꒰ Origem do Tabuleiro Ouija ꒱

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Todos nós, alguma vez na vida, nos deparamos com esse tabuleiro repleto de letras e números que, aparentemente, não querem dizer nada — mas podem ter muito a nos contar. Para isso acontecer, basta que você se dedique e queira, de fato, se comunicar com o Outro Lado. É preciso coragem. Mas o tabuleiro Ouija não teve essa reputação assombrosa associada à possessões demoníacas, como foi amplamente explorado na indústria cinematográfica, desde sempre.

Essa espécie de jogo que olhamos um pouco desconfiados foi criado pelo espiritualismo, um movimento do século 19 conhecido pela visão otimista sobre o futuro e a vida após a morte. Quando o movimento perdeu força, o Ouija passou a ser encarado como um jogo demoníaco, mas era apenas uma tábua que espíritos usavam para se comunicar com entes queridos que os invocavam, de alguma maneira. Inúmeros filmes de terror incluíram o sinistro objeto no roteiro. Ouija: Origem do Mal (2016), de Mike Flanagan, aborda a ideia de comunicação com os mortos através do jogo. A trama se passa em 1967 e explora a história de uma viúva e suas filhas que ganham a vida enganando clientes que buscam contato com familiares que já morreram. O negócio desonesto da família parece que não trará grandes problemas até o momento em que a filha mais nova descobre um antigo tabuleiro Ouija e tenta se comunicar com o pai, mas acaba sendo possuída por espíritos malignos.

O moderno espiritualismo, como ficou conhecido este movimento religioso, surgiu nos Estados Unidos, em 1848. No Brasil, o espiritismo surgiu poucos anos depois, em 1857. As religiões têm em comum a crença em espíritos e na possibilidade de comunicação com eles. No final da Guerra Civil Americana, médiuns e sessões espíritas se popularizaram na sociedade, gerando muita procura entre pessoas que queriam se comunicar com os entes queridos mortos durante o período de conflito que o país atravessou.

A religião, no entanto, passou a ser perseguida, sendo vista apenas como um disfarce para feitiçaria. O tabuleiro Ouija surge no contexto da associação ao sombrio com a comunicação com os mortos, do espiritualismo. Percebendo o potencial da ideia, William Fuld começou a produzir, nos Estados Unidos, os chamados "talking boards" (tabuleiros de fala) e é creditado até os dias de hoje como "o pai do tabuleiro Ouija".

O livro Exorcismo, de Thomas B. Allen, publicado pela DarkSide Books, mudou a fama do jogo. O autor se inspirou no caso real de Robert Mannheim, um jovem norte-americano de 14 anos, que teria entrado em contato com um demônio por meio do jogo que havia sido presente de sua tia e, depois, teria sido possuído e torturado pela entidade. Com isso, a tábua para falar com os mortos se tornou um artefato de invocação do demônio e de espíritos malignos. A adaptação cinematográfica de 1973, O Exorcista, dirigido por William Friedkin, também contribuiu para essa fama.

Polêmicas e histórias sinistras associadas ao jogo não faltam, mas como é importante manter os olhos bem abertos para as mensagens vindas do Outro Lado, a Caveira vai ensinar como usar um tabuleiro Ouija de maneira segura:

Para que o jogo transcorra bem do começo ao fim e todos entendam a mensagem passada pelo espírito, é importante haver organização. Estabeleça funções e hierarquias. É preciso de um líder que irá tocar na tábua, controlar a conversa e ter permissão para fazer as perguntas para o Outro Lado. O ideal é que não passe de três pessoas para realizar a energização. Siga esse conselho, pois os espíritos costumam ser discretos — sem muita plateia. É importante que todos mantenham a mente calma e focada na compreensão da mensagem.

Para garantir que nada passe despercebido, deixe uma pessoa responsável pela "ata" dessa reunião — o documentador pode tomar nota de tudo o que foi perguntado e respondido, além de poder decifrar outras mensagens que possam ser ditas. Todos devem estar confortáveis e seguros, energias negativas e inseguranças podem confundir os espíritos. E, claro, faça perguntas diretas — e esteja pronto para as respostas.

† 𝐇𝐨𝐫𝐫𝐨𝐫 †Where stories live. Discover now