Brincando de Colorir 🏳️‍🌈

A flor da pele

No dia seguinte estavam todos comentando o acidente desastroso de antes. Pedro e João viraram as estrelas do momento, e ninguém planejava esquecer aquilo tão cedo, para o desprazer de ambos.

—É o que eu tô tentando dizer, para mim eles são do vale sim, só que estão preso no armário a tanto tempo, que não percebem ainda.— Falou a Nay para sua panelinha de fofoqueiras.

—Mano, eu realmente acho que tenha sido só um mal entendido... Aqueles dois são tão, como posso dizer, Héteros Top, eca. Nem consigo imaginar eles em um romance assim.— Disse Luana tentando mostrar seu ponto de vista.

—Olha, pra mim eles são e ponto, até porque não havia motivo para ficarem tão constrangidos e corados, se não estivessem com dúvidas de sua sexualidade, mesmo que lá bem lá no fundo.— Clara declarou.

Enquanto estavam naquele dialeto de quem estava certo, tomaram um susto quando os dois adentraram a sala de aula e sentaram em lugares separados. O que era extremamente estranho, afinal de contas, se tudo não passava de um mal entendido para que se evitarem? Os dois se fitaram a distância e depois viraram o rosto em constrangimento.

—Eu te falei o que, tem caroço nesse angu, eles estão muito estranhos. Disse Nay sussurrando para as suas duas amigas.

—Acho que você tem razão...— Respondeu Luana tentando disfarçar as encaradas.

O sino tocou avisando que era hora do lanche, então todos levantaram e saíram desesperados parecendo um monte de compradores em dia de promoção. Menos João e Pedro. Eles continuaram sentados em suas carteiras, talvez esperando alguém tomar atitude para uma conversa. Pedro foi o primeiro a levantar e ir em direção ao melhor amigo.

—Eai mano, parece que estamos nós evitando desde cedo... É pelo que aconteceu ontem? Você está bravo comigo ou alguma merda assim?

—Não cara, tá t-tudo bem... Na verdade eu queria conversar com voc-cê sobre isso.— PORRA JOÃO PORQUE DIABOS VOCÊ ESTÁ GAGUEJANDO??? SE CONCENTRA CARALHO!!— É que.. quando nós caímos pela segunda vez, eu senti uma... u-uma c-coisa encostando em mim.

— Que coisa— PORRA, PORRA, PORRA, É ÓBVIO QUE EU SEI O QUE É.. PUTA QUE PARIU COMO EU VOU EXPLICAR ISSO???— Eu não estou entendendo onde você quer chegar.— Disse Pedro totalmente se graça.

—Bom... Sua coisa, melhor falando SUA PICA CARALHO, ELA TAVA DURA, PRONTO FALEI. — João gritou.

—AI. MEU. DEUS. DO. CÉU. — Nay adentrou a sala e flagrou os dois bem na hora, assustando ambos que saltaram de seus lugares com os olhos esbugalhados de puro flagra.

—Hmm né Pedro... Interessante essa informação.— Ela falou com os olhos cerrados em direção aos dois.

—CALA A BOCA NAIELI NINGUÉM TE CHAMOU AQUI!— Disse João tentando defender o amigo.

—Ops, desculpa senhor estressadinho, não queria ofender seu marido, já vou sair!— E virou-se antes de ouvir os gritos vindo dos dois sobre a afirmação que ela fez.

Eles se olharam corados com o ocorrido, sem saber como voltarem ao assunto de anteriormente.

—Então..— Pedro puxou o assunto novamente— é que, foi um acidente, não era para nada daquilo acontecer, meu corpo não respondeu por mim, ele anda meio estranho ultimamente. Vou aproveitar e procurar um médico, não acho que isso tenha sido normal entende?

—Entendi... De qualquer forma foi embaraçoso. —Respondeu João mais à vontade com a resposta do amigo.— falando nisso, QUE PICA EM, menino do céu, eu não imaginava que isso fosse humanamente possível!!

—DEIXA DE VIADAGEM JOÃO!!— falou indignado com a astúcia, e depois os dois caíram na gargalhada, com certo alívio que tudo tinha voltado a ser como antes.

Ou talvez não.

— LUANA E CLARA, VOCÊS NÃO VÃO ACREDITAR— disse Nay berrando ao meio dos corredores ofegante se aproximando de suas amigas.

—Eu disse que ela iria flagrar alguma coisa! Pode ir pagando minha coxinha eu ganhei a aposta.— Falou Luana.

—O que foi criatura? Conta logo se não eu vou desmaiar de curiosidade.—disse Clara ignorando o pedido de Luana completamente.

—Eu ouvi, eu OUVI há há há.— falou forçando uma risada vilanesca para dar um certo suspense na conversa.

—OUVIU O QUE??— Luana tentou forçar a amiga a desabafar logo dando uma sacudida em seu ombro enquanto Nay continuava com a risadinha de vilã até que engasgou com a própria saliva.

—Nay assim você mata uma fofoqueira.—Disse Clara.

—Okay okay, cheguem mais perto...— Nay chamou-as para um abraço triplo em formato de proteção para ninguém mais ouvir o que ela iria falar.— Eu ouvi o João falar que o Pedro havia ficado, excitado quando ambos caíram no chão...

— O QUÊ???????— Luana e Clara gritaram em unisom.

—FALEM BAIXO!!— Brigou com as duas, e todas caíram na gargalhada por muito tempo com um ar de satisfação, por saberem que estavam certas o tempo inteiro.

Quando o sino bateu avisando o retorno para as salas de aula, as três entraram sorridentes e olhando os dois, que aparentemente tinham superado o acontecido e estavam jogando Free Fire distraídos o suficiente para não perceberem os olhares sujestivos das amigas.

—TU ROUBOU MINHA KILL OTÁRIO. — berrou João.

—Desculpa aí cara, minha mão deslizou na tela.— Falou Pedro dando uma risadinha de sapeca.

—Filho da puta.— João olhou para ele e corou a perceber o quanto Pedro ficava adorável com aquele sorriso ladino, e aqueles olhos brilhantes de criança travessa. "Pera! O que eu tô pensando?"

E é óbvio que aquilo não passou despercebido das maiores fanfiqueiras da escola. E pode apostar, elas ainda iriam bolar algo para os dois deixarem de ser babacas e perceberem o que sentiam um pelo outro. A se vão.