Herdeiros

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A grossa camada de neve nas ruas não seria um empecilho para toda a aldeia se reunir naquela manhã. Jimin levantou a contragosto, sabia que seu humor não condizia com aquele dia, devia estar entusiasmado com o retorno dos caçadores. Mas, estava amedrontado com a possibilidade de não encontrar quem tanto esperou.

O cheiro do alfa nos lençóis não era suficiente para diminuir o aperto em seu coração. Desde do desmaio, ainda sentia a ligação com Jungkook, mas isso não foi suficiente para deixá-lo menos preocupado.

A entrada da aldeia foi decorada com bandeiras colorindo os muros. Do lado de fora dos portões, muitas famílias faziam pequenas fogueiras para se aquecer esperando seus filhos, maridos e irmãos.

— Devíamos ter vindo mais tarde, os desgraçados passaram bem ali, vocês viram?

Seokjin ia de um lado ao outro, ansioso.

— Ainda é cedo, Jin — Taehyung disse, alimentando a fogueira com alguns galhos que pegou. — Não se preocupe, todos estão aqui agora, não vai acontecer nada.

Jimin ao contrário dos amigos continuava em silêncio, sem desviar os olhos do caminho entre as árvores por onde os caçadores chegariam. Não era a primeira vez que participavam de um festejo assim.

Era comum caçadores atrasarem, alguns voltavam dias depois do previsto. Esse ano não seria diferente, embora Jimin desejasse desesperadamente que seu alfa não fosse um dos atrasados.

Os olhares curiosos acompanharam o momento que o líder Jeon passou pelos portões, cercado de guardas com a esposa em seu encalço. O incêndio misterioso no armazém deu o que falar.

Membros do clã Kim distribuiram sopa e bebidas quentes ao povo. Chanwoo chegou pouco tempo depois trazendo cobertores para os ômegas se protegerem do frio.

O grupo de músicos tocava, ao som das flautas e tambores muitos ômegas se ergueram para dançar no meio da clareira.

No alto da entrada principal, o relógio antigo marcava dezesseis horas em ponto. Taehyung e os outros esperaram em silêncio, enquanto a cantoria se prolongava.

Somente às sete horas, os primeiros caçadores apareceram no horizonte. Os aldeões vibraram com gritos e aplausos ao recepcioná-los.

Os alfas se aconchegaram com seus parentes, alguns recebendo curativos nos pequenos machucados, muito cansados para reclamar.

Seokjin observou atento a cada um dos rostos que chegava, mas logo se frustrou ao não encontrar nenhum sinal do loiro.

— O guia não deveria ser o primeiro a chegar? — perguntou para quem quer que estivesse ao seu lado.

— Isso acontece em todos os anos, muitos alfas não esperam o amanhecer e saem da floresta à noite, por isso chegam mais cedo — Chanwoo tentou o tranquilizar. — Seu alfa deve estar chegando com o bando, o guia sempre espera um número maior de caçadores antes de voltar.

— Espero que tenha razão — respirou fundo.

Longos minutos se passaram, os ômegas continuavam aflitos. Seokjin sentia que alguma coisa não estava certa. Estava quase chorando quando uma gritaria chamou sua atenção.

Ele se antecipou na frente de todos, procurando por Namjoon. Não viu nenhum sinal do alfa. Ao contrário dele, Taehyung abriu um largo sorriso ao ver Hoseok na frente do bando. Mas, não tardou para sua alegria findar-se.

Os alfas usavam as jaquetas e camisetas amarradas em uma espécie de maca improvisada, carregando o corpo de Namjoon até os portões da aldeia.

— Não se preocupe — Hoseok sussurrou ao ser recepcionado pelos ômegas. — Ele vai ficar bem, o ferimento está quase todo cicatrizado, mas perdeu muito sangue.

A Marca de um AlfaWhere stories live. Discover now