento ao lado de Zak.