A Marca de um Alfa

Preciso de você

As duras batidas na porta fizeram com que o lúpus esticasse seu pescoço para observar por cima do amontoado de papéis quem vinha adentrando seu escritório.

— Não esperava encontrá-lo aqui há essa hora.

O homem sorridente atravessou a sala com suas grossas botas e uma longa pele malhada cobrindo os ombros.

— Seu esforço é admirável — disse simpático. — Mas, lembre-se, um bom alfa não deve deixar seu ômega sozinho. Há que horas pretende ir para a sua cabana?

Hoseok bagunçou os cabelos sem graça. A vida de líder não era apenas nas ruas, existia sim muitas atividades a serem feitas ao ar livre, mas em suma a parte burocrática era necessária. Acordos de paz e registros das colheitas tinham que ser minuciosamente analisadas pelo chefe maior, ou seja, pelo Jung.

— Este será o último tratado que lerei hoje — levantou os papéis para que o mais velho os visse. — Sinto muito, estou cheio de trabalho.

— As coisas andam agitadas do lado de fora dos muros.

— Sim, é verdade — se lamentou. — Estamos enfrentando um momento difícil, aldeias vizinhas estão sendo atacadas por rebeldes, precisamos ficar em alerta.

— Entendo — o mais velho falou compreensivo. — Suas decisões vêm mantendo a paz por muitos anos, filho. Mas, não se cobre tanto, há coisas que não estão ao nosso alcance.

— Sei disso, pai. Não se preocupe.

— Ora, sempre me preocuparei com meus filhotes, não importa o que diga — o velho Jung Yunho se ergueu com um semblante severo. — Não me esconda os problemas, sou seu conselheiro, se algo estiver te afligindo não hesite em me contar.

— Houve vários pedidos, sugestões — explicou. — Algumas pessoas não confiáveis andam alimentando o desejo do povo para que reforcem os muros, reformem os portões, coisas que não me agradam.

— Diria que é uma proposta perigosa — comentou.

— Pois, realmente é um grande risco. Como líder, ainda não tenho uma resposta satisfatória. Mas, como pai, não quero que meus filhotes cresçam presos em uma jaula. Nunca fui fã de fronteiras, não será agora que construirei uma fortaleza.

— Tem razão em pensar assim, reforçar os muros pode ter consequências adversas, pode ser que nos proteja de um futuro ataque, ou, pode ser a maneira perfeita do inimigo prender a todos, bloquear nossas saídas e render nossos guardas.

Hoseok assentiu.

— Venho pensando sobre isso todo esse tempo, papai. O que tem me deixado um pouco mais aliviado é que temos a aliança do norte, mesmo que a paz entre as outras aldeias se quebre, podemos contar com o líder Yoo, ele não mediria esforços para ajudar a nossa aldeia.

— Creio que isso se deve graças à união daquele seu amigo, estou certo?

Hoseok abriu um largo sorriso.

Por mais imprevisível que fosse toda aquela história, o casamento do Min foi o principal responsável por um grande acordo entre as duas aldeias.

O alfa branquelo assumiu seu compromisso com o filho predileto do líder do norte, mas, o casal preferiu permanecer na região onde o clã Min sempre viveu.

— O líder Yoo sempre foi um bom homem — afirmou. — Mesmo que Yoongi quase tenha perdido a cabeça quando a família de Kihyun descobriu a gravidez, ainda assim, a residência deles aqui nos trouxe segurança.

— Que feliz coincidência — o mais velho afirmou. — O norte não ousaria nos trair com seu filho tão querido vivendo entre nós.

— Essa é a parte que me deixa tranquilo — admitiu.