O caçador

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As nuvens espessas que cobriam o céu escondiam a luz mais importante para os lobos, contudo mesmo não podendo ver seu brilho, todos podiam sentir sua presença influenciando os instintos.

A primeira lua cheia do inverno sempre atiçava a percepção de todos, afetando principalmente os alfas e os ciclos reprodutivos, no inverno a interferência da lua mexia com seus organismos.

As noites mais longas permitiam que a luz transbordasse intensamente por toda a aldeia, porém, depois de tantos acontecimentos recentes, muitos aldeões não estavam preocupados em olhar para o céu.

Jungkook, mesmo sentindo as pálpebras pesadas, continuava a fitar o ômega à sua frente. Buscando gravar cada detalhe do mais velho como se isso fosse a coisa mais importante para si, não conseguia parar de sorrir.

O vapor que a água recém aquecida formava não era um empecilho para Jeon ver as mais minuciosas gotinhas escorrendo pelo rosto do outro, se perdendo no vão entre seu pescoço e gola da camisa social branca, que o alfa reconhecia ser sua. Jimin não se importava por estar se molhando, mantinha-se concentrado em limpar cada pedacinho da pele descoberta, mesmo que o maior pudesse fazê-lo sozinho.

As orbes castanhas se encontravam por poucos segundos que pareciam infinitos na mente dos dois. Jungkook sentia seu coração martelando no peito, e o Park não estava diferente, embora quase não tenham trocado palavras no caminho até a cabana, reconheciam um sentimento de contentamento mútuo emanando por todo o lugar.

O mais novo estremeceu ao sentir a mão macia do ômega tocando diretamente na coxa, estava estranhamente sensível, contudo, somente pensava em como quebrar o silêncio entre eles, tentando chamar sua atenção, porém, este não parava de cuidar dos mínimos machucados em seu corpo.

— Tudo bem — sem perceber aquilo tinha soado como uma afirmação. — Está com raiva?

O Park mordeu o lábio inferior assentindo. Suas bochechas coraram enquanto afastava um pouco mais as pernas do moreno, limpando entre as coxas próximo a virilha. Não queria dar o braço a torcer, mesmo com Jungkook perto de si, não o perdoaria facilmente.

— Posso fazer isso sozinho se preferir — o ômega negou rapidamente.

Jungkook respirou fundo sem saber como continuar, mas a necessidade de ouvir a voz do ômega era cada vez maior, sabia que Jimin não estava tão chateado como queria parecer, pois, o menor não conseguia mentir para o seu alfa.

— Parece que não nos vemos há anos — a voz fraca o surpreendeu. — Foi a semana mais longa da minha vida.

— Me desculpa, Jimin — disse segurando o rosto do outro. — Foram os piores dias para mim também, não gosto de ficar sem você.

— Jungkook, você... — falou tímido —, acha mesmo que eu valho tudo aquilo?

O alfa franziu o cenho até entender sobre o que o ômega falava. Jimin dedilhou a cicatriz no ombro do outro, estava chateado, não podia negar que seu lobo se entristecia ao ver Jungkook machucado.

Contudo, imaginá-lo arriscando a própria vida para honrar o nome do seu ômega, era algo surreal, coisas que ômegas sonham na adolescência, mas durante toda a vida apenas veem em livros de romance.

Jeon não conseguiu reprimir um sorriso, Jimin era tão bobinho por duvidar de si. O alfa sabia que não teria escolhido pele melhor para presentear seu ômega tão inseguro.

O jeito emburrado e chatinho, escondiam toda a sensibilidade do baixinho, graças a ligação entre eles Jungkook sabia que Jimin continuava o mesmo lobinho doce de anos atrás por dentro.

A Marca de um AlfaWhere stories live. Discover now