Presos

1.7K 159 362
                                    


A última aula estava acabando, e todos já estavam começando a arrumar suas coisas para irem embora. João e Pedro foram ao banheiro minutos antes do sino soar. E acabou que ficaram preso lá por ironia do destino. Gritavam por ajuda porém todos já tinham ido embora pois se passou um tempo até descobrirem que estavam presos, tempo suficiente para que a escola estivesse fechada.

-Eu não tô acreditando nisso. Qual a probabilidade disso acontecer? Porra!- Disse João exausto depois que finalmente conseguiu abrir a porta emperrada do banheiro, e notou que estavam sozinhos na escola, que aparentemente estava trancada.

-O que iremos fazer? As janelas tem grades, e não tem nenhuma saída de emergência, infelizmente nossa escola é uma porcaria.-Falou Pedro se aconchegando numa escada pois também estava cansado de tanto berrar por ajuda.

-Não é óbvio? Já são sete da noite, o sino tocou as cinco e meia. É claro que se fosse para terem nos encontrado já teria acontecido. Além do mais, hoje não tem aula noturna aqui na escola. O único jeito vai ser passarmos a noite aqui, e esperar alguém abrir pela manhã.- João tentou analisar a situação.

-Que caralho, eu tô morrendo de fome, e não tem porra nenhuma para eu comer.-Pedro disse passando a mão na barriga que estava roncando alto.

-Bora na cantina, eu duvido que não tenha algo para comer.- João puxa o amigo pelo braço e o leva para sentar em uma mesinha que fica no corredor da cantina, para buscar algo para eles comerem.

-ACHEI!!!- Ele grita correndo em direção de Pedro com uma jarra de suco de maracujá e um pacote de bolacha de sal.
-Infelizmente nossa escola é pobre e só tem isso mano.

-Contanto que me alimente tô de boa.- Falou Pedro pegando o pacote de bolacha e o copo de suco.

Depois de horas e horas conversando sobre assuntos aleatórios e rindo horrores com a falta de sorte que tinham, o clima começou a digamos que... Esquentar. Era uma noite de verão, eles começaram a sentir uma certa sensação enquanto se olhavam. Parecia uma chama que não queria passar despercebida.  Eles não conseguiram desviar seus olhares sedentos um do outro, cujo íam de encontro com os lábios, e os olhos. Seus peitos começaram a subir e descer em uma respiração pesada, e as encaradas ficaram cada vez mais intensa.

Eles se aproximaram mais um pouco até seus rostos estarem a sentimentos de distância, caso um deles se movesse um pouco para frente, seus lábios iriam selar um no outro. E foi o que aconteceu.

João tentou, mas não conseguiu segurar a mistura de sensação que estavam borbulhando em seu estômago. Afinal de contas o que era aquilo?
Ele pegou Pedro pela cintura, e o puxou para mais próximo, mais próximo... Até que finalmente suas respirações quentes e desreguladas estavam esquentando o rosto de ambos. Não suportando mais tanta tensão eles começaram um beijo lento e calmo, apenas sentindo o macio e aveludado lábios um do outro. Pedro entrelaçou suas mãos em sua nuca e pediu permissão com a língua, e João o concede sem demora. Estranhamente suas línguas dançavam e se encaixavam com perfeição uma na outra, parecendo que foram feitas para essa função. João soltou um gemido entre os lábios fazendo Pedro se arrepiar por completo com a voz rouca e arrastada que ele produziu. Parecia que eles poderiam ficar horas alí, sem separar para respirar, tudo aquela mistura de sensações era a coisa mais maravilhosa reproduzida na vida de ambos.

-Is-so foi...- João tentou falar alguma coisa depois de se separarem para respirar, ainda ofegante e confuso com seus sentimentos em relação ao beijo. Ele queria negar, dizer que odiou aquilo, que não gostou do toque suave do outro, que detestou o sabor de seus lábios, de suas respirações quentes e do lábio macio que Pedro tinha. Mas seria mentir.- foi estranhamente... Bo-om.

-Vamos fazer isso, só essa noite, apenas essa noite. Eu e você, nós dois. Só por curiosidade, eu não consigo entender o que sinto. Isso é estranho, mas é excitante ao mesmo tempo. Seja meu João, só por essa noite.- Disse Pedro com um tom arrastado e quase manhoso.

-Sim. Eu sinto que não consigo me controlar mais.- Afirmou João.

Suas ereções já estavam visíveis nas calças, implorando para serem  libertadas e aliviadas urgentemente. Então começaram o beijo novamente, dessa vez mais feroz, desejo e luxúria. A mão de João deslizou sorrateiramente da cintura de Pedro e foi parar em cima de sua bunda avantajada. Não conseguindo se segurar apalpou-a com vontade, fazendo o mesmo soltar um gemido de aprovação para que ele continuasse com a ação.

Estavam tão rendidos aquele momento que sequer perceberam que já tinha amanhecido. E se assustaram quando ouviram o barulho do portão sendo aberto. Levantaram de cima da mesa correndo e tentaram arrumar suas fisionomias cansadas. Ao verem o porteiro entrar e se espantar com eles alí, aquela hora da manhã, e notando que tinha esquecido de verificar se tinha ainda alguém no banheiro masculino se desesperou.

-Vocês estão bem? Ficaram aqui a noite toda?-Ele falou.

-S-sim senhor.- Disse Pedro.

-Me perdoem mesmo meus jovens, eu acabei não percebendo que deixei vocês aqui. Por favor não contem para ninguém sobre isso, eu posso ser demitido.- O porteiro só faltou implorar em desespero.

-Está tudo bem senhor, nós estamos bem veja!-João apontou para os dois.- Só precisamos sair daqui agora antes que algum aluno apareça, e descansar hoje pela manhã para a aula da tarde.

Saíram da escola sem dar uma palavra, sem se olharem por pura vergonha, afinal de contas o que tinha acontecido nessa madrugada? Seria realmente só pela curiosidade todo aquele sentimento transmitido? Ambos estavam exaustos e resolveram ficar em silêncio sobre o assunto. Pelo menos por enquanto.

Brincando de Colorir 🏳️‍🌈Where stories live. Discover now